Com Woody Allen, Diane Keaton, Michael Murphy, Mariel Hemingway
A declaração de amor de Allen a Manhattan resultou num filme belíssimo a vários níveis. É bela a luminosa fotografia a preto e branco de Gordon Willis que nos fica para sempre na memória. É bela a banda sonora de George Gershwin, executada pela Orquestra Filarmónica de Nova Iorque. É notável a construção das personagens, cada uma delas um correspondendo a um tipo que reconhecemos, o intelectual sardónico que escreve comédias para TV (Woody Allen), a pedante mas frustradíssima jornalista (Diane Keaton), a ninfeta verdadeiramente apaixonada por um homem mais velho (Mariel Hemingway), o marido a quem o casamento não chega (Michael Murphy). Mas acima de tudo são desconcertantemente irónicas as constantes referências intelectuais, no mais puro estilo do realizador.
O argumento de Woody Allen e Marshall Brickman, que juntos haviam já escrito Annie Hall, reflecte sobre as relações afectivas sofisticadamente psicóticas das personagens, que simplesmente pertencem àquele lugar mas não conseguem definir-se nele, trocando de par e de valores com relativa facilidade. As referências à psicanálise são constantes no filme num registo autobiográfico e crítico já que o próprio Allen a frequentou durante mais de trinta anos. A mestria da obra foi reconhecida com duas nomeações aos Óscares, a de Mariel Hemingway para o de Melhor Actriz Secundária e o de Woody Allen e Gordon Willis para Melhor Argumento Original.
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