Realizado por Lisa Cholodenko
Com Annette Bening, Julianne Moore, Mark Ruffalo, Mia Wasikowska, Josh Hutcherson
À semelhança dos soberbos “Little Miss Sunshine” (2007) e “American Beauty” (1999), “The Kids Are All Right” é um filme extremamente actual e realista que nos oferece uma visão muito interessante e visivelmente natural sobre a família moderna e os vários valores sociais e culturais que normalmente pautam o seu quotidiano. “The Kids Are All Right” foi um dos maiores sucessos do Festival de Sundance de 2010 e tem recebido vários louvores por parte da crítica internacional que o considera um dos maiores candidatos ao Óscar de Melhor Filme, um estatuto claramente merecido até porque esta obra independente é indiscutivelmente um dos melhores filmes do ano. A sua incrível história é protagonizada por Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore), um casal homossexual que recorreu à inseminação artificial para poder ter uma família completa. Os seus filhos, Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson), têm uma excelente relação com elas mas chegam à conclusão que está na altura de conhecerem Paul (Mark Ruffalo), um homem boémio e descontraído que, tecnicamente e cientificamente, é o seu pai biológico. Joni e Laser entram em contacto com Paul e este rapidamente se mostra interessado em participar activamente nas suas vidas e em conhecer as suas mães, algo que acaba por acontecer durante um encontro familiar onde Paul utiliza o seu enorme carisma para cativar Jules, no entanto, ele não consegue convencer Nic, uma verdadeira “mulher de família” que se sente intimidada por Paul e que está absolutamente convicta que ele é uma má influência para os seus filhos e para a sua mulher, convicção essa que se revela acertada, no entanto, ela acaba por descobrir que ele só se limitou a exteriorizar os vários problemas que estavam escondidos/submersos no seio da sua família aparentemente ideal.
O Festival de Sundance é mundialmente conhecido por nos apresentar os melhores filmes norte-americanos de cariz independente, filmes esses que muitas das vezes chegam aos Óscares e aos Globos de Ouro. “The Kids Are All Right” foi um dos maiores sucessos do Festival de Sundance de 2010, tendo conseguido surpreender a crítica especializada com a sua fantástica história e com o seu sublime elenco, dois elementos de enorme valor que quase lhe valeram o Grande Prémio do Júri que acabou por ser entregue a “Winter's Bone” de Debra Granik. Em resumo, “The Kids Are All Right” pode ser facilmente descrito como uma excelente comédia dramática sobre a vida familiar de uma família moderna e comum, uma família que tanto pode ser constituída por um casal heterossexual como por um casal homossexual ou até mesmo por uma única figura parental. O seu enredo explora com muita naturalidade e uma evidente nitidez vários temas que são comuns à esmagadora maioria das famílias ocidentais, temas que não são caracterizados pela sua simplicidade ou objectividade mas que Lisa Cholodenko introduziu com muita criatividade e harmoniosidade nesta belíssima narrativa sobre a vida familiar e os vários relacionamentos que se inserem nesse contexto, relacionamentos esses que são protagonizados por cinco personagens que são alvo de uma construção muito detalhada e realista. Jules e Nic são um casal homossexual que é muito mais feliz e está muito mais consolidado que a maioria dos casais heterossexuais, no entanto, esta sua felicidade é uma mera ilusão porque o seu relacionamento não é assim tão forte ou estável, muito pelo contrário, este está visivelmente ferido pela rotina e por vários conflitos matrimoniais que nunca foram devidamente sanados, um facto que é comprovado pela crescente insatisfação de um dos membros do casal que não hesita em iniciar um tórrido caso extraconjugal com um elemento (Paul) estranho à sua sólida relação e que entra subitamente na sua vida através dos seus filhos, um caso que eventualmente é revelado e que obriga este casal a enfrentar as consequências de uma infidelidade matrimonial e a dúvida sobre se o seu relacionamento é suficientemente forte para ultrapassar esta crise, uma dúvida que nunca é expressamente esclarecida pela narrativa mas à qual nós podemos tacitamente responder através da sua conclusão. Joni e Laser são dois adolescentes perfeitamente normais e com os típicos problemas inerente à sua idade que nunca tiveram nenhum trauma ou complexo por serem filhos de um casal homossexual, no entanto, Joni revela alguma curiosidade para conhecer o homem que tecnicamente é o seu pai, uma curiosidade que alastra à sua irmã que está prestes a abandonar a casa das suas mães para ir para a universidade. A sua curiosidade leva-os até Paul, um homem boémio que inicialmente se relaciona muito bem com a sua nova família mas que acaba por abalar a sua harmonia. A história de “The Kids Are All Right” aborda portanto os problemas inerentes a três triângulos de relacionamentos: um amoroso entre Paul-Nic-Jules e dois familiares entre Mães-Joni-Laser e Paul-Joni-Laser, este último analisa e evidencia as várias problemáticas familiares relacionadas com a inseminação artificial enquanto que os outros dois são utilizados para explorar as vários consequências que os problemas matrimoniais e a instabilidade da adolescência têm na vida de uma família normal e moderna. Os sublimes diálogos entre as várias personagens são muito naturais e são pautados por vários momentos humorísticos que aliviam a tensão e o dramatismo desta obra, uma vertente cómica que não é exagerada e que beneficia claramente o espectador e a própria história.
A cineasta Lisa Cholodenko é uma lésbica assumida e também recorreu à inseminação artificial para engravidar, assim sendo, ela tem um forte conhecimento de causa que certamente aplicou a esta sua fantástica produção que é bastante realista e credível. O seu trabalho técnico é bastante seguro e a forma como transmite o fantástico ao argumento ao público também é sublime. O elenco de “The Kids Are All Right” é claramente um dos seus melhore elementos. Julianne Moore e Annette Bening estão fantásticas como Jules e Nic, ambas demonstram um enorme carisma que acaba por resulta numa forte química romântica que credibiliza a sua relação e o próprio filme. Mark Ruffalo também está muito bem como Paul, um self-made man que se vê envolvido num quadro familiar que o amadurece mas que também o leva a cair em tentações. Os dois adolescentes, Josh Hutcherson e Mia Wasikowska, são convincentes mas nenhum brilha tanto como os três actores mais maduros e experientes. O elenco secundário também é competente. “The Kids Are All Right” é uma fantástica produção independente que tem todas as possibilidades de ser nomeada ao Óscar de Melhor Filme. Lisa Cholodenko conseguiu criar um maravilhoso retrato sobre a família moderna, um retrato que é brilhantemente interpretado por um elenco de luxo e que se destaca claramente dos restantes retratos familiares de Hollywood.
Com Annette Bening, Julianne Moore, Mark Ruffalo, Mia Wasikowska, Josh Hutcherson
À semelhança dos soberbos “Little Miss Sunshine” (2007) e “American Beauty” (1999), “The Kids Are All Right” é um filme extremamente actual e realista que nos oferece uma visão muito interessante e visivelmente natural sobre a família moderna e os vários valores sociais e culturais que normalmente pautam o seu quotidiano. “The Kids Are All Right” foi um dos maiores sucessos do Festival de Sundance de 2010 e tem recebido vários louvores por parte da crítica internacional que o considera um dos maiores candidatos ao Óscar de Melhor Filme, um estatuto claramente merecido até porque esta obra independente é indiscutivelmente um dos melhores filmes do ano. A sua incrível história é protagonizada por Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore), um casal homossexual que recorreu à inseminação artificial para poder ter uma família completa. Os seus filhos, Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson), têm uma excelente relação com elas mas chegam à conclusão que está na altura de conhecerem Paul (Mark Ruffalo), um homem boémio e descontraído que, tecnicamente e cientificamente, é o seu pai biológico. Joni e Laser entram em contacto com Paul e este rapidamente se mostra interessado em participar activamente nas suas vidas e em conhecer as suas mães, algo que acaba por acontecer durante um encontro familiar onde Paul utiliza o seu enorme carisma para cativar Jules, no entanto, ele não consegue convencer Nic, uma verdadeira “mulher de família” que se sente intimidada por Paul e que está absolutamente convicta que ele é uma má influência para os seus filhos e para a sua mulher, convicção essa que se revela acertada, no entanto, ela acaba por descobrir que ele só se limitou a exteriorizar os vários problemas que estavam escondidos/submersos no seio da sua família aparentemente ideal.
O Festival de Sundance é mundialmente conhecido por nos apresentar os melhores filmes norte-americanos de cariz independente, filmes esses que muitas das vezes chegam aos Óscares e aos Globos de Ouro. “The Kids Are All Right” foi um dos maiores sucessos do Festival de Sundance de 2010, tendo conseguido surpreender a crítica especializada com a sua fantástica história e com o seu sublime elenco, dois elementos de enorme valor que quase lhe valeram o Grande Prémio do Júri que acabou por ser entregue a “Winter's Bone” de Debra Granik. Em resumo, “The Kids Are All Right” pode ser facilmente descrito como uma excelente comédia dramática sobre a vida familiar de uma família moderna e comum, uma família que tanto pode ser constituída por um casal heterossexual como por um casal homossexual ou até mesmo por uma única figura parental. O seu enredo explora com muita naturalidade e uma evidente nitidez vários temas que são comuns à esmagadora maioria das famílias ocidentais, temas que não são caracterizados pela sua simplicidade ou objectividade mas que Lisa Cholodenko introduziu com muita criatividade e harmoniosidade nesta belíssima narrativa sobre a vida familiar e os vários relacionamentos que se inserem nesse contexto, relacionamentos esses que são protagonizados por cinco personagens que são alvo de uma construção muito detalhada e realista. Jules e Nic são um casal homossexual que é muito mais feliz e está muito mais consolidado que a maioria dos casais heterossexuais, no entanto, esta sua felicidade é uma mera ilusão porque o seu relacionamento não é assim tão forte ou estável, muito pelo contrário, este está visivelmente ferido pela rotina e por vários conflitos matrimoniais que nunca foram devidamente sanados, um facto que é comprovado pela crescente insatisfação de um dos membros do casal que não hesita em iniciar um tórrido caso extraconjugal com um elemento (Paul) estranho à sua sólida relação e que entra subitamente na sua vida através dos seus filhos, um caso que eventualmente é revelado e que obriga este casal a enfrentar as consequências de uma infidelidade matrimonial e a dúvida sobre se o seu relacionamento é suficientemente forte para ultrapassar esta crise, uma dúvida que nunca é expressamente esclarecida pela narrativa mas à qual nós podemos tacitamente responder através da sua conclusão. Joni e Laser são dois adolescentes perfeitamente normais e com os típicos problemas inerente à sua idade que nunca tiveram nenhum trauma ou complexo por serem filhos de um casal homossexual, no entanto, Joni revela alguma curiosidade para conhecer o homem que tecnicamente é o seu pai, uma curiosidade que alastra à sua irmã que está prestes a abandonar a casa das suas mães para ir para a universidade. A sua curiosidade leva-os até Paul, um homem boémio que inicialmente se relaciona muito bem com a sua nova família mas que acaba por abalar a sua harmonia. A história de “The Kids Are All Right” aborda portanto os problemas inerentes a três triângulos de relacionamentos: um amoroso entre Paul-Nic-Jules e dois familiares entre Mães-Joni-Laser e Paul-Joni-Laser, este último analisa e evidencia as várias problemáticas familiares relacionadas com a inseminação artificial enquanto que os outros dois são utilizados para explorar as vários consequências que os problemas matrimoniais e a instabilidade da adolescência têm na vida de uma família normal e moderna. Os sublimes diálogos entre as várias personagens são muito naturais e são pautados por vários momentos humorísticos que aliviam a tensão e o dramatismo desta obra, uma vertente cómica que não é exagerada e que beneficia claramente o espectador e a própria história.
A cineasta Lisa Cholodenko é uma lésbica assumida e também recorreu à inseminação artificial para engravidar, assim sendo, ela tem um forte conhecimento de causa que certamente aplicou a esta sua fantástica produção que é bastante realista e credível. O seu trabalho técnico é bastante seguro e a forma como transmite o fantástico ao argumento ao público também é sublime. O elenco de “The Kids Are All Right” é claramente um dos seus melhore elementos. Julianne Moore e Annette Bening estão fantásticas como Jules e Nic, ambas demonstram um enorme carisma que acaba por resulta numa forte química romântica que credibiliza a sua relação e o próprio filme. Mark Ruffalo também está muito bem como Paul, um self-made man que se vê envolvido num quadro familiar que o amadurece mas que também o leva a cair em tentações. Os dois adolescentes, Josh Hutcherson e Mia Wasikowska, são convincentes mas nenhum brilha tanto como os três actores mais maduros e experientes. O elenco secundário também é competente. “The Kids Are All Right” é uma fantástica produção independente que tem todas as possibilidades de ser nomeada ao Óscar de Melhor Filme. Lisa Cholodenko conseguiu criar um maravilhoso retrato sobre a família moderna, um retrato que é brilhantemente interpretado por um elenco de luxo e que se destaca claramente dos restantes retratos familiares de Hollywood.
Classificação - 4,5 Estrelas Em 5