Com Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Stella Dassas, Pierre Barbaud
Concebido inicialmente como um documentário sobre a bomba atómica, Hiroshima Mon Amour, sem vírgula, foi transformado por Marguerite Duras e Alain Resnais num filme onde um espaço e um tempo, - uma noite, em Hiroshima, em que uma francesa, que se encontra na cidade a participar num filme sobre a paz, e um arquitecto japonês dormem juntos e se apaixonam, - permitem uma corrente de memória entre dois amores ligados entre si pela mesma guerra. Ela (Emmanuelle Riva) vai evocar o seu primeiro amor, um romance proibido com um soldado nazi, na sua cidade natal, em França, com quem pretendia fugir não fosse ele abatido no último dia de guerra e ela descoberta e considerada traidora, nos braços daquele arquitecto japonês que viu a sua família e a sua cidade serem destruídos pela bomba que salvou a pátria dela. Hiroshima Mon Amour, não pode, por isso, ter vírgula. É a cidade, aqueles cenários sabiamente escolhidos e filmados que unem, com todo o simbolismo que acarretam, aquelas personagens que de algum modo são, como é hábito em Duras, meros pretextos para a transmissão de ideias, sentimentos e provocação de emoções.
A passagem do documentário a filme, a capacidade que Duras teve de construir uma narrativa tão lírica sobre acontecimentos factuais e incontornáveis e a interpretação detalhadíssima de Riva, que consegue dizer as palavras com um afastamento enorme e ao mesmo tempo demonstrar com ao seu rosto cada emoção da personagem, transformam este filme numa obra-prima e numa das mais interessantes construções em cinema sobre a bomba nuclear. O filme foi nomeado para a Palma de Ouro em 1959 e para o Óscar de Melhor Argumento Original contudo não recebeu nenhum dos dois embora tenha ficado como uma das obras-mestras da História do Cinema.
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