Realizado por João Canijo
Com Rita Blanco, Cleia Almeida, Rafael Morais
Obra de maturidade do realizador, Sangue do Meu Sangue tem deslumbrado um pouco por todo o mundo. De facto, ficamos rendidos a uma narrativa tão queirosiana como do século XXI, uma história deplorável de uma família do Bairro do Padre Cruz em Lisboa, condicionada pelas limitações deste verdadeiro gueto, e ainda assim absolutamente verosímil.
Márcia (Rita Blanco), uma cozinheira de um snack bar, vive com a filha (Cleia Almeida) e o filho Joca (Rafel Morais) na mesma casa que a irmã Ivete (Anabela Moreira). Uma semana chega para esta família ser confrontada com tudo o que de mau a vida pode trazer. Apreciei sinceramente a autenticidade das figuras criadas, a escolha feliz do guarda-roupa, os fabulosos e tão convincentes diálogos construídos pelo realizador com os atores, para não falar já do ótimo argumento. Acresce ainda a ousada realização com planos paralelos e sempre um emaranhado de conversas sobrepostas em que o espetador tem sistematicamente de fazer opções como se estivesse ele próprio nos exíguos e completamente desprovidos de privacidade espaços íntimos deste bairro.
Márcia (Rita Blanco), uma cozinheira de um snack bar, vive com a filha (Cleia Almeida) e o filho Joca (Rafel Morais) na mesma casa que a irmã Ivete (Anabela Moreira). Uma semana chega para esta família ser confrontada com tudo o que de mau a vida pode trazer. Apreciei sinceramente a autenticidade das figuras criadas, a escolha feliz do guarda-roupa, os fabulosos e tão convincentes diálogos construídos pelo realizador com os atores, para não falar já do ótimo argumento. Acresce ainda a ousada realização com planos paralelos e sempre um emaranhado de conversas sobrepostas em que o espetador tem sistematicamente de fazer opções como se estivesse ele próprio nos exíguos e completamente desprovidos de privacidade espaços íntimos deste bairro.
As figuras são tão reais que nos chocam por parecer que as conhecemos do nosso dia a dia. Uma mãe de filhos de vários pais que tenta a todo o custo unir a família por um amor incondicional, a filha que busca dignidade onde menos a pode encontrar, a irmã que perdeu a viagem do tempo, o filho delinquente, são todas elas personagens que tentam não se afogar num mundo que só as faz ter sentido dentro do espaço do bairro e aí o certo e o errado têm sentidos diferentes porque o amor próprio pode custar a própria dignidade. Desempenhos fortes de Rita Blanco, Cleia Almeida, Rafael Morais e, muito a meu gosto, de Anabela Moreira tocam-nos vivamente. Mas a maior salva de palmas tem de ir com certeza para João Canijo que há muitos anos vem dando provas de uma forte personalidade como realizador português, quer na ficção quer no documentário, não descurando, apesar da sua originalidade, a tradição cinematográfica nacional.
Classificação - 5 Estrelas Em 5
0 comentários :
Postar um comentário