Com Ryan Gosling, George Clooney, Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti
O início do Século XXI tem sido benéfico para George Clooney, uma verdadeira celebridade da sétima arte que recebeu, nestes últimos anos, os maiores louvores pelos seus trabalhos como actor e como realizador. Tal como “Good Night, and Good Luck” (2005), “The Ides of March” mostra-nos o lado mais astuto e refinado deste actor/ cineasta que através do seu talento natural e do seu brilhante trabalho de realização, conseguiu transformar este thriller dramático num forte candidato aos Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. A sua história é baseada no livro “Farragut North”, de Beau Willimon, e desenrola-se durante os dias que antecedem as decisivas Eleições Primárias do Ohio, e centra-se em Stephen Meyers (Ryan Gosling), um dos vários consultores eleitorais do Governador Mike Morris (George Clooney), um politico que está apenas a uma vitória de garantir a Nomeação do Partido Democrata às Eleições Presidências. O Governador Morris está à frente em todas as sondagens, no entanto, um escândalo sexual começa a formar-se e ameaça tirar-lhe a vitória e a nomeação, uma situação insustentável que vai forçar Meyers a utilizar todas as artimanhas necessárias para evitar que o eleitorado descubra o escândalo e dê a vitória ao outro candidato.
A direcção de George Clooney é delicada e detalhada, mas não é o único atributo deste “The Ides of March”, um thriller cativante mas relativamente inocente, onde somos confrontados com uma breve mas coerente análise ao lado mais obscuro e desconhecido da democracia. É neste mundo sombrio que trabalha Stephen Meyers, um homem ambicioso que desencadeia uma verdadeira batalha de bastidores para evitar a derrota eleitoral do seu candidato e para salvar a sua carreira, batalha essa que está no centro desta valorosa obra onde somos confrontados com um intrincado jogo de farsas e de ilusões sem heróis ou vilões, porque todos os seus intervenientes obedecem a uma construção narrativa realista que deriva de um factualismo social e existencial. É neste sentido que inicialmente olhamos para Mike Morris como um farol de ideias e de bondade, no entanto, no seu íntimo, ele é tão falso e tão influenciável como o seu rival eleitoral que nos é descrito como sendo um homem inculto que não tem uma bússola moral bem definida. Já Stephen Meyers tem, inicialmente, um carácter leal e louvável que contrasta com as exigências do seu cargo, mas à medida que o filme vai avançando, ele vai-se transformando num homem ardiloso e insensível que até monta um plano maquiavélico para salvar o seu candidato e ficar com o trabalho do seu chefe e mentor. É este fantástico delineamento narrativo que transforma “The Ides of March” num filme interessantíssimo, muito embora não seja tão controverso ou tão intenso como os seus trailers nos levaram a crer.
Já referi que George Clooney está fantástico como realizador, mas também nos oferece uma performance secundária de excelência como Mike Morris, no entanto, ele não é o único actor a brilhar no elenco desta obra. Ryan Gosling também está fantástico como Stephen Meyers, mostrando-nos, uma vez mais, que é um actor com talento e cheio de carisma que não é apenas mais uma cara bonita de Hollywood. Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Marisa Tomei, Jeffrey Wright e Evan Rachel Wood também estão bem, mas o filme é claramente dominado por Clooney e Gosling. A nível sonoro e cénico, “The Ides of March” tem falhas e virtudes, mas todas estas vertentes técnicas acabam por apoiar convenientemente a história, dando o ênfase necessário aos seus melhores momentos. A lista de candidatos ao Óscar de Melhor Filme é extensa e a maioria ainda não estreou nas nossas salas de cinema, no entanto, acredito que “The Ides of March” tem valor suficiente para ser um dos nomeados a esta estatueta dourada, bem como aos Óscares de Melhor Realização (George Clooney), Melhor Actor Principal (Ryan Gosling) e Melhor Argumento Adaptado.
Classificação - 4,5 Estrelas Em 5
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