quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Crítica - Lust, Caution (2007)

Realizado por Ang Lee.
Com Tony Leung Chiu-Wai, Tang Wei, Joan Chen, Wang Leehom.

Os filmes de Ang Lee converteram-se em obras indispensáveis para os apreciadores de bom cinema. É um realizador que nos trás propostas sempre muito interessantes e bem trabalhadas que já nos presenteou com grandes filmes como "BrokeBack Mountain", "Chosen" ou "Pushing". "Lust, Caution" é mais um grande filme a juntar ao reportório do realizador asiático, é também a sua primeira forte incursão no cinema noir. Baseada num conto de Eileen Chang, a história passa-se durante a ocupação japonesa da China em 1940. Uma estudante chamada Wong Chi (Tang Wei) junta-se a um grupo de teatro da sua universidade mas rapidamente descobre que os seus colegas são fortes opositores do Império Japonês e preocupam-se mais com assuntos políticos do que com a arte do Teatro. Presa por fidelidade aos seus amigos, Wong Chi decide-os ajudar a converter um plano para atacar os principais chefes chineses que se venderam ao Império Japonês. O seu principal alvo é Mr Yee (Tony Leung Chiu-Wai) um importante político chinês residente em Hong Kong. A missão de Wong Chi é infiltrar-se no círculo de amigos de Mr Yee e assassina-lo. Durante as cerca de duas horas e meia que dura o filme, Wong Chi irá constantemente questionar-se sobre os valores e ideais da sua missão, fica dividida entre o seu patriotismo e a radicalidade da acção que pondera cometer. Um intenso drama, cheio de emoção e dúvida até ao ultimo instante.
O argumento do filme é bem explorado e bem conduzido, Ang Lee foge um bocado da sua zona de conforto, apresentando-nos uma faceta mais noir e política. Para apreciar este filme é necessário um gosto especial, não é o típico filme de guerra nem é o típico filme dramático do género de "Brockback Mountain", "Lust, Caution" é muito mais do que isso, é uma mistura perfeita da intensidade dramática de Lee com a complexidade literária de Eillen Chang. É um excelente tributo à memória da escritora (que faleceu em 1995) que certamente iria ficar orgulhosa deste apaixonante e intenso filme. A fotografia do filme é outra coisa a salientar, muito perfeita e muito ao estilo asiático, é visualmente agradável. O elenco é composto por alguns dos nomes mais promissores do cinema asiático, contudo estes são desconhecidos para o resto do mundo mas fama não é sempre sinónimo de boa qualidade e estes desconhecidos actores (para o mundo Ocidental) provam isso mesmo, arrancando excelentes interpretações. Tenho que destacar Tang Wei, nem mesmo os Chineses devem conhece-la bem porque este foi o seu primeiro grande papel e que grande estreia teve. Está simplesmente fabulosa na pele da patriota mas confusa Wong Chi, convincente em todos os aspectos até nas difíceis cenas íntimas, advinha-se um futuro promissor para esta talentosa actriz.
A banda sonora também está muito apropriada, diferentes musicas de diferente intensidade dependendo do clima da cena, não há grandes flutuações de estilo, a música, apesar de variar de intensidade, permanece sempre fiel a uma origem oriental, contextualizada com a época e lugar do filme. Os fãs de Ang Lee não irão ficar desiludidos com "Lust, Caution" porque poderão ver uma nova faceta do realizador mas é uma surpresa agradável e não se preocupem porque as principais características da sua realização permanecem intactas porque Lee apenas acrescentou alguns novos elementos que tornam a sua realização muito mais interessante e intensa. O filme foi uma agradável surpresa, foi bom ver que Lee não ficou preso aos géneros de Hollywood, o que se acontecesse seria uma grande perda para o cinema asiático. A fama e os galardões não lhe subiram à cabeça e voltou a produzir uma obra sem grande pompa e circunstancia mas com muita qualidade. Fico ansiosamente à espera do seu “A Little Game”.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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