sábado, 2 de maio de 2009

Crítica - X-Men Origins – Wolverine (2009)

Realizado por Gavin Hood
Com Hugh Jackman, Danny Huston, Liev Schreiber

A trilogia “X-Men” rendeu à 20th Century Fox um excelente resultado comercial e dentro do complexo mundo dos mutantes, as três longas-metragens apresentadas até conseguiram respeitar os principais conteúdos da obra literária da Marvel. O grande final da trilogia, trouxe-nos a fantástica conclusão da guerra dos mutantes mas não impediu a continuação da exploração cinematográfica desta mítica Banda Desenhada porque a 20th Century Fox, decidiu apostar em prequelas que relatassem os acontecimentos anteriores aos eventos do primeiro filme e que aprofundassem as origens das mais carismáticas e enigmáticas personagens deste mítico Universo. “X-Men Origins – Wolverine” é então a primeira obra desta série de prequelas individuais que irão ser lançadas pela Fox nos próximos anos com o intuito de contextualizar a trilogia original e de continuar a proveitosa exploração comercial deste célebre produto.


A história do filme começa nos finais do século XIX no Canadá, onde encontramos uma simpática família que vive sem grandes sobressaltos, numa região montanhosa e isolada. Esta paz é deturpada quando John Howlett, o patriarca da família, é assassinado por Thomas Logan à frente dos seus filhos, James Howlett (Wolverine) e Victor Howlett (Sabretooth). Esta repentina tragédia que mata os três adultos presentes, obriga os dois irmãos a fugirem do país e a dedicarem-se a uma vida nómada. Graças aos seus poderes mutantes de regeneração, os dois irmãos embarcam numa jornada bélica que os leva a participar em todos os grandes conflitos mundiais. Após o final da Guerra do Vietname, os dois irmãos são abordados por William Stryker, uma espécie de empresário que lhes oferece um lugar numa equipa mutante de elite criada para praticar inúmeras actividades ilícitas que vão do furto ao homicídio. Os irmãos aceitam o trabalho mas após algumas missões, James abandona o grupo porque começou a questionar as suas acções violentas e desprezíveis. Seis anos depois, James restabeleceu-se e vive pacificamente numa zona isolada com a sua namorada Kayla Silverfox mas o grupo que abandonou no passado reentra na sua vida e após recusar uma proposta para matar os seus antigos colegas, uma nova tragédia abate-se sobre a sua vida. Esse trágico acontecimento irá levar à sua transformação em Wolverine e à sua nova demanda por vingança.
Como se pode facilmente depreender pelo título do filme e pela premissa apresentada, “X-Men Origins – Wolverine” foca-se essencialmente em Wolverine, uma das personagens mais sombrias e famosas desta ampla saga. Esse enfoque é feito no seu passado que foi encoberto numa onda de dúvida pelos dois últimos filmes da trilogia. Numa primeira parte da história, exploramos a sua adolescência anormal que foi provocada por uma tragédia familiar que o obrigou a partir com o seu meio-irmão, numa viagem sem destino pelo mundo e pelo tempo até encontrar uma organização que os acolhe mas que posteriormente abandona. Até esse momento, abordamos o lado mais humano e sensível do herói que raramente foi exibido nos filmes da trilogia. A segunda parte da história já recupera a vertente física e violenta de Wolverine, através de inúmeras sequências de acção que pautam a sua portentosa onda de vingança. A parte inicial do argumento, cumpre a sua função e o propósito principal do filme, ao desvendar concretamente o passado de Wolverine, no entanto, após as experiencias que transformaram o Homem em Wolverine, o argumento inicia uma história completamente descontextualizada que contempla uma nova batalha entre mutantes que curiosamente, nunca foi referenciada pelos três primeiros filmes. Esta inclusão surge como uma tentativa desesperada dos criadores em evitar uma história demasiado dramática e enfadonha que destoasse da trilogia, mas a irrisória introdução e desenvolvimento deste novo conflito acaba por prejudicar seriamente a lógica da saga e a contextualização do passado das personagens elaborada pelo primeiro filme.
A par desta verdadeira confusão narrativa, encontramos as ridículas reviravoltas que o argumento vai apresentando ao longo da história e que teoricamente servem para evitar a previsibilidade mas que em última análise, só prejudicam o desenvolvimento de uma história que perde o interesse após a já referida transformação de Wolverine. As sequências de acção também não convencem e na minha opinião, são as mais pobres de uma saga que rentabilizava ao máximo estas cenas. Neste caso concreto, somos confrontados com lutas completamente irrisórias e mal coordenadas que estão envoltas numa tremenda confusão de efeitos especiais que descredibilizam as batalhas e os próprios poderes dos mutantes


O elenco é liderado por Hugh Jackman, o único actor que recupera o seu papel original porque as restantes aparições das míticas personagens dos X-Men são efectuadas por actores desconhecidos da saga. A prestação de Jackman é satisfatória e encontrasse dentro do mesmo nível das suas anteriores performances na saga, um regresso satisfatório que traz um pouco de interesse à produção. Taylor Kitsch assume uma das personagens mais famosas deste fantástico universo mas a sua interpretação de Gambit, deixa muito a desejar porque não conseguiu incutir à personagem o seu categórico carisma. O papel de Sabretooth é razoavelmente interpretado por Liev Schreiber, no entanto, a construção desta personagem é bastante frágil e provoca uma completa desconexão com a sua versão do primeiro filme.
“X-Men Origins – Wolverine” é uma obra que começa por cumprir a sua função mas que eventualmente exibe todas as suas fragilidades narrativas que prejudicam a sua contextualização com os primeiros filmes da saga. Resta-nos esperar que “X-Men Origins – Magneto” seja um pouco melhor mas as expectativas e as esperanças não são muitas nem boas.

Classificação - 2 Estrelas Em 5

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