O Portal Cinema teve o prazer de entrevistar a actriz Dalila Carmo no âmbito do lançamento nacional de "Florbela", um filme de Vicente Alves do Ó que aborda um dos momentos mais íntimos e dramáticos da vida de Florbela Espanca, uma famosa poetisa que teve uma vida curta e muito atribulada mas que conseguiu, mesmo assim, deixar a sua marca na literatura nacional. A famosa actriz portuguesa é a principal protagonista desta interessantíssima cinebiografia que, segundo as suas palavras, foi um dos maiores desafios da sua ilustre carreira. Tal como Ivo Canelas, Dalila Carmo disse-nos que deposita grandes esperanças na Academia Portuguesa de Cinema e que adorou trabalhar novamente com Vicente Alves do Ó. É de recordar que "Florbela" já está em exibição nas salas de cinema nacionais.
Pergunta: O que a levou a aceitar este complexo papel? Foi um dos maiores desafios da sua carreira? Como se preparou?
Resposta: Não me passava pela cabeça não aceitar este papel, desde o início tive noção do presente que me estavam a dar e só sinto gratidão por ele. Fiz todas as pesquisas possíveis, reler a obra completa dela (Soror Saudade, Livro das Mágoas, Charneca em Flor,etc), mais as Cartas e Diário de Último Ano e todas a biografias, Agustina Bessa Luís, Rui Guedes, Maria Alexandrina… e depois contactar com todos os que me pudessem aproximar dela. Estive com uma aluna que ainda é viva, pessoas da família, objectos pessoais dela, mergulhei no "mundo Florbela". Impressionou-me a vida da Florbela, mais do que a obra ou porque a obra é a vida dela, impressionou-me o mundo interior dela. Era de uma dimensão e complexidade imensas.
Pergunta: Que conclusões é que tira desta experiência? Gostou de fazer este filme? O que mais lhe agradou neste projecto?
Resposta: O que mais me agradou neste projecto foi a forma como o Vicente alternou a fantasia com a humanidade dela. A dimensão poética. E além do projecto, todas as pessoas que fizeram parte dele.
Pergunta: Na sua opinião, que mensagem(ens) é que o filme transmite?
Resposta: O filme não pretende transmitir uma msg ou uma leitura hermética sobre a Florbela. Antes levar o espectador a pensar e reflectir sobe ela. E até a redescobrir a sua obra porque já está mais desperto para o mundo dela.
Pergunta: Como descreveria “Florbela” numa frase?
Resposta: Florbela não cabe numa frase.
Pergunta: Como foi trabalhar com Vicente Alves do Ó e com o restante elenco?
Resposta: Foi o delírio. Temos todos uma grande paixão por aquilo que fazemos e uma grande cumplicidade entre nós. Foi um processo de trabalho fácil na medida em que, apesar das diferenças, somos capazes de ir até ao outro intuitivamente.
Pergunta: Como acha que o público português vai receber este filme?
Resposta: Acho que vai receber bem (como acho que está a receber) porque se identifica. Se revê no filme. Se emociona e se deixa levar pela estória. E isso não é muito comum.
Pergunta: Os Prémios Sophia (Prémios da Academia Portuguesa de Cinema) vão ser entregues pela primeira vez este ano. O que pensa desta iniciativa?
Resposta: Acredito muito nisso, tanto que também estou envolvida. Porque acho que precisamos de rodas, de acreditar mais em nós e de premiar o nosso cinema que tem tanto direito a ser uma marca como outro qualquer. Quando muita gente agora dá tiros no pé, eu acredito no futuro das artes e no potencial que temos em mãos. Na nossa linguagem. Nas nossas particularidades e identidade cultural. No nosso cinema, que deve ser premiado pelos seus próprios profissionais e abranger não só a parte artística como a parte técnica de todo o processo.
Pergunta: Os portugueses estão habituados a vê-la em telenovelas ou mini-séries. O que prefere fazer, cinema ou televisão?
Resposta: Depende do projecto obviamente. Mas cinema é uma paixão.
Pergunta: O que se segue na sua carreira? Vamos voltar a vê-la nas salas de cinema em breve?
Resposta: Para já ainda não posso adiantar muito. Será uma coisa entre o cinema e a televisão :)
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