Com Ana Padrão, Virgílio Castelo, Carlos Nunes
O pouco provável argumento de Manuel Arouca foi o pretexto para uma incursão na vida do bairro degradado do Alto da Cova da Moura. Lourenço Figueiredo (Carlos Nunes) vê-se aos quinze anos numa posição extraordinariamente difícil. Habituado a uma vida de luxo que o facto de o pai (Virgílio Castelo) ser treinador de futebol de alta competição lhe proporcionava, de repente perde tudo. A recusa do pai em aceitar pacificamente os esquemas de corruptos dos seus superiores para garantirem vitórias e consequentemente o seu futuro profissional, leva-o a um humilhante desemprego e à perda gradual de todos os seus bens. A mãe, Helena (Ana Padrão), abandona-os, indo para Angola onde espera conseguir dinheiro suficiente para garantir o futuro do seu filho. Lourenço por seu turno vê, impotente, este desabar da sua família e sofre diretamente as consequências ao ser obrigado a mudar de escola mergulhando numa realidade bem diferente da sua. De um dos mais conceituados colégios passa para a escola da Cova da Moura onde tem de se integrar, descobrindo nesse processo uma forma de vida muito mais dura mas também muito mais humana.
O desejo de denunciar a corrupção institucionalizada no meio futebolístico nacional, ou ainda o de demonstrar a vivência dentro de um bairro como o da Cova da Moura, não são suficientes para fazer o espetador esquecer os muito débeis diálogos e a ingenuidade da presunção de que o Bem se encontra do lado das classes mais desfavorecidas e o Mal do lado dos poderosos. As interpretações de Virgilio Castelo, Ana Padrão e Carlos Nunes são irrepreensíveis mas destoam da falta de capacidade de nos convencer de grande parte do restante elenco. "A Esperança Está Onde Menos se Espera" peca por ser um filme tão ingénuo como o próprio título e ainda que coerente com as preocupações sociais do realizador fica muito aquém do trabalho a que nos tem habituado.
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