segunda-feira, 18 de abril de 2011

Espaço Memória – Million Dollar Baby (2004)

Realizado por Clint Eastwood
Com Clint Eastwood, Hilary Swank, Morgan Freeman

A obsessão de Eastwood com a morte, visível em obras como Gran Torino e Hereafter, surge já em Million Dollar Baby, um filme sobre a ligação de uma aspirante a pugilista de alta competição, Maggie Fitzgerald (Hilary Swank), e o seu treinador, Frankie Dunn (Clint Eastwood). Embora passado no ambiente de extrema violência física do boxe profissional, filmado por Tom Stern numa penumbra terrivelmente depressiva, o filme conta a história improvável de uma amizade. Dunn vive angustiado pela má relação que mantém com a filha, frequenta a igreja e não treina raparigas por considerar este desporto demasiado violento para elas. Maggie provém de uma família disfuncional, é empregada de mesa, mas tem uma enorme força de vontade e o sonho de ser boxeur profissional. Ajudada inicialmente por um ex-pugilista Edie-Scrap-Iron-Dupris (Morgan Freeman), acaba por conseguir os seus intentos, convencer Dunn a treiná-la e chegar aos campeonatos internacionais.


Nada há de bonito neste filme, até a personagem de Swank é de um beleza feia, mas a força do argumento de Paul Haggis, a elaborada construção psicológica destas personagens, as notáveis interpretações de Swank (Óscar de Melhor Actriz Principal), Eastwood (Nomeado para o Óscar de Melhor Actor Principal) e Freeman (Óscar de Melhor Actor Secundário), conferem-lhe o realismo da própria vida como ela é fora de Hollywood. A história é terrível mas a vida também o pode ser. O argumento beneficia em muito pelo facto de conciliar a violentíssima e dolorosa exploração da dureza do boxe profissional com a vida das próprias personagens, as suas frustrações, a busca de resposta dentro de si mesmas (Maggie Fitzgerald), em Deus (Frankie Dunn) ou no amor ao próximo (Dupris), tornando-se assim numa obra capaz de surpreender a cada instante porque de tão humanas e tão consistentes as personagens vão além da tela e ganham autonomia.
É uma prova difícil assistir ao filme não só devido à não evitada violência mas também por causa das questões que coloca ao espectador. Teremos nós os sonhos certos? Para onde canalizamos a nossa força de vontade? Valorizaremos de facto o que é realmente importante? Deixaremos para trás pessoas, afectos irresgatáveis? Qual a motivação para viver? Por estas razões o filme ganhou quatro Óscares da Academia, incluindo o de Melhor Filme, tendo sido nomeado para um total de sete.

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