segunda-feira, 9 de maio de 2011

Espaço Memória – Romper Stomper (1992)

Realizado por Geoffrey Wright
Com Russel Crowe, Daniel Pollock, Jacqueline McKenzie

Por sugestão de um dos nossos leitores aquando do post sobre American History X, falamos hoje do filme que lhe esteve na base, o australiano Romper Stomper. Com muitas influências de A Clockwork Orange e de Rebels Without a Cause, Romper Stomper apresenta um grupo de skinheads dos subúrbios de Melbourne, liderados pelo carismático Hando (Russel Crowe em início de carreira) que consideram ter como missão salvaguardar a Austrália do perigo que os imigrantes, sobretudo os vietnamitas, a seu ver representam. No meio do gang infiltra-se uma menina rica , revoltada e epiléptica, Gabe (Jacqueline McKenzie) que, depois de se envolver com o líder, acaba nos braços do seu homem de confiança, Davey (Daniel Pollock), gerando-se assim um triângulo amoroso eivado de ódio e de cegueira que terminará de forma dramática.


Repleto de cenas de violência fortíssima, agudizadas pelos filtros azuis que o realizador optou por usar em muitas cenas conferindo-lhes um tom mais dramático e underground, Romper Stomper despoletou uma acesa discussão na Austrália aquando da sua estreia sobre se tratar ou não de um filme racista. De facto, não são emitidos juízos de valor.  Aqueles jovens são apresentados na sua realidade sem desenvolvimentos sobre o seu passado familiar ou as razões que os levaram a deixar crescer a tal ponto o seu ódio xenófobo, à excepção de um ou outro apontamento nomeadamente sobre Gabe e Davey. Os sentimentos que nutrem em relação uns aos outros também não são aprofundados, centralizando-se o foco no poder aglutinador de Hando, na sua crença no Mein Kampf e na vertigem que a violência desperta, viciando-os a pontos incalculáveis e levando-os a desprezar a própria vida. Muito actual para o momento em que foi estreado, o filme choca o espectador sem nunca cair na violência gratuita nem no sexo despropositado. Tudo é tensão e drama e nós estamos no meio dela. Chamo ainda a atenção para a banda sonora electrizante de John Clifford White.

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