Com Jeff Goldblum, Geena Davis, John Getz
Remake da obra homónima de 1956 realizada por Kurt Neumann, The Fly vai mais longe transformando a troca de cabeças do filme inicial numa verdadeira metamorfose gore que explora a relação entre a tecnologia e o corpo humano de forma verdadeiramente chocante. Ainda que não seja um filme original do realizador, este afirma que ao ler o guião tudo ali poderia ter sido escrito por ele próprio.
The Fly conta a história de um cientista talentoso, Seth Brundle (Jeff Goldblum) e da sua neurótica relação com a jornalista Veronica Quaife (Geena Davis). Numa noite, despeitado e cheio de ciúmes da namorada, Seth decide experimentar a sua máquina de teletransporte em sim mesmo, só que algo corre mal, uma mosca entra na máquina e ele é materializado juntamente com ela. Gradualmente o seu corpo vai-se transformando de um homem que sente poderes físicos superiores para um monstro disforme e verdadeiramente nojento.
A transformação física de Jeff Goldblum é de tal modo bem conseguida que Chris Wallas e Stefan Depuis receberam o Óscar de Melhor Caracterização em 1987. Os efeitos especiais são também eles surpreendentes. Steh, numa fase da sua progressiva degradação, é capaz de andar no tecto com uma mosca. Este efeito foi conseguido com uma casa e uma câmara rotativas.
Há momentos no filme de puro horror ainda que este seja das obras mais acessíveis de Cronenberg, oscilando entre o choque e o humor negro de um homem que luta entre o seu lado humano e a força do insecto que assimilou e que progressivamente o vai destruindo. O filme acaba por colocar questões filosóficas, como outras obras do realizador. O limite entre os genes assimilados da mosca e a verdadeira natureza até aí sufocada de Seth são ténues e podem não ir mais além do que a transformação física. Até que ponto somos animais domesticados é uma das perguntas que o filme coloca. Até onde a ciência pode ir e que efeitos poderá ter no corpo humano é outra questão que faz pensar o espectador. The Fly, para além do Óscar já referido recebeu o prémio de Melhor Filme do Fantasporto em 1987 entre outros galardões internacionais.
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