sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Biografia - Woody Allen


Woody Allen, nasceu a 1 de Dezembro de 1935 no bairro do Bronx em Nova York. O seu nome verdadeiro é Allan Stewart Konigsberg. Escolheu o pseudónimo que ficou famoso na primavera de 1952 quando morava em Brooklyn e resolveu escrever textos cómicos profissionalmente. Tímido, não queria que os seus colegas de turma vissem o seu nome nos jornais já que ele mandará piadas e frases de humor para vários colunistas dos grandes jornais de Nova York.
Costuma-se dizer que os filmes de Allen são mais aceites na Europa do que nos Estados Unidos. Provavelmente, isso deve-se ao facto de que assim como muitas outras crianças de famílias de imigrantes, ele incorporou muito mais elementos europeus do que americanos à sua sensibilidade, apesar de ser o mais nova-iorquino dos realizadores. Os seus pais nasceram e foram criados no Lower East Side de Manhattan, mas a família de Nettie Cherry (a sua mãe) veio da Áustria, no princípio do século e a de Martin Konigsberg (o seu pai) da Rússia, na mesma época. Ambas judias que conservaram hábitos e tradições.
Depois de escrever muito para outros comediantes, Allen estreou-se aos 27 anos, como stand-up num bar do bairro boémio de Greenwich Village. Nessa época, já tinha escrito para programas de televisão. A sua entrada no cinema foi quando escreveu e protagonizou o filme "What's New, Pussycat?" em 1965 onde também aparece Louise Lasser, que trabalhou nos seus primeiros filmes e foi a sua mulher de 1966 a 1970. Em 1966, criou uma obra-prima do absurdo, tendo traduzido a banda sonora de um filme barato japonês sobre espionagem, intitulando-o "What's Up, Tiger Lily?". Ele fazia a narração do filme e uma das vozes.
No ano seguinte, protagonizou "Woody Allen Looks at 1967", no programa The Kraft Music Hall que apresentava shows cómicos, apesar de ser predominantemente um musical. Mas a sua estreia real na carreira cinematográfica foi em "Take the Money and Run" de 1969, que escreveu, dirigiu e claro protagonizou. Ao mesmo tempo trabalhava no palco, ao lado de Diane Keaton na sua peça "Play It Again, Sam", que depois se transformaria num filme pelas mãos de Herbert Ross em 1972.
A sua persona cinematográfica é a do homenzinho urbano intelectual de classe média, consciente de seus problemas existenciais, aliados aos de um típico judeu americano, muitas vezes hipocondríaco, preocupado com a morte. Os seus filmes têm sempre fortes traços autobiográficos e alguns deles, homenagens temáticas ou de estilo a Ingmar Bergman, um dos seus realizadores preferidos.
Nos anos 70 escreveu, realizou e actuou em várias comédias de sucesso, geralmente com textos melhores que a direcção: "Bananas" (1971), "Everything You've Always Wanted to Know About Sex But Were Afraid to Ask" (1972), "Sleeper" (1973), "Love and Death" (1975). Em Fevereiro de 1972 fez, na televisão "The Politics - and Comedy - of Woody Allen", seguido de uma entrevista. Em 1976, foi apenas actor em "The Front", o que já tinha acontecido também em "Cassino Royale" em 1967.
Finalmente em 1977, o seu filme mais importante até então, "Annie Hall", ganhou os Oscars de Melhor Filme, Realizador, Actriz e Argumento Original. O compromisso que tem às segundas-feiras no Michael's Pub (Café Carlyle) de Nova York, como clarinetista dum conjunto de jazz tradicional, foi a sua desculpa para não receber pessoalmente os prémios. O filme foi marcante na sua carreira. Era uma nova forma de fazer humor, com ideias maduras e um grande aperfeiçoamento de estilo na linguagem cinematográfica.
No ano seguinte, para surpresa de muitos, chega o seu primeiro drama "Interiors" em 1978 que lhe valeu uma nomeação para Melhor Realizador e no qual não actua como intérprete. Mas em "Manhattan" (1979), Allen volta ao estilo de "Annie Hall". Ele é novamente o intelectual judeu, confuso com suas neuroses e envolvido num relacionamentos com não-judias. E Diane Keaton é outra vez a protagonista.
"Stardust Memories" (1980), foi o seu último filme para a United. Começou então, uma associação com a Orion. E com colaboradores que o acompanharam durante anos: o argumentista Marshall Brickman e os produtores Jack Rollins e Charles Joffe. O primeiro filme que fez com Mia Farrow foi a sua homenagem mais explícita a Bergman: A Midsummer Night's Sex Comedy.
Em 1983, conseguiu óptimos resultados, ao juntar cenas de antigos documentários com sequências novas de ficção em "Zelig", propiciando ao director de fotografia Gordon Willis a oportunidade de um trabalho magistral. Depois do terno e divertido "Broadway Danny Rose" (1984), Allen fez outra incursão na fantasia e na técnica, novamente com a ajuda de Willis. Foi "The Purple Rose of Cairo" (1985), pelo qual ganhou o prémio da crítica no Festival de Cannes.
Com "Hannah and Her Sisters" (1986), ganhou mais um Óscar como guionista. Vieram então, três filmes bem diferentes que ele apenas dirige e escreve: o autobiográfico "Radio Days" (1987), que também narra (não creditando) e os dramas "September" (1987) e "Another Woman" (1988).
É seu o terceiro episódio "Oedipus Wreck" da "New York Stories" em 1989, completado por Martin Scorsese e Francis Ford Coppola, outros nova-iorquinos convictos. "Crimes and Misdemeanors" também de 1989, diversifica a sua dramaturgia e fecha a década brilhantemente, proporcionando-lhe as nomeações para Melhor Realziador e Argumento. Vieram depois "Alice" (1990), "Scenes From a Mall "(1991) apenas como actor e realizado por Paul Mazursky, "Shadows and Fog" (1992), "Husbands and Wives" (1992), "Manhattan Murder Mystery" (1993).
Allen teve um filho com Mia Farrow chamado Satchell e vários que adoptaram. Viviam em casas separadas mas tinham a fama de serem muito unidos. Sempre preservaram sua vida íntima, ficando longe das fofocas de jornais e revistas especializadas. Até que Allen foi acusado por Mia de abusar sexualmente de um dos filhos adoptivos - Dylan - e de ter um caso com outra - Soon-Yi - que ela adoptara quando casada com o maestro André Prévin. A primeira acusação foi considerada infundada pela justiça mas a segunda acabou por se confirmar, quando Woody e Soon-Yi passaram a viver juntos. Apesar da rapariga não ter parentesco de sangue com Allen e já estar na faculdade, os media americanos fizeram com que o caso tivesse uma aparência de incesto o que aumentou o escândalo em torno do assunto. Tudo isso poderia ter afectado a carreira de outro artista, mas não foi o que aconteceu com Woody Allen.
Logo de seguida "Bullets Over Broadway" de 1994 provou isso. Foi nomeado para sete Óscares. Nesse mesmo ano adaptou, dirigiu e estrelou na televisão a sua peça "Don't Drink the Water", que encenara na Broadway em 1966 e tivera uma medíocre versão cinematográfica, dirigida por Howard Morris em 1969 intitulada "Mighty Aphrodite".
Em seguida, um divertido e delicioso musical à antiga "Everyone Says I Love You" em 1996, onde os actores (com excepção de Drew Barrymore) não são dobrados quando cantam. Em 1997, Allen está em grande forma em "Deconstructing Harry". Também no mesmo ano, a documentarista Barbara Kopple registou a tour de Woody Allen e a sua banda de jazz pela Europa em Woody Allen in Concert (Wild Man Blues).
Ainda em 1997, jornais de Nova York descobriram um telefilme de Allen ainda inédito "Men of Crisis: The Harvey Wallinger Story " dirigido e interpretado por ele para a televisão em 1971. Em tom de documentário e com apenas 25 minutos, o filme faz uma referência directa ao Secretário de Estado Henry Kissinger, que é o personagem de Allen. Planejado para ser exibido durante a campanha eleitoral que terminou com a reeleição de Nixon, nunca foi para o ar porque os produtores temeram represálias políticas. Ele apresentava o Secretário como um homem vaidoso, obcecado pelo poder e cúmplice dos erros do Presidente. E ainda diz numa cena, que a mulher do Presidente tentou ir para a cama com ele. Depois disso, Allen fez raros trabalhos para a televisão e nunca mais tentou passar mensagens políticas.
Em 1998, Woody dirigiu "Celebrity" onde o principal papel é vivido por Kenneth Branagh, numa boa imitação da maneira de interpretar de Allen. No entanto quem brilha mais no filme é a grande actriz Judy Davis. Em 1999, utilizando técnicos bem diferentes dos da sua equipa habitual e um elenco encabeçado por Sean Penn, Woody Allen realizou "Sweet and Lowdown", a fictícia biografia de um lendário guitarrista de jazz onde também interpreta um pequeno papel, dando uma entrevista sobre o personagem.
Em 2000 apresentou outro novo filme "Small Time Crooks" . No dia 19 de Maio de 2001, Allen fez uma das suas raras aparições em público numa palestra na New York Public Library, para uma audiência de 600 pessoas que incluía o comediante Steve Martin, o romancista Salman Rushdie além de turistas, artistas e fãs. Falou principalmente de quem ele realmente é, da depreciação que faz de si mesmo nos seus filmes e, mais importante ainda, de quem ele não é.
Na entrega dos Óscares em 2002, surpreendeu aparecendo pela primeira vez na cerimónia. Era em homenagem à sua querida Nova York apresentando "New York on Film", uma pequena colectânea dirigida por Nora Ephron. Nesse mesmo ano também lançou o filme "Hollywood Ending", que também protagoniza ao lado de Tea Leonie.
Em 2003 lança outro filme que realiza e protagoniza "Anything Else", mais uma vez com Nova York como pano de fundo e que conta com grandes estrelas do cinema como Jimmy Fallon, Danny DeVito e Jason Biggs.
"Melinda and Melinda" (2004), é outra comédia/drama apresentada pelo realizador que também serviu de catapulta para a fama de Will Ferrel. Seguiu-se "Match Point" em 2005, um filme que é a sua primeira produção passada em Londes. Para alem de realizar também escreveu o argumento, com a sua “musa” da actualidade Scarlett Johansson no papel de protagonista, o filme esteve nomeado para o Óscar de Melhor Argumento e ganhou o Goya para Melhor Filme Europeu.
Allen chama mais uma vez Johansson para protagonizar "Scoop" em 2006, uma comédia romântica onde também entra Hugh Jackman. O próximo trabalho do realizador irá chamar-se "Cassandra’s Dream" e terá Barcelona como pano de fundo.
Woody Allen é sem dúvida um vulto da realização, um autêntico símbolo da cidade de Nova York que ele representa sempre com muito orgulho. Apesar de ter uma personalidade bastante reservada, conseguiu o sucesso no mundo do cinema. Pode ser bastante excêntrico mas isso não lhe tira o grande talento na realização, escrita e interpretação. Woody Allen é uma forma cinematográfica quase perfeita.

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