De Francisco Manso
Com Carlos Paulo, Leonor Seixas, Pedro Cunha
A 22 de janeiro de 1961, Henrique Galvão e um pequeno grupo de homens portugueses e espanhóis opositores aos regimes fascistas que dominavam então os seus países levaram a cabo a mais simbólica manifestação política de oposição ao Governo de Salazar – A Operação Dulcineia.
O paquete de luxo Santa Maria, que transportava através do Atlântico passageiros das mais diversas nacionalidades e quadrantes políticos, foi tomado de assalto ao largo das Caraíbas em águas internacionais. Henrique Galvão e todos os homens do Diretório Revolucionário Ibérico de Libertação transformaram assim aquela pequena parcela de território português flutuante num baluarte de liberdade.
Mais do que de arte, e ela não está alheada de todo deste filme, é de recriar a História, o momento em que ainda não se sabia qual seria o desfecho que tudo teria, que se trata. Contudo não podemos deixar de salientar a magnífica interpretação de Carlos Paulo como Henrique Galvão e também a espontaneidade genuína de Leonor Seixas que confere à personagem que interpreta. O romance entre a jovem Ilda e Zé Ramos (Pedro Cunha) é a componente novelesca da obra, um ténue mais ainda assim também ele simbólico fio condutor daquele que foi um notável, tão notável que ainda hoje não conseguimos entender bem toda a sua dimensão, ato de coragem de um grupo de homens liderado por Henrique Galvão e apoiado por, então exilado no Brasil, Humberto Delgado. O filme fez-me pensar, como certamente fará a muitos dos espetadores perante o atual panorama político, se esta fibra de homens terá de todo desaparecido.