O Portal Cinema teve o prazer de entrevistar o actor Ivo Canelas no âmbito do lançamento nacional de "Florbela", um filme de Vicente Alves do Ó que aborda um dos momentos mais dramáticos da vida de Florbela Espanca, uma famosa poetisa que teve uma vida curta e muito atribulada mas que conseguiu, mesmo assim, deixar a sua marca na literatura nacional. Em "Florbela", Ivo Canelas dá vida a Apeles Espanca, o único irmão de Florbela Espanca, com quem manteve uma relação de grande proximidade. O actor falou-nos sobre a preparação que teve para este difícil papel e as conclusão que tirou desta experiência, mas também falou sobre as suas expectativas comerciais para este filme e o que espera da Academia Portuguesa de Cinema. É de recordar que "Florbela" já está em exibição nas salas de cinema nacionais.
Pergunta: O que o levou a aceitar este papel? Como se preparou?
Resposta: O desafio do Vicente a fazer um tipo de personagem que ainda não tinha explorado. O próprio personagem e a forma como o Vicente escreveu. O elenco. A minha base de pesquisa foi a correspondência entre a Florbela e o "mano patife" Apeles. Devido à relação muito especial entre os irmãos muito do meu trabalho foi determinado pelo trabalho da Dalila. Era importante encontrar uma forma comum de ver a vida para estes dois personagens. Foi necessário imaginar uma espécie de paraíso exclusivo para eles, para depois poder destruí-lo.
Pergunta: Que conclusões é que tira desta experiência? O que mais lhe agradou neste projecto?
Resposta: Interessou-me a forma pouco convencional de contar a história de um personagem tão importante da nossa cultura. Interessou-me dar corpo a um personagem tão extremo emocionalmente.
Fascinou-me o universo onírico da cabeça da Florbela e a forma como isso transparece no filme. Interessou-me confrontar-me com a minha própria cultura através dos olhos de um personagem excepcional.
Pergunta: Tem alguma cena favorita?
Resposta: Adoro a cena entre a Florbela (Dalila C.) e o seu marido Mário Lage (Albano J.) em que ela lhe leva o pequeno-almoço à cama e provoca uma discussão por ele não compreender a escrita dela. É uma cena complexa muito humana, cheia de contradições.
Pergunta: Como foi trabalhar com Dalila Carmo e com Vicente Alves do Ó?
Resposta: Foi óptimo. Já tinha trabalhado com ambos no filme anterior do Vicente "15 Pontos na Alma" e tinha muita vontade de repetir a experiência e se possível aprofundado-a. A relação entre Florbela e Apeles da forma como o Vicente a escreveu e filmou foi um enorme desafio para mim. São personagens muito ricos que exigem muita confiança e intimidade com o colega. Ao trabalhar com a Dalila encontrei essa confiança e uma entrega total ao personagem. E estava lá o Vicente para nos dirigir.
Pergunta: Como descreveria “Florbela” numa frase?
Resposta: Tão humana.
Pergunta: Como acha que o público português vai receber este filme?
Resposta: Espero que com curiosidade e cabeça aberta.
Pergunta: Os Prémios Sophia (Prémios da Academia Portuguesa de Cinema) vão ser entregues pela primeira vez este ano. O que pensa desta iniciativa?
Resposta: O reconhecimento do mérito profissional dos colegas nas várias áreas, desde as técnicas às artísticas é sem dúvida essencial para a credibilização do nosso cinema tanto a nível nacional como internacional. É também uma oportunidade de nos juntarmos para celebrar uma arte que é feita (e se não é deveria ser) com tanta paixão.
Pergunta: O que se segue na sua carreira?
Resposta: O Futuro o dirá.
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