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terça-feira, 12 de junho de 2012

Espaço Portugal - A Esperança Está Onde Menos se Espera (2009)

Realizado por João Botelho
Com Ana Padrão, Virgílio Castelo, Carlos Nunes

O pouco provável argumento de Manuel Arouca foi o pretexto para uma incursão na vida do bairro degradado do Alto da Cova da Moura. Lourenço Figueiredo (Carlos Nunes) vê-se aos quinze anos numa posição extraordinariamente difícil. Habituado a uma vida de luxo que o facto de o pai (Virgílio Castelo)  ser treinador de futebol de alta competição lhe proporcionava, de repente perde tudo. A recusa do pai em aceitar pacificamente os esquemas de corruptos dos seus superiores para garantirem vitórias e consequentemente o seu futuro profissional, leva-o a um humilhante desemprego e à perda gradual de todos os seus bens. A mãe, Helena (Ana Padrão),  abandona-os, indo para Angola onde espera conseguir dinheiro suficiente para garantir o futuro do seu filho. Lourenço por seu turno vê, impotente, este desabar da sua família e sofre diretamente as consequências ao ser obrigado a mudar de escola mergulhando numa realidade bem diferente da sua. De um dos mais conceituados colégios passa para a escola da Cova da Moura onde tem de se integrar, descobrindo nesse processo uma forma de vida muito mais dura mas também muito mais humana.


O desejo de denunciar a corrupção institucionalizada no meio futebolístico nacional, ou ainda o de demonstrar a vivência dentro de um bairro como o da Cova da Moura, não são suficientes para fazer o espetador esquecer os muito débeis diálogos e a ingenuidade da presunção de que o Bem se encontra do lado das classes mais desfavorecidas e o Mal do lado dos poderosos. As interpretações de Virgilio Castelo, Ana Padrão e Carlos Nunes são irrepreensíveis mas destoam da falta de capacidade de nos convencer de grande parte do restante  elenco. "A Esperança Está Onde Menos se Espera" peca por ser um filme tão ingénuo como o próprio título e ainda que coerente com as preocupações sociais do realizador fica muito aquém do trabalho a que nos tem habituado.

sábado, 19 de setembro de 2009

Crítica - A Esperança Está Onde Menos Se Espera (2009)

Realizado por Joaquim Leitão
Com Virgílio Castelo, Carlos Nunes, José Carlos Cardoso, Alcídia Vaz, Ana Padrão

O mais recente filme de Joaquim Leitão é seguramente uma das obras portuguesas mais ambiciosas dos últimos anos. Depois das desastrosas produções nacionais que têm estreado nos últimos tempos, “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” afirma-se como um filme de patamar superior e que, apesar de estar longe de ser brilhante, consegue estar acima da média e agradar ao espectador. O filme conta-nos a história de uma família privilegiada que, de um dia para o outro, se vê confrontada a problemática do desemprego e consequente baixa no estilo de vida a que estavam habituados. Francisco Figueiredo (Castelo) é um promissor treinador de futebol que consegue levar uma modesta equipa dos distritais à final da Taça de Portugal e tem o mundo a seus pés. Contudo, tudo muda quando uma grande penalidade polémica aviva a consciência e integridade de Francisco, levando-o a tomar uma decisão que faz com que perca o jogo. Após o incidente, Francisco é despedido e vê a sua carreira promissora ameaçada para sempre. Incapaz de arranjar um emprego, Francisco vê-se forçado a “cortar” nalguns luxos da família, transferindo o filho Lourenço (Nunes) para uma escola pública problemática da Amadora e tomando decisões drásticas que acabam por afastar a esposa Helena (Padrão) do seio familiar. Aqui começa uma dura luta pela sobrevivência, à medida que Francisco tenta desesperadamente arranjar um emprego que pague as contas e Lourenço se esforça por adaptar a uma nova realidade na escola. Pai e filho vêem-se confrontados com a dura realidade de uma vida sem luxos, ao mesmo tempo que lutam para dar um novo rumo à sua relação deteriorada.
Joaquim Leitão e o duo de argumentistas lançam várias achas para uma fogueira que pretende fazer o espectador reflectir sobre várias realidades da vida actual na sociedade portuguesa: a difícil adaptação de um adolescente a uma escola problemática onde a rebeldia e o crime parecem prevalecer; o difícil relacionamento entre as várias classes sociais; a dificuldade de viver sob a alçada do desemprego e da crise que parece nunca mais acabar; as dificuldades de relacionamento entre pai e filho na sociedade dos dias de hoje, uma sociedade cada vez mais distante e obcecada pela carreira profissional. Todos estes temas são abordados de uma forma competente, mas por vezes algo forçada. Percebe-se a mensagem de esperança e paz que o filme pretende transmitir. Porém, por vezes (devido a algumas falhas do argumento), essa mensagem é passada de forma demasiado forçada e mesmo irrealista.


O trabalho de realização de Leitão é sóbrio e competente, deixando o espectador compreender que o principal propósito desta história é analisar a relação de Francisco com Lourenço; uma relação que precisa de passar pelo pior, para conseguir melhorar e tornar-se verdadeiramente forte. Os actores têm performances razoáveis, com principal destaque para os jovens Carlos Nunes e José Carlos Cardoso (indícios de uma nova geração que venha salvar a representação portuguesa, qual D. Sebastião?), que complementam a interpretação segura do veterano Virgílio Castelo de forma eficaz e convincente.
Ainda assim, tenho que dizer que o filme sofre dos síndromas habituais que tanto contribuem para a má imagem dos filmes portugueses. Quando uma personagem está chateada, não tem necessariamente de dizer asneiras em todas as frases que diz, pois se nota claramente que é forçado e/ou exagerado. Para além disso, é preciso ter mais cuidado com o som do filme. Isto porque nas cenas em que aparecem multidões a falar (como por exemplo nos intervalos da escola), o ambiente é muito silencioso apesar de vermos dezenas de alunos e professores a abrir e fechar a boca… Isto corrige-se com mais trabalho e meios empregues na pós-produção. Este tipo de pormenores podem parecer mesquinhos, mas fazem toda a diferença no ritmo da película e no realismo da cena que o espectador está a ver. O que beneficia de forma indelével a qualidade da película.
Mas enfim, apesar de conter alguns erros habitualmente presentes na cinematografia portuguesa, devo dizer que “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” é um filme bastante agradável e competente. O cinema português precisa de mais filmes assim. Filmes com ambição, filmes que pretendam contar histórias cativantes, realistas e que nos façam reflectir. Assim sendo, esta obra merece algum destaque, pois apesar de não ser brilhante, é sem dúvida alguma melhor do que muitos dos filmes que têm esgotado as salas de cinema portuguesas nos últimos tempos.

Classificação - 3,5 Estrelas Em 5

Crítica - A Esperança Está Onde Menos Se Espera (2009)

Realizado por Joaquim Leitão
Com Virgílio Castelo, Carlos Nunes, José Carlos Cardoso, Alcídia Vaz, Ana Padrão

O mais recente filme de Joaquim Leitão é seguramente uma das obras portuguesas mais ambiciosas dos últimos anos. Depois das desastrosas produções nacionais que têm estreado nos últimos tempos, “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” afirma-se como um filme de patamar superior e que, apesar de estar longe de ser brilhante, consegue estar acima da média e agradar ao espectador. O filme conta-nos a história de uma família privilegiada que, de um dia para o outro, se vê confrontada a problemática do desemprego e consequente baixa no estilo de vida a que estavam habituados. Francisco Figueiredo (Castelo) é um promissor treinador de futebol que consegue levar uma modesta equipa dos distritais à final da Taça de Portugal e tem o mundo a seus pés. Contudo, tudo muda quando uma grande penalidade polémica aviva a consciência e integridade de Francisco, levando-o a tomar uma decisão que faz com que perca o jogo. Após o incidente, Francisco é despedido e vê a sua carreira promissora ameaçada para sempre. Incapaz de arranjar um emprego, Francisco vê-se forçado a “cortar” nalguns luxos da família, transferindo o filho Lourenço (Nunes) para uma escola pública problemática da Amadora e tomando decisões drásticas que acabam por afastar a esposa Helena (Padrão) do seio familiar. Aqui começa uma dura luta pela sobrevivência, à medida que Francisco tenta desesperadamente arranjar um emprego que pague as contas e Lourenço se esforça por adaptar a uma nova realidade na escola. Pai e filho vêem-se confrontados com a dura realidade de uma vida sem luxos, ao mesmo tempo que lutam para dar um novo rumo à sua relação deteriorada.
Joaquim Leitão e o duo de argumentistas lançam várias achas para uma fogueira que pretende fazer o espectador reflectir sobre várias realidades da vida actual na sociedade portuguesa: a difícil adaptação de um adolescente a uma escola problemática onde a rebeldia e o crime parecem prevalecer; o difícil relacionamento entre as várias classes sociais; a dificuldade de viver sob a alçada do desemprego e da crise que parece nunca mais acabar; as dificuldades de relacionamento entre pai e filho na sociedade dos dias de hoje, uma sociedade cada vez mais distante e obcecada pela carreira profissional. Todos estes temas são abordados de uma forma competente, mas por vezes algo forçada. Percebe-se a mensagem de esperança e paz que o filme pretende transmitir. Porém, por vezes (devido a algumas falhas do argumento), essa mensagem é passada de forma demasiado forçada e mesmo irrealista.


O trabalho de realização de Leitão é sóbrio e competente, deixando o espectador compreender que o principal propósito desta história é analisar a relação de Francisco com Lourenço; uma relação que precisa de passar pelo pior, para conseguir melhorar e tornar-se verdadeiramente forte. Os actores têm performances razoáveis, com principal destaque para os jovens Carlos Nunes e José Carlos Cardoso (indícios de uma nova geração que venha salvar a representação portuguesa, qual D. Sebastião?), que complementam a interpretação segura do veterano Virgílio Castelo de forma eficaz e convincente.
Ainda assim, tenho que dizer que o filme sofre dos síndromas habituais que tanto contribuem para a má imagem dos filmes portugueses. Quando uma personagem está chateada, não tem necessariamente de dizer asneiras em todas as frases que diz, pois se nota claramente que é forçado e/ou exagerado. Para além disso, é preciso ter mais cuidado com o som do filme. Isto porque nas cenas em que aparecem multidões a falar (como por exemplo nos intervalos da escola), o ambiente é muito silencioso apesar de vermos dezenas de alunos e professores a abrir e fechar a boca… Isto corrige-se com mais trabalho e meios empregues na pós-produção. Este tipo de pormenores podem parecer mesquinhos, mas fazem toda a diferença no ritmo da película e no realismo da cena que o espectador está a ver. O que beneficia de forma indelével a qualidade da película.
Mas enfim, apesar de conter alguns erros habitualmente presentes na cinematografia portuguesa, devo dizer que “A Esperança Está Onde Menos Se Espera” é um filme bastante agradável e competente. O cinema português precisa de mais filmes assim. Filmes com ambição, filmes que pretendam contar histórias cativantes, realistas e que nos façam reflectir. Assim sendo, esta obra merece algum destaque, pois apesar de não ser brilhante, é sem dúvida alguma melhor do que muitos dos filmes que têm esgotado as salas de cinema portuguesas nos últimos tempos.

Classificação - 3,5 Estrelas Em 5