terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Crítica - Cube (1997)

Realizado por Vincenzo Natali
Com Maurice Dean Wint, David Hewlett, Nicole de Boer

"Cube" é um filme independente de 1997 e é, sem duvida alguma, um dos melhores filmes que já vi, uma obra prima do cinema independente mas que infelizmente passou despercebido ao nosso país, simplesmente porque não tinha os atractivos comerciais necessários para prender a maioria do público português, portanto apenas alguns (sortudos) o contemplaram. O filme é realizado pelo genial Vincenzo Natali que para além de "Cube" realizou outras duas grandes obras independentes, "Nothing" e "Cypher". Utilizando um conceito simples e poucos meios de produção, Natali criou uma obra cinematográfica interessante e intelectualmente desafiante que viría a servir de inspiração para vários êxitos cinematográficos. Seis pessoas, sem qualquer ligação pessoal entre si e de diferentes escalões sociais, acordam presas dentro de um complexo labirinto em forma de cubo que é composto por inúmeros compartimentos, cada um contendo uma armadilha mortal. Os prisioneiros começam uma desesperada luta contra a morte, tentando fugir do labirinto o mais rapidamente possível e pelo meio a paranóia e a desconfiança vão tomando conta dos seus cérebros, criando divisões e auto-destruições no seio do grupo. O poster do filme diz tudo - Medo/Paranóia/Desespero/Desconfiança, quatro sentimentos sempre presentes ao longo do filme. À primeira vista, o filme pode parecer um pouco esquemático, minimalista e esteticamente pouco atractivo mas é preciso dar uma hipótese ao filme e vê-lo do principio ao fim. Natali, com poucos meios disponíveis, cria uma atmosfera inquietante carregada de tensão e suspense. Graças a um excelente trabalho de câmara e a um óptimo argumento, o filme consegue transmitir ao espectador uma ideia de claustrofobia, pânico e inquietação como se este estivesse no cubo juntamente com os outros prisioneiros. O mais interessante do filme é que este rompe com todos os convencionalismos do cinema comercial porque em "Cube" não é relevante o como e o porque de aquelas pessoas estarem ali mas sim saber o que lhes irá acontecer, o que lhes vai na mente e claro, como é que vão morrer.
"Cube" tem um argumento mentalmente complexo mas exacto e uniforme, não vemos grandes desvios de coerência nem grandes falhas narrativas. Todos os diálogos são importantes para o espectador perceber de forma autêntica e realista sensações como a angustia ou a loucura, tudo em "Cube" está relacionado e todos os minutos da produção são importantes para se apreciar e entender em pleno o filme. Natali utiliza o filme para fazer a sua crítica pessoal à nossa sociedade actual, cabe ao espectador interpretar a crítica da melhor forma que entender e acreditem quando vos digo que há várias interpretações a retirar. As últimas cenas do filme são as mais propicias a ilações, são também as mais dramáticas e emocionais do filme, não se pode dizer que o final seja tão grandioso como o resto do filme mas é bastante interessante. Os actores são ilustres desconhecidos para o público geral mas têm aqui boas interpretações, dando uma vida convincente à sua personagem. "Cube" é um filme de culto, uma excelente obra independente e uma jóia cinematográfica mas como todos os filmes de culto gerou controvérsia e pasmo a muitas pessoas que o viram, assim sendo, "Cube" não é um filme para pessoas impressionáveis ou que gostem dos típicos blockbusters, é um filme que recomendo apenas àqueles que gostam de um bom filme de terror/suspense.

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

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