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sábado, 6 de dezembro de 2008

Crítica - The Lord Of The Rings - The Return of the King (2003)

Realizado por Peter Jackson
Com Elijah Wood, Ian McKellen, Viggo Mortensen, Orlando Bloom, Liv Tyler

Qual o balanço que se pode fazer de LOTR de Peter Jackson, cerca de 5 anos após a estreia do ultimo filme da trilogia? Será um projecto que reúna admiração e o respeito por Peter Jackson ter conseguido transpor o Universo Tolkien para a Sétima Arte? De Megalomania pelo projecto em si, pelo que ficou por dizer, pelo que poderia ter sido dito? Ou de saudade? Penso que quem ler esta critica poderá se rever em qualquer um destes estados. Durante 3 anos, cinéfilos de todo mundo iam fervorosamente ao cinema ver o novo filme da saga, esperando para ver o desfecho da história e poucos serão os filmes que depois das luzes acenderem, deixarão um rasto de saudade como este deixou.


A trilogia de Peter Jackson teve o seu apogeu e o seu fim com este filme. "The Return of the King" é mais e melhor dos dois anteriores filmes, conjugando a solidez narrativa do primeiro e acção trepidante do segundo (pelo menos nos 40 minutos finais), este filme é uma brilhante conclusão de uma trilogia que sempre pareceu impossível de adaptar. Todas as personagens tem espaço para respirar e para se desenvolver, e se em "The Two Towers" o destaque vai para Gollum e Andy Serkis (impossível dissociar ambos), neste filme o destaque vai para Sean Astin que em termos de desempenho com o Hobbit Sam supera-se neste capitulo final. O mundo adaptado de Tolkien, tem em Peter Jackson a sua mais fiel adaptação, sendo que tudo é adaptado ao ínfimo pormenor desde cenários ao dialecto. Muitos detractores do(s) filme(s) e/ou seguidores da obra literária poderão contestar alguns cortes narrativos, alguns detalhes mais ou menos importante, mas não deixam de ficar indiferentes a este projecto megalómano que poderia ter sido uma catástrofe, mas que no final, tal como as suas personagens transcendeu-se no ultimo capitulo. A imponência desta obra é ainda mais evidenciada no director’s cut, onde por exemplo é revelado o destino de Saruman (um dos grandes vilões desta saga), que por motivos de força maior viu todo o seu tempo ser eliminado em "The Return of the King", na sua edição cinematográfica original. Pode-se falar nos director’s cut como uma forma de completar linhas narrativas que haviam sido rejeitadas na sala de montagem. Estas conferem uma maior coesão à história e complementam-na em vez de “encher chouriços”. É impossível não falar deste filme sem mencionar a saga completa e raras são as sagas literárias que reúnem o consenso quer de seguidores, quer de cinéfilos e publico mais generalista.


LOTR é uma dessas raridades e tem-se que agradecer a Jackson pela sua coragem em a transpor para o cinema. LOTR a obra literária, é uma obra que se adaptou aos tempos, arranjou sempre o seu nicho de mercado e tem a sua legião de fãs, a obra cinematográfica convergiu-a às massas. Resta saber se LOTR irá cinematograficamente resistir ao tempo, no entanto não deixa de ser inegável o impacto que este filme teve nos 3 anos em que foi exibido. Uma obra cinematograficamente superior que conseguiu agradar a gregos e a troianos na sua maioria, e raros são os filmes que deixarão saudades mesmo depois do começo dos créditos e das luzes se acenderem ao som de “Into the West” de Annie Lennox. LOTR de Peter Jackson é um deles

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

Crítica - The Lord Of The Rings - The Return of the King (2003)

Realizado por Peter Jackson
Com Elijah Wood, Ian McKellen, Viggo Mortensen, Orlando Bloom, Liv Tyler

Qual o balanço que se pode fazer de LOTR de Peter Jackson, cerca de 5 anos após a estreia do ultimo filme da trilogia? Será um projecto que reúna admiração e o respeito por Peter Jackson ter conseguido transpor o Universo Tolkien para a Sétima Arte? De Megalomania pelo projecto em si, pelo que ficou por dizer, pelo que poderia ter sido dito? Ou de saudade? Penso que quem ler esta critica poderá se rever em qualquer um destes estados. Durante 3 anos, cinéfilos de todo mundo iam fervorosamente ao cinema ver o novo filme da saga, esperando para ver o desfecho da história e poucos serão os filmes que depois das luzes acenderem, deixarão um rasto de saudade como este deixou.


A trilogia de Peter Jackson teve o seu apogeu e o seu fim com este filme. "The Return of the King" é mais e melhor dos dois anteriores filmes, conjugando a solidez narrativa do primeiro e acção trepidante do segundo (pelo menos nos 40 minutos finais), este filme é uma brilhante conclusão de uma trilogia que sempre pareceu impossível de adaptar. Todas as personagens tem espaço para respirar e para se desenvolver, e se em "The Two Towers" o destaque vai para Gollum e Andy Serkis (impossível dissociar ambos), neste filme o destaque vai para Sean Astin que em termos de desempenho com o Hobbit Sam supera-se neste capitulo final. O mundo adaptado de Tolkien, tem em Peter Jackson a sua mais fiel adaptação, sendo que tudo é adaptado ao ínfimo pormenor desde cenários ao dialecto. Muitos detractores do(s) filme(s) e/ou seguidores da obra literária poderão contestar alguns cortes narrativos, alguns detalhes mais ou menos importante, mas não deixam de ficar indiferentes a este projecto megalómano que poderia ter sido uma catástrofe, mas que no final, tal como as suas personagens transcendeu-se no ultimo capitulo. A imponência desta obra é ainda mais evidenciada no director’s cut, onde por exemplo é revelado o destino de Saruman (um dos grandes vilões desta saga), que por motivos de força maior viu todo o seu tempo ser eliminado em "The Return of the King", na sua edição cinematográfica original. Pode-se falar nos director’s cut como uma forma de completar linhas narrativas que haviam sido rejeitadas na sala de montagem. Estas conferem uma maior coesão à história e complementam-na em vez de “encher chouriços”. É impossível não falar deste filme sem mencionar a saga completa e raras são as sagas literárias que reúnem o consenso quer de seguidores, quer de cinéfilos e publico mais generalista.


LOTR é uma dessas raridades e tem-se que agradecer a Jackson pela sua coragem em a transpor para o cinema. LOTR a obra literária, é uma obra que se adaptou aos tempos, arranjou sempre o seu nicho de mercado e tem a sua legião de fãs, a obra cinematográfica convergiu-a às massas. Resta saber se LOTR irá cinematograficamente resistir ao tempo, no entanto não deixa de ser inegável o impacto que este filme teve nos 3 anos em que foi exibido. Uma obra cinematograficamente superior que conseguiu agradar a gregos e a troianos na sua maioria, e raros são os filmes que deixarão saudades mesmo depois do começo dos créditos e das luzes se acenderem ao som de “Into the West” de Annie Lennox. LOTR de Peter Jackson é um deles

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

Crítica - The Lord Of The Rings - The Two Towers (2002)

Realizado por Peter Jackson
Com Elijah Wood, Ian McKellen, Viggo Mortensen,, Billy Boyd, Liv Tyler, Orlando Bloom

"The Two Towers" (As Duas Torres) é o segundo filme da trilogia "The Lord Of The Rings" (O Senhor Dos Anéis). Neste filme, A Irmandade do Anel continua a sua caminhada a fim de destruir o Anel Único. Depois de Peter Jackson nos apresentar o universo da Terra Média, as suas inúmeras personagens e nos relatar o início da história e da criação do Anel num ambiente de fantasia em "The Fellowship Of The Ring" (A Irmandade Do Anel), este filme traz-nos mais acção, guerra e realismo apresentando-nos assim uma visão da batalha do Abismo de Helm contra as forças do mal, personificadas nesta saga por Sauron. É neste segundo filme que a guerra realmente começa. Frodo e Sam continuam a viagem em direcção a Mordor, o único local onde o Anel pode ser destruído. Pelo caminho encontram Gollum, uma criatura outrora chamada Sméagol, que vive obcecado pela recuperação do poderoso Anel e com múltipla personalidade. É este estranho ser que os vai guiar até Mordor, pelo Pântano dos Mortos, caminho que os Orcs não atravessam. Chegados à Porta Negra de Mordor, estes são capturados pelo exército de Faramir, capitão de Gondor e irmão de Boromir, que os leva para Gondor com a finalidade de entregar o Anel a seu pai, Denethor, o regente de Gondor.


Enquanto Frodo e Sam passam por toda esta aventura, o humano Aragorn, o elfo Legolas e o anão Gimli procuram salvar os hobbits Pippin e Merry que foram capturados pelos Orcs. Durante a procura dos hobbits por parte destes três personagens, Éomer e o seu exército, que haviam sido expulsos de Rohan por Grima, derrotam o pequeno grupo de Orcs, os Urûk-hai, que detinha aprisionados os dois pequenos hobbits. Durante o combate, estes conseguem escapar aos Urûk-hai usando a sua própria astúcia e fugir para a misteriosa Floresta de Fangorn. Aí encontram Barba de Árvore, um guia de árvores vivo. Entretanto, Aragorn, Legolas e Gimli encontram-se com Éomar e são informados do sucedido. Na procura por restos mortais dos dois hobbits, concluem que estes terão fugido para a Floresta. Aí encontram-se com Gandalf, que depois da sua luta com Balrog, reaparece como Gandalf, o Branco e relembra a Aragorn que o seu destino é unir o povo de Rohan ao último reduto da resistência humana: o reino de Gondor. Estes quatro decidem rumar até Rohan com o intuito de libertar Théoden, Rei de Rohan, do feitiço de Saruman. Após Gandalf conseguir libertar Théoden do feitiço e deste enterrar o filho, o povo de Rohan parte para o Abismo de Helm, uma fortaleza nunca antes penetrável nas montanhas, decisão tomada por Théoden. No caminho são atacados por Warcs e Orcs e Aragorn cai numa ravina. Julgado morto, é deixado e todos os outros partem para o Abismo de Helm. Aragorn é resgatado pelo cavalo do falecido príncipe de Rohan e parte para a fortaleza onde a batalha vai começar. Entretanto, Saruman continua a criar o seu exército 10.000 vezes mais poderoso, a avançar no terreno, a conquistar e a destruir outros reinos da Terra Média. Antes de Gandalf chegar com Éomer e o seu exército, a batalha começa.


Este "The Two Towers" é de facto bastante diferente do primeiro filme, não só porque é um filme mais sangrento e negro, mas também porque os hobbits deixam de ser as personagens principais em detrimento dos Homens. Em termos técnicos, a história do filme exige mais efeitos especiais que o primeiro e isso acontece, mas embora fantásticos não são perfeitos. A beleza das numerosas paisagens do filme, a fotografia, a luminosidade e a maquilhagem são aspectos que enaltecem o filme e o tornam num épico. A caracterização de Théoden enquanto possuído pelo feitiço de Saruman, os Urûk-hai, a personagem de Gollum (toda ela criada por computador), o ambiente mágico e quase divino em que Jackson consegue nos apresentar os Elfos, são pormenores que provam que os efeitos especiais, a caracterização das personagens, a sua fotografia e luz são de extrema qualidade. Os inúmeros planos das maravilhosas paisagens quer florestais, quer montanhosas, dão ao filme um poder de visão extraordinário. A banda sonora continua perfeita e Jackson consegue sincronizar muito bem as cenas com a música. Nota ainda para o tema de Gollum, que no primeiro filme não existia. Na minha humilde opinião, a obra de Tolkien é uma epopeia fantástica de grande imaginação e dedicação. Todo o universo da Terra Média é perfeitamente detalhado e narrado. Este "The Lord Of The Rings" não é fácil de ser transportado para o ecrã mas Peter Jackson fê-lo muito bem e teve um enorme sucesso em cada um dos três filmes.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

Crítica - The Lord Of The Rings - The Two Towers (2002)

Realizado por Peter Jackson
Com Elijah Wood, Ian McKellen, Viggo Mortensen,, Billy Boyd, Liv Tyler, Orlando Bloom

"The Two Towers" (As Duas Torres) é o segundo filme da trilogia "The Lord Of The Rings" (O Senhor Dos Anéis). Neste filme, A Irmandade do Anel continua a sua caminhada a fim de destruir o Anel Único. Depois de Peter Jackson nos apresentar o universo da Terra Média, as suas inúmeras personagens e nos relatar o início da história e da criação do Anel num ambiente de fantasia em "The Fellowship Of The Ring" (A Irmandade Do Anel), este filme traz-nos mais acção, guerra e realismo apresentando-nos assim uma visão da batalha do Abismo de Helm contra as forças do mal, personificadas nesta saga por Sauron. É neste segundo filme que a guerra realmente começa. Frodo e Sam continuam a viagem em direcção a Mordor, o único local onde o Anel pode ser destruído. Pelo caminho encontram Gollum, uma criatura outrora chamada Sméagol, que vive obcecado pela recuperação do poderoso Anel e com múltipla personalidade. É este estranho ser que os vai guiar até Mordor, pelo Pântano dos Mortos, caminho que os Orcs não atravessam. Chegados à Porta Negra de Mordor, estes são capturados pelo exército de Faramir, capitão de Gondor e irmão de Boromir, que os leva para Gondor com a finalidade de entregar o Anel a seu pai, Denethor, o regente de Gondor.


Enquanto Frodo e Sam passam por toda esta aventura, o humano Aragorn, o elfo Legolas e o anão Gimli procuram salvar os hobbits Pippin e Merry que foram capturados pelos Orcs. Durante a procura dos hobbits por parte destes três personagens, Éomer e o seu exército, que haviam sido expulsos de Rohan por Grima, derrotam o pequeno grupo de Orcs, os Urûk-hai, que detinha aprisionados os dois pequenos hobbits. Durante o combate, estes conseguem escapar aos Urûk-hai usando a sua própria astúcia e fugir para a misteriosa Floresta de Fangorn. Aí encontram Barba de Árvore, um guia de árvores vivo. Entretanto, Aragorn, Legolas e Gimli encontram-se com Éomar e são informados do sucedido. Na procura por restos mortais dos dois hobbits, concluem que estes terão fugido para a Floresta. Aí encontram-se com Gandalf, que depois da sua luta com Balrog, reaparece como Gandalf, o Branco e relembra a Aragorn que o seu destino é unir o povo de Rohan ao último reduto da resistência humana: o reino de Gondor. Estes quatro decidem rumar até Rohan com o intuito de libertar Théoden, Rei de Rohan, do feitiço de Saruman. Após Gandalf conseguir libertar Théoden do feitiço e deste enterrar o filho, o povo de Rohan parte para o Abismo de Helm, uma fortaleza nunca antes penetrável nas montanhas, decisão tomada por Théoden. No caminho são atacados por Warcs e Orcs e Aragorn cai numa ravina. Julgado morto, é deixado e todos os outros partem para o Abismo de Helm. Aragorn é resgatado pelo cavalo do falecido príncipe de Rohan e parte para a fortaleza onde a batalha vai começar. Entretanto, Saruman continua a criar o seu exército 10.000 vezes mais poderoso, a avançar no terreno, a conquistar e a destruir outros reinos da Terra Média. Antes de Gandalf chegar com Éomer e o seu exército, a batalha começa.


Este "The Two Towers" é de facto bastante diferente do primeiro filme, não só porque é um filme mais sangrento e negro, mas também porque os hobbits deixam de ser as personagens principais em detrimento dos Homens. Em termos técnicos, a história do filme exige mais efeitos especiais que o primeiro e isso acontece, mas embora fantásticos não são perfeitos. A beleza das numerosas paisagens do filme, a fotografia, a luminosidade e a maquilhagem são aspectos que enaltecem o filme e o tornam num épico. A caracterização de Théoden enquanto possuído pelo feitiço de Saruman, os Urûk-hai, a personagem de Gollum (toda ela criada por computador), o ambiente mágico e quase divino em que Jackson consegue nos apresentar os Elfos, são pormenores que provam que os efeitos especiais, a caracterização das personagens, a sua fotografia e luz são de extrema qualidade. Os inúmeros planos das maravilhosas paisagens quer florestais, quer montanhosas, dão ao filme um poder de visão extraordinário. A banda sonora continua perfeita e Jackson consegue sincronizar muito bem as cenas com a música. Nota ainda para o tema de Gollum, que no primeiro filme não existia. Na minha humilde opinião, a obra de Tolkien é uma epopeia fantástica de grande imaginação e dedicação. Todo o universo da Terra Média é perfeitamente detalhado e narrado. Este "The Lord Of The Rings" não é fácil de ser transportado para o ecrã mas Peter Jackson fê-lo muito bem e teve um enorme sucesso em cada um dos três filmes.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

Crítica - Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring (2001)

Realizado por Peter Jackson
Com Elijah Wood, Ian McKellen, Viggo Mortensen, Orlando Bloom, Ian Holm, Cate Blanchett

Era uma vez um menino que viu o King Kong e se apaixonou irremediavelmente pelo cinema. Passados vários anos, esse menino, agora num corpo adulto mas com o mesmo brilho nos olhos andou de estúdio em estúdio a tentar convencer produtores milionários a transformar uma das mais emblemáticas obras literárias de sempre em três filmes, ou antes num mega-filme em três partes, filmadas ao mesmo tempo mas a estrear com um ano de intervalo entre si. Uns chamaram-no sonhador, outros tentaram reduzir o seu sonho a um objecto mais comercialmente viável (que é como quem diz, um único filme baseado nos três livros), mas houve alguém ainda mais louco do que ele que lhe fez a vontade. E foi assim que Peter Jackson realizou (nos dois sentidos) uma das mais ricas e emotivas experiências da história do cinema.


"O Senhor dos Anéis" de J.R.R. Tolkien é uma obra completíssima e intricada, muito detalhada e minuciosa na construção de todo um mundo que nos remete para os lugares recônditos do nosso subconsciente, e se nos apresenta como extraordinariamente familiar, como se fazendo parte de um imaginário colectivo. Um mundo fantástico cheio de simbolismo e povoado de personagens que compreendemos inerentemente, cujas acções, paixões, lutas, medos reconhecemos de imediato. Passar este mundo e estas sensações para o grande ecrã era um desafio a todos os níveis.
A história começa com o aniversário de um hobbit, pequenas criaturas que apreciam os pequenos prazeres da vida e que não têm grandes preocupações. Mas este hobbit é um pouco diferente: viajou por toda a Terra Média e está impaciente por partir de novo. O seu nome é Bilbo Baggins (Ian Holm) e, sem saber, mudou o curso da História e traçou o destino do seu sobrinho e herdeiro Frodo (Elijah Wood). Há muito muito tempo, tanto que só elfos e feiticeiros recordam, Sauron, o Senhor das Trevas, aliciou os reis de cada raça com anéis de poder. Em segredo, forjou um outro anel para si, o Anel Um, onde colocou toda a sua essência e com o qual vergou todos os que tinham cedido à ambição, mergulhando a Terra Média numa era de terror. Numa sangrenta batalha contra Sauron, o corrompido coração do Homem sedento de poder não foi capaz de destruir o Anel. Dado como perdido, esperou séculos até encontrar o veículo que o devolveria ao seu Senhor, indo parar às mãos do puro e inocente Bilbo. Frodo vai receber a pesada herança e tentar o impossível: chegar à Montanha da Perdição onde o anel foi forjado e destruí-lo. Para isso contará com a ajuda da Irmandade do Anel, constituída pelo feiticeiro Gandalf (Ian McKellen), o seu fiel amigo Samwise (Sean Astin), os tolos Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd), o elfo Legolas (Orlando Bloom), o anão Gimli (John Rhys-Davies), o herdeiro de um dos reinos humanos Boromir (Sean Bean) e o misterioso Aragorn (Viggo Mortensen), com uma pesada ascendência. Mas o poder do Anel vem crescendo de dia para dia e há muitos que o desejam, como o feiticeiro renegado Saruman (Christopher Lee), outros invocados por ele, como os fantasmas dos reis humanos consumidos pelos seus anéis. E todos os seres vivos livres podem ser corrompidos por ele, ao apelar aos mais profundos desejos da alma. O primeiro filme (e o primeiro livro) conta a primeira etapa desta irmandade.



Esta demanda é, na verdade, uma demanda épica, ancestral, secular, desde que o Homem tem a capacidade de pensar e de conceber entre o Bem e o Mal, o certo e o errado. É a temática intemporal da luta interior da alma, da coexistência tumultuosa de luz e trevas no ser humano, do turtuoso caminho que temos de percorrer para nos conhecermos, para nos aceitarmos tal como somos, para nos depararmos com o desconhecido e vermos do que somos capazes. É quase uma derradeira verdade. E cada um dos elementos da Irmandade representa uma faceta humana, uma faceta dessa verdade: Frodo a inocência, Gandalf a sabedoria, Sam a lealdade, Merry e Pippin o coração, Legolas a frieza, Gimli a coragem, Boromir a fraqueza e Aragorn o conflito interno. Esta história é intemporal também porque fala da marca indelével que o Homem deixa à sua passagem na Terra. Fala da nostalgia de tempos passados irrecuperáveis, de uma terra maculada, de feridas que não saram. Fala da ambição desmedida do Homem por mais poder sobre as coisas que o rodeiam, sem nunca as respeitar. E, no meio de tudo, o amor e a amizade como forças que ligam tudo, que permitem suportar tudo, defrontar os demónios interiores e exteriores.
Um dos aspectos mais bem conseguidos é a inacreditável expressividade dos cenários e a sua capacidade em definir de imediato o ambiente e o tom emotivo de cada lugar e das personagens que o ocupam. O Shire, com a sua luz e cor, traça logo a personalidade dos seus habitantes e retrata o mundo antes das trevas, o mundo pelo qual vale a pena lutar. Contrastantemente, Isengard é ambíguo e Mordor tenebroso. Os reinos dos elfos são quase irreais, com uma qualidade de divino, maior que a vida. Com espaços físicos tão bem definidos por eles próprios, estamos livres desde muito cedo para nos embrenharmos nos espaços mentais, sentirmos tudo o que as personagens sentem, em particular Frodo. E vemos que, apesar de não terem praticado o mal, estas personagens vão ser sujeitos a dor e danos irreversíveis, porque o mal vence-se sacrificando a inocência, e é essa perda de inocência que vai doendo ao longo de todo o filme. A presença crescente das Trevas é palpável, reconhecemos esse medo inominável e somos empregnados por ele, porque ele já existe dentro de nós. É este o grande feito de Peter Jackson, conferir uma emotividade fora de série, muitas vezes apenas pela escolha do ângulo perfeito, ou dando-se ao luxo de prolongar momentos que à partida podem não ter importância directa. E não há dúvida que a música é crucial. A composição de Howard Shore roça a perfeição em cada tema. É um filme apaixonado, que não tem medo de ser demasiado triste, a condição humana é de facto trágica, e as personagens sabem-no e sentem-no, e os espectadores também. É um filme belíssimo, que pôs toda uma geração a sonhar e a esperar um ano e mais outro para entrar de novo e continuar a viajar neste mundo magnífico de beleza e angústia.

Classificação - 5 Estrelas Em 5

Crítica - Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring (2001)

Realizado por Peter Jackson
Com Elijah Wood, Ian McKellen, Viggo Mortensen, Orlando Bloom, Ian Holm, Cate Blanchett

Era uma vez um menino que viu o King Kong e se apaixonou irremediavelmente pelo cinema. Passados vários anos, esse menino, agora num corpo adulto mas com o mesmo brilho nos olhos andou de estúdio em estúdio a tentar convencer produtores milionários a transformar uma das mais emblemáticas obras literárias de sempre em três filmes, ou antes num mega-filme em três partes, filmadas ao mesmo tempo mas a estrear com um ano de intervalo entre si. Uns chamaram-no sonhador, outros tentaram reduzir o seu sonho a um objecto mais comercialmente viável (que é como quem diz, um único filme baseado nos três livros), mas houve alguém ainda mais louco do que ele que lhe fez a vontade. E foi assim que Peter Jackson realizou (nos dois sentidos) uma das mais ricas e emotivas experiências da história do cinema.


"O Senhor dos Anéis" de J.R.R. Tolkien é uma obra completíssima e intricada, muito detalhada e minuciosa na construção de todo um mundo que nos remete para os lugares recônditos do nosso subconsciente, e se nos apresenta como extraordinariamente familiar, como se fazendo parte de um imaginário colectivo. Um mundo fantástico cheio de simbolismo e povoado de personagens que compreendemos inerentemente, cujas acções, paixões, lutas, medos reconhecemos de imediato. Passar este mundo e estas sensações para o grande ecrã era um desafio a todos os níveis.
A história começa com o aniversário de um hobbit, pequenas criaturas que apreciam os pequenos prazeres da vida e que não têm grandes preocupações. Mas este hobbit é um pouco diferente: viajou por toda a Terra Média e está impaciente por partir de novo. O seu nome é Bilbo Baggins (Ian Holm) e, sem saber, mudou o curso da História e traçou o destino do seu sobrinho e herdeiro Frodo (Elijah Wood). Há muito muito tempo, tanto que só elfos e feiticeiros recordam, Sauron, o Senhor das Trevas, aliciou os reis de cada raça com anéis de poder. Em segredo, forjou um outro anel para si, o Anel Um, onde colocou toda a sua essência e com o qual vergou todos os que tinham cedido à ambição, mergulhando a Terra Média numa era de terror. Numa sangrenta batalha contra Sauron, o corrompido coração do Homem sedento de poder não foi capaz de destruir o Anel. Dado como perdido, esperou séculos até encontrar o veículo que o devolveria ao seu Senhor, indo parar às mãos do puro e inocente Bilbo. Frodo vai receber a pesada herança e tentar o impossível: chegar à Montanha da Perdição onde o anel foi forjado e destruí-lo. Para isso contará com a ajuda da Irmandade do Anel, constituída pelo feiticeiro Gandalf (Ian McKellen), o seu fiel amigo Samwise (Sean Astin), os tolos Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd), o elfo Legolas (Orlando Bloom), o anão Gimli (John Rhys-Davies), o herdeiro de um dos reinos humanos Boromir (Sean Bean) e o misterioso Aragorn (Viggo Mortensen), com uma pesada ascendência. Mas o poder do Anel vem crescendo de dia para dia e há muitos que o desejam, como o feiticeiro renegado Saruman (Christopher Lee), outros invocados por ele, como os fantasmas dos reis humanos consumidos pelos seus anéis. E todos os seres vivos livres podem ser corrompidos por ele, ao apelar aos mais profundos desejos da alma. O primeiro filme (e o primeiro livro) conta a primeira etapa desta irmandade.



Esta demanda é, na verdade, uma demanda épica, ancestral, secular, desde que o Homem tem a capacidade de pensar e de conceber entre o Bem e o Mal, o certo e o errado. É a temática intemporal da luta interior da alma, da coexistência tumultuosa de luz e trevas no ser humano, do turtuoso caminho que temos de percorrer para nos conhecermos, para nos aceitarmos tal como somos, para nos depararmos com o desconhecido e vermos do que somos capazes. É quase uma derradeira verdade. E cada um dos elementos da Irmandade representa uma faceta humana, uma faceta dessa verdade: Frodo a inocência, Gandalf a sabedoria, Sam a lealdade, Merry e Pippin o coração, Legolas a frieza, Gimli a coragem, Boromir a fraqueza e Aragorn o conflito interno. Esta história é intemporal também porque fala da marca indelével que o Homem deixa à sua passagem na Terra. Fala da nostalgia de tempos passados irrecuperáveis, de uma terra maculada, de feridas que não saram. Fala da ambição desmedida do Homem por mais poder sobre as coisas que o rodeiam, sem nunca as respeitar. E, no meio de tudo, o amor e a amizade como forças que ligam tudo, que permitem suportar tudo, defrontar os demónios interiores e exteriores.
Um dos aspectos mais bem conseguidos é a inacreditável expressividade dos cenários e a sua capacidade em definir de imediato o ambiente e o tom emotivo de cada lugar e das personagens que o ocupam. O Shire, com a sua luz e cor, traça logo a personalidade dos seus habitantes e retrata o mundo antes das trevas, o mundo pelo qual vale a pena lutar. Contrastantemente, Isengard é ambíguo e Mordor tenebroso. Os reinos dos elfos são quase irreais, com uma qualidade de divino, maior que a vida. Com espaços físicos tão bem definidos por eles próprios, estamos livres desde muito cedo para nos embrenharmos nos espaços mentais, sentirmos tudo o que as personagens sentem, em particular Frodo. E vemos que, apesar de não terem praticado o mal, estas personagens vão ser sujeitos a dor e danos irreversíveis, porque o mal vence-se sacrificando a inocência, e é essa perda de inocência que vai doendo ao longo de todo o filme. A presença crescente das Trevas é palpável, reconhecemos esse medo inominável e somos empregnados por ele, porque ele já existe dentro de nós. É este o grande feito de Peter Jackson, conferir uma emotividade fora de série, muitas vezes apenas pela escolha do ângulo perfeito, ou dando-se ao luxo de prolongar momentos que à partida podem não ter importância directa. E não há dúvida que a música é crucial. A composição de Howard Shore roça a perfeição em cada tema. É um filme apaixonado, que não tem medo de ser demasiado triste, a condição humana é de facto trágica, e as personagens sabem-no e sentem-no, e os espectadores também. É um filme belíssimo, que pôs toda uma geração a sonhar e a esperar um ano e mais outro para entrar de novo e continuar a viajar neste mundo magnífico de beleza e angústia.

Classificação - 5 Estrelas Em 5