Realizado por David Fincher
Com Brad Pitt, Cate Blanchett, Julia Ormond, Faune A. Chambers
Ora bem…este filme desiludiu-me vindo de um senhor como David Fincher. Mas conseguiu ainda assim superiorizar-se ao “Slumdog Millionaire”. Embora seja um filme claramente mainstream, baseado numa obra do mais conceituado e popular dramaturgo norte-americano, Fincher consegue, ou melhor, faz um filme que segue o seu estilo. Longe de outros tempos, quando este senhor fazia filmes como “Fight Club” e “Se7en”, este “Benjamin Button” é sobretudo um filme direccionado para os Óscares, para o gosto da Academia de Hollywood. Já ouvi muito boa gente a referi-lo como um clássico. E sim, de certa maneira podemos considerar um filme classicista, embora só o tempo o confirmará. Mas é aí que este filme ganha pontos relativamente ao de Boyle. É ser um produto que se afirma claramente mainstream mas ao mesmo tempo um típico clássico de Hollywood. Ou seja, uma adaptação de um sucesso literário de um dos nomes mais sonantes da literatura americana como F. Scott Fitzgerald é sempre um projecto que agrada ao público, às distribuidoras e à academia de Hollywood.
É claro que um filme com aspirações aos Óscares não pode falhar no campo técnico, o mesmo se passa no caso de “Slumdog Millionaire”, embora este seja também aí superior. Mas o que pretendo dizer é que hoje em dia são poucos os filmes que não se podem comparar a um mainstream ou a um blockbuster relativamente aos aspectos técnicos (excepção feita aos efeitos especiais e de caracterização). Portanto, o valor de um filme reside na arte, na arte de contar uma história. E essa arte define-se pela câmara, pela sua mise-en-scène, pela narrativa, pela interpretação. Prefiro um filme cru a uma artificialidade como estas duas obras de que falo. Porque é sobretudo aí que qualquer filme mainstream falha, porque tem de falhar, na artificialidade, na maquilhagem, no “hollywoodismo”, e com isto não estou a dizer que todo o mainstream é mau, digo apenas que se trata de uma forma de fazer cinema mais artificial, mais comercial e preocupada em vender ao invés de se preocupar em fazer cinema. Mas relativamente a Fincher, disse no início do texto que me tinha desiludido com este “Benjamin Button”, mas não é completamente verdade. A partir de “Panic Room”, já o cineasta mostrava indícios de se render ao mainstream, de fazer filmes “mais fáceis”, de agradar a um público em geral. “Zodiac” e este são claramente as confirmações dessa teoria.
“The Curious Case of Benjamin Button” é indubitavelmente um filme superior ao seu “carrasco” da noite da cerimónia dos Óscares. Mas a sua superioridade é escassa e reside essencialmente na questão do classicismo. É óbvio que os aspectos técnicos como caracterização (os quais já foram milhares de vezes enaltecidos), fotografia, som, etc, são sempre excelentes num filme destes. E até aqui este se superioriza ao filme de Boyle. Mas é sobretudo a mão de Fincher na narrativa do filme, na condução da câmara e da linearidade narrativa que dão grande valor a “Benjamin Button”. É a continuidade no seu estilo e no ambiente negro e sombrio a que Fincher está habituado que valorizam o filme dentro do possível. E é sobretudo a afirmação de filme baseado numa obra literária que o valoriza. Porque a moralidade que existe, os valores que possa eventualmente transmitir advêm da obra literária. Ou seja, afirma-se simplesmente como uma adaptação literária, mas fica-se por aí, não pretende mais nada, ao contrário de “Slumdog Millionaire”, “Milk” e muitos outros. “The Curious Case of Benjamin Button” é um filme mediano que nada acrescenta ao cinema e espero bem que Fincher mude de postura cinematográfica, caso contrário arrisca-se a ser mais um realizadorzeco que em tempos fez dois grandes filmes.
Com Brad Pitt, Cate Blanchett, Julia Ormond, Faune A. Chambers
Ora bem…este filme desiludiu-me vindo de um senhor como David Fincher. Mas conseguiu ainda assim superiorizar-se ao “Slumdog Millionaire”. Embora seja um filme claramente mainstream, baseado numa obra do mais conceituado e popular dramaturgo norte-americano, Fincher consegue, ou melhor, faz um filme que segue o seu estilo. Longe de outros tempos, quando este senhor fazia filmes como “Fight Club” e “Se7en”, este “Benjamin Button” é sobretudo um filme direccionado para os Óscares, para o gosto da Academia de Hollywood. Já ouvi muito boa gente a referi-lo como um clássico. E sim, de certa maneira podemos considerar um filme classicista, embora só o tempo o confirmará. Mas é aí que este filme ganha pontos relativamente ao de Boyle. É ser um produto que se afirma claramente mainstream mas ao mesmo tempo um típico clássico de Hollywood. Ou seja, uma adaptação de um sucesso literário de um dos nomes mais sonantes da literatura americana como F. Scott Fitzgerald é sempre um projecto que agrada ao público, às distribuidoras e à academia de Hollywood.
É claro que um filme com aspirações aos Óscares não pode falhar no campo técnico, o mesmo se passa no caso de “Slumdog Millionaire”, embora este seja também aí superior. Mas o que pretendo dizer é que hoje em dia são poucos os filmes que não se podem comparar a um mainstream ou a um blockbuster relativamente aos aspectos técnicos (excepção feita aos efeitos especiais e de caracterização). Portanto, o valor de um filme reside na arte, na arte de contar uma história. E essa arte define-se pela câmara, pela sua mise-en-scène, pela narrativa, pela interpretação. Prefiro um filme cru a uma artificialidade como estas duas obras de que falo. Porque é sobretudo aí que qualquer filme mainstream falha, porque tem de falhar, na artificialidade, na maquilhagem, no “hollywoodismo”, e com isto não estou a dizer que todo o mainstream é mau, digo apenas que se trata de uma forma de fazer cinema mais artificial, mais comercial e preocupada em vender ao invés de se preocupar em fazer cinema. Mas relativamente a Fincher, disse no início do texto que me tinha desiludido com este “Benjamin Button”, mas não é completamente verdade. A partir de “Panic Room”, já o cineasta mostrava indícios de se render ao mainstream, de fazer filmes “mais fáceis”, de agradar a um público em geral. “Zodiac” e este são claramente as confirmações dessa teoria.
“The Curious Case of Benjamin Button” é indubitavelmente um filme superior ao seu “carrasco” da noite da cerimónia dos Óscares. Mas a sua superioridade é escassa e reside essencialmente na questão do classicismo. É óbvio que os aspectos técnicos como caracterização (os quais já foram milhares de vezes enaltecidos), fotografia, som, etc, são sempre excelentes num filme destes. E até aqui este se superioriza ao filme de Boyle. Mas é sobretudo a mão de Fincher na narrativa do filme, na condução da câmara e da linearidade narrativa que dão grande valor a “Benjamin Button”. É a continuidade no seu estilo e no ambiente negro e sombrio a que Fincher está habituado que valorizam o filme dentro do possível. E é sobretudo a afirmação de filme baseado numa obra literária que o valoriza. Porque a moralidade que existe, os valores que possa eventualmente transmitir advêm da obra literária. Ou seja, afirma-se simplesmente como uma adaptação literária, mas fica-se por aí, não pretende mais nada, ao contrário de “Slumdog Millionaire”, “Milk” e muitos outros. “The Curious Case of Benjamin Button” é um filme mediano que nada acrescenta ao cinema e espero bem que Fincher mude de postura cinematográfica, caso contrário arrisca-se a ser mais um realizadorzeco que em tempos fez dois grandes filmes.
Classificação - 3 Estrelas Em 5