Realizado por Alice Rohrwacher
Com Salvatore Cantalupo, Yle Vianello, Anita Caprioli
Género – Drama
Sinopse – Marta (Yle Vianello) tem treze anos e, após dez anos passados com a família no estrangeiro, regressa ao sul profundo italiano, a Reggio Calabria, a cidade onde nasceu. Com ela estão a mãe e a irmã mais velha, que mal a suporta. Marta começa imediatamente a frequentar o curso de preparação para o crisma: está na idade certa e é também, repetem-no todos, um belo modo de fazer novos amigos. Sem o crisma nem sequer se pode casar! É assim que encontra Don Mario, um padre azafamado e distante que administra a igreja como uma pequena empresa, e a catequista Santa, uma senhora bastante divertida que conduzirá as crianças à confirmação.
Crítica – A 8 ½ Festa do Cinema Italiano 2012 apadrinhou a estreia nacional desta realista e interessante obra italiana que tenta expor subtilmente os maiores problemas e fragilidades atuais da igreja católica. A trama escrita por Alice Rohrwacher nunca entra por fortes enigmas filosóficos ou polémicas teológicas mas consegue, mesmo assim, fazer uma breve e elucidativa análise do estado atual do catolicismo ao utilizar os vários problemas da envelhecida e isolada Paróquia de Reggio Calabria para expor algumas das maiores fraquezas desta religião, assim sendo, encontramos ao longo do filme várias alusões à cada vez mais fraca adesão dos mais novos aos valores e ao estilo de vida cristão, à crescente comercialização do cristianismo, às fracas assistências que se começam a verificar nas missas e nas festas católicas, à lenta modernização das envelhecidas políticas cristãs, à degradação dos templos de oração e, claro está, à forma antiquada e repressiva como a igreja ainda trata as mulheres, as relações sexuais e tudo aquilo que vai contra a sua ideia de normalidade. Rohrwacher aproveita os evidentes contrastes entre as personalidades das várias personagens principais para enfatizar estes problemas, nomeadamente o clássico contraste entre a inocência de uma criança (Marta) e a vasta experiência corrosiva de um homem maduro (Don Mario). Ao focar grande parte da sua atenção nos problemas da igreja, “Corpo Celeste” acaba por não abordar com o devido pormenor a história individual de Marta, uma pré-adolescente que durante o filme passa por várias mudanças sociais, culturais e naturais que nunca são exploradas com o máximo detalhe possível e que acabam por não ter o impacto dramático que mereciam. É claro que esta pequena falha retira um pouco de valor a esta obra que, ainda assim, deve ser encarada como um inteligente e agradável filme independente que tem um bom argumento, uma talentosa realização da promissora Alice Rohrwacher e um elenco bastante razoável, onde se destaca a curiosa e credível Yle Vianello.
Classificação 3,5 Estrelas em 5
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