quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Brasil Vs Portugal


Não é só no desporto que Portugal e Brasil competem, também no cinema existe esta “rivalidade” amigável entre estes dois países. O português é uma das línguas mais faladas no mundo logo é natural que filmes em português sejam bastante comuns. Maior parte desses filmes provêm do Brasil ou de Portugal, estas duas nações, mesmo inconscientemente, competem para determinar, quem representa melhor o dialecto de Camões no círculo internacional de cinema. Mas quem é que está a ganhar?
Pois é, a resposta já pareceu mais óbvia, mas digo sem sombra de duvida que o Brasil está em vantagem, os nossos irmãos tem produzido ao longo dos anos filmes de extraordinária qualidade, atingindo o seu apogeu com o mítico Cidade de Deus (lançado em 2002 no Brasil) que deslumbrou até o mais céptico dos críticos, portanto não foi de estranhar as 4 nomeações que alcançou para os Óscares. Mas Cidade de Deus não é o único na brilhante lista de filmes brasileiros, consigo citar mais uns quantos como Anahy de Las Missiones (1997) ; O Quartilho (1995) ou Central Station (1998) são sem duvida filmes memoráveis ao nível de algumas produções de Hollywood.
Portugal, tem vindo a melhorar consideravelmente a sua produção cinematográfica, prova disso são os inúmeros prémios que algumas curtas e longas-metragens estão a receber no estrangeiro, mas não é suficiente para competir com o poderio brasileiro. Essa supremacia evidencia-se quando se compara as melhores obras que os dois países apresentaram nos últimos 20 anos, dos filmes portugueses que já vi, destaco obras como Noite Escura de João Canijo; Francisca de Manoel de Oliveira; Recordações da Casa Amarela do João César Monteiro e Ossos de Pedro Costa. São excelentes obras, sem sombra de dúvida, mas comparando-os com os exemplos brasileiros que dei, notasse alguma discrepância, principalmente no que ao argumento diz respeito.
Falo por mim quando digo que não sinto qualquer tipo de motivação ou atracção para ver um filme português, vejo um trailer de um filme, como aconteceu recentemente com o Belle Toujours do Manoel de Oliveira e simplesmente não me dá “pica” para o ver, não sei se é da imagem que me parece aborrecida e monótona ou se é pelo simples facto dos trailers serem maus, mas se não existir ninguém que me convide a ver um filme português eu não o vejo. O mesmo já não se passa com alguns filmes brasileiros, não sei porque mas cativam-me. Esta opinião claro está que é bastante pessoal, o defeito pode ser meu, mas é o que sinto.
Mas vamos comparar, os sucessos de bilheteiras deste ano dos dois países, o Brasil apresentou Tropa de Elite e Portugal Corrupção. Prontos, não é a melhor forma de comparar já que Tropa de Elite, apesar de não ser uma obra-prima do cinema brasileiro, vence corrupção em todos os aspectos. Até no aspecto de inteligência, no que toca a “escolherem” o filme mais visto do ano, os brasileiros levam vantagem, ao menos foram ver uma obra com qualidade, enquanto que nós, fomos ver em massa um filme sem qualidade nenhuma, desde o Crime do Padre Amaro que Portugal não tinha um filme tão mau e no entanto ambos são um sucesso de bilheteiras…hum estranho, mas isso é tópico para outra crónica. Certamente que vocês podem encontrar duelos mais interessantes e justos, mas certamente a ideia com que vão ficar é que o Brasil tem filmes mais apetecíveis que Portugal.
Há coisas em que Portugal não fica nada atrás do Brasil, os actores por exemplo conseguem ser do mesmo nível ou até melhores que os brasileiros, Portugal tem muito talento na representação e cada vez mais isso começa a notar-se. Também temos realizadores de grande qualidade tanto da velha guarda como da nova. O que falta são argumentistas que consigam criar argumentos originais e atractivos e claro, que os média nacionais comecem a apostar mais no cinema português de qualidade e não no lixo que se faz.
Ainda estará longe o dia, em que veremos um filme de Portugal com quatro nomeações para os Óscares da Academia como aconteceu com Cidade de Deus mas quero acreditar que esse dia já esteve mais longe.

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