Realizado por Gilles Lellouche, Eric Lartigau, Michel Hazanavicius, Jean Dujardin, Alexandre Courtès, Fred Cavayé, Emmanuelle Bercot
Com Alexandra Lamy, Gilles Lellouche, Guillaume Canet, Jean Dujardin
Género – Comédia/ Drama
Sinopse – Uma série de pequenos segmentos sobre a infidelidade masculina, onde Jean Dujardin e Gilles Lellouche dão vida a vários homens que acreditam que a fidelidade é uma coisa exclusiva do sexo feminino, porque o homem é um ser extremamente sexual que tem que ter o máximo de encontros sexuais possíveis para reforçar a sua masculinidade.
Crítica – O enredo de “Les Infidèles” é formado por nove pequenas curtas que analisam, com muito humor e um bocado de drama à mistura, as diversas variantes da infidelidade e o incontrolável poder do libido masculino, no entanto, nenhuma delas entra por um caminho muito intelectual ou moral, assim sendo, não espere encontrar uma análise filosófica aos motivos que levam os homens a trair as suas namoradas/ mulheres ou as causas cientificas e mentais que estão na base da infidelidades crónica, espere sim encontrar várias histórias fictícias de homens que, por um vasto elenco de razões, decidem ser infiéis e envolvem-se por isso em divertidas situações com um elevado grau de constrangimento que posteriormente causam-lhes, em certos casos, um grande sentimento de vergonha e arrependimento. É claro que no meio de tanta lascividade humorística, todas as curtas de “Les Infidèles” abordam, de uma forma ou de outra, o lado mais humano e dramático do adultério, mas fazem-no de uma forma muito tímida, exceção feita é claro ao segmento “La Question”, de Emmanuelle Bercot, que é o único que trata com seriedade e um certo melodramatismo, o difícil e controverso tema central do filme através de um forte diálogo entre um casal que tenta ultrapassar a traição do elemento do sexo masculino. É verdade que “La Question” tem um certo valor emocional, mas é o segmento mais aborrecido dos nove e aquele que mais salta à vista pelas piores razões. Ao contrário da contribuição de Bercot, as curtas “Simon”, ”Thibault”, “Bernard” e “Les Infidèles Anonymes” são férteis em humor sexual e em situações verdadeiramente embaraçosas que envolvem algumas cenas explícitas que, sem serem chocantes ou indecentes, exteriorizam na perfeição a essência libertina e exagerada desta comédia. As restantes mini-histórias - “Prólogo”, “Las Vegas”, “Lolita” e “Le Séminaire” – são todas bastante razoáveis e muito mais sólidas que as mencionadas anteriormente. A curta de Michel Hazanavicius - “Le Séminaire” – não é a melhor do filme, mas é a única que não envolve ou deixa subentendida uma traição física, terminando por isso com um relativo final feliz para o matrimónio da personagem central, no entanto, o breve desenvolvimento desta mini-história é um bocado leviano, muito embora tenha duas ou três cenas engraçadas. O início e o final de “Les Infidèles” são apadrinhados, respetivamente, por “Prólogo” e “Las Vegas”, duas curtas que são protagonizadas pelos mesmos intervenientes – Fred (Jean Dujardin) e Greg (Gilles Lellouche) – e que, em conjunto, são, sem dúvida alguma, o melhor segmento desta obra. Os dois têm uma narrativa bastante interessante que mescla drama e humor de uma forma muito astuta, dando assim origem a uma fantástica alternância entre cenas cómicas e momentos emotivos, onde os dois intervenientes masculinos são alvo de crises de consciência. Em “Las Vegas” essa interessante mistura culmina numa conclusiva e deliciosa dose de ironia que termina o filme com chave de ouro. As mulheres podem à primeira vista pensar que “Les Infidèles” é um filme sexista e anti-feminino, mas a verdade é que nenhum dos seus segmentos encoraja ou elogia a infidelidades, muito pelo contrário, goza com os homens que a praticam e, em certas ocasiões, até humilha o sexo masculino. Esta comédia deve ser vista com uma mente aberta e no âmbito de um serão de entretenimento, porque foi feita para divertir os espectadores de ambos os sexos e não para tecer grandes conclusões psicológicas sobre o adultério e suas consequências.
Classificação – 3,5 Estrelas em 5