sábado, 14 de fevereiro de 2009

Crítica - Happy-Go-Lucky (2008)


Realizado por Mike Leigh
Com Sally Hawkins, Alexis Zegerman, Eddie Marsan, Andrea Riseborough

O optimismo e a felicidade reinam neste “Happy-Go-Lucky”, um filme dirigido pelo experiente cineasta Mike Leigh e protagonizado por Sally Hawkins que dá vida a Poppy, a grande protagonista desta simples mas divertida história sobre amor e bom humor. Poppy é uma generosa professora londrina que distribui simpatia e boa disposição pelos seus alunos e amigos, até as pessoas mais carrancudas tornam-se mais simpáticas à sua beira. Esta sua excessiva bondade é questionada por alguns dos seus amigos mas Poppy não se preocupa e encara a vida com optimismo e esperança.
Este conto de felicidade é uma história sobre os extremos do positivismo. Durante duas horas, somos transportados para um mundo de alegria e magia incessantes que nos contagia de sentimentos positivos mas estes sentimentos são posteriormente abalados pela patente falta de dualidade da personagem principal que só parece conhecer a felicidade e a alegria. Esta constante boa disposição de Poppy torna-se por vezes desmedida e algo irritante, até nas situações mais confrangedoras e frustrantes, esta personagem consegue manter a sua postura extravagante e feliz. A história do filme tenta alertar-nos para os benefícios de acreditar nas pessoas e encarar a vida de forma positiva e esperançosa, mas fá-lo duma forma demasiado radical porque ninguém neste mundo é como Poppy e, na minha opinião, essa excessividade prejudica a mensagem central do filme. Acho que faltou um pouco mais de humanidade à personagem Poppy, sinto que lhe falta o lado mais escuro do ser humano, lado esse que é normalmente exteriorizado por sentimentos negativos como a raiva ou a inveja. A mensagem de “Happy-Go-Lucky” é importante mas não deve ser entendida como uma verdade universal absoluta, devemos sempre manter um equilíbrio entre o bem e o mal e nunca devemos ser como Poppy, uma eterna optimista que no mundo real seria devorada pela patente maldade da humanidade. Apesar de apostar numa mensagem utópica que é exteriorizada por uma personagem ilidica,”Happy-Go-Lucky” apresenta-nos um conto sobre felicidade que contem algumas cenas divertidas que poderão impulsionar sentimentos positivos no espectador, no entanto, nem todos os espectadores poderão achar piada a este filme que claramente apela ao lado fantasioso do público.
O elenco é composto por bons actores mas é Sally Hawkins que absorve todo o protagonismo da história. Não é fácil interpretar uma personagem como Poppy mas Sally apagou por completo, todo o seu lado humano negativo para assumir na perfeição esta extravagante personagem. A magnífica fotografia também é absorvida pela alegria contagiante do filme, porque retrata a enevoada e escura Londres como uma cidade alegre e feliz que poderia ser a capital da alegria e felicidade. A bela banda sonora, também contribui para a constante boa disposição presente ao longo do filme Numa época de crise mundial que envenena negativamente os sentimentos e o optimismo da Humanidade, “Happy-Go-Lucky” brinda-nos com uma história utópica sobre felicidade que poderá levantar a moralidade e esperança do público.

Classificação - 3,5 Estrelas Em 5
2ª Crítica - AQUI

0 comentários :

Postar um comentário