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Com Christian Bale, Michael Caine, Liam Neeson, Morgan Freeman, Gary Oldman
Quando foi criado em 1939 por Bob Kane, Batman era visto como um super-herói pouco convencional porque não apresentava super-poderes fantásticos nem aquela alegria e prazer em defender a justiça, era um herói que se refugiava nas sombras e tal como os morcegos preferia actuar de noite. Esta visão mais escura foi-se perdendo à medida que o herói era comercializado pela televisão e pelos mídia, como é notório no filme de 1966. Em 1989 Tim Burton utilizou o seu génio obscuro para devolver a Batman a sua identidade inicial, no entanto, apenas os dois projectos do realizador “Batman” (1989) e “Batman Returns” (1992) seguiram por um caminho que respeitou a verdadeira natureza do cavaleiro negro já que os dois filmes seguintes voltaram a cair no erro de fantasiar e colorir Batman. 2005 marcou o regresso em grande do Homem Morcego pelas mãos de Christopher Nolan que nos presenteou com um filme bem à medida dos primórdios de Batman, sem esquecer a contribuição dada por Burton. O franchise em torno deste super-herói renasceu, catapultando-o novamente para a lista de personagens de ficção mais rentáveis do cinema.
Em “Batman Begins” exploramos as origens do lendário Cavaleiro das Trevas. Após o assassinato dos seus pais, o jovem herdeiro Bruce Wayne (Christian Bale) abandona uma vida de luxo e privilégio e parte numa jornada pelo mundo em busca dos meios para combater a injustiça e transformar o medo numa arma contra os predadores que o utilizam contra os inocentes. Com a ajuda do seu fiel mordomo Alfred (Michael Caine), do polícia Jim Gordon (Gary Oldman) e do seu aliado Lucius Fox (Morgan Freeman), Wayne regressa a Gotham e liberta o seu alter-ego: Batman, o vingador mascarado que utiliza a sua inteligência, proeza física e um arsenal de alta tecnologia para combater as forças sinistras que ameaçam apoderar-se da sua cidade.
Como já referi, Christopher Nolan voltou a retratar Batman como o super-heroi que combate o crime na escuridão, longe de olhares indiscretos e afastado dos holofotes da fama. Bruce Wayne é retratado como sendo um jovem revoltado pela perda prematura dos pais às mãos de um criminoso como muitos que abundam em Gotham. Em “Batman Begins” ficamos a compreender melhor a dor e frustração desta personagem que podia ter tudo mas que preferiu lutar contra o crime de noite, enquanto que de dia se mascara de um bilionário pretensioso. Nesta aventura ficamos a compreender melhor a mente de Batman e como é que ele chegou onde chegou, é certo que no inicio o filme pode-se tornar um pouco aborrecido já que as cenas de acção são bastante escassas e o argumento gira em torno da infância e do passado de Wayne, um déjà-vu dramático e introspectivo necessário para a construção de uma saga decente. É também curioso saber como é que apareceu a Batcave ou como apareceram as opções de design do fato, entre outras pequenas curiosidades que se mostram bastante apelativas e interessantes para quem nunca leu ou viu a banda desenhada ou os desenhos animados
Em termos visuais o filme está muito bem conseguido, o visual misterioso e intenso da banda desenhada e dos filmes de Burton é repescado, sendo alvo de melhoramentos tecnológicos que só o século XXI poderia fornecer. Nolan foi sábio ao manter a obscuridade do filme do principio ao fim, é por isso que os principais momentos do filme se passam de noite como é o caso de maior parte das cenas de acção e os desenvolvimentos mais cruciais da história.
Um aspecto onde Nolan conseguiu superar Tim Burton foi nas sequências de acção, um dos grandes “defeitos” dos filmes de 89 e 92 de Burton é que estes se focavam demasiado nas personagens esquecendo as tão importantes e características cenas de acção. Nolan não se descuidou em nenhum desses aspectos, assim sendo, a uma hábil e completa construção e desenvolvimento de personagens, juntou cenas de acção nocturnas recheadas de adrenalina e filmadas através de ângulos muito bem trabalhados, estas lutas foram muito bem coreografadas revelando o que de tão especial existe em Batman, ou seja, a sua utilização de tecnologia avançada. “Batman Begins” apresenta-nos também um novo actor na pele de Batman, assim sendo, depois de Adam West, Michael Keaton, Val Kilmer e George Clooney, chegou a vez de Christian Bale interpretar o mítico herói e fá-lo de uma forma convincente e excepcional. Arrisco-me a dizer que a sua interpretação de Batman é a melhor de sempre, superando por uma larga margem a de Michael Keaton nos filmes Batman de 89 e 92. Bale tem o carisma, o talento e a personalidade ideal para encarnar um herói de difícil abordagem como Batman. Vê-se apoiado no filme por grandes actores como Michael Caine e Morgan Freeman que completam a performance do actor e oferecem ao filme mais experiência e talento. Dos bons da fira, apenas Katie Holmes é uma desilusão, a sua personagem oferece os momentos românticos do filme mas infelizmente Holmes e Bale não demonstram grande química fazendo com que esse ângulo seja um dos poucos que não resulta. O principal vilão do filme é Ra's Al Ghul, bem interpretado pelo experiente Liam Neeson, que apesar de não ter o mesmo carisma maléfico e psicopata de outros míticos vilões de Batman, não deixa de ser um justo adversário para Batman já que foi ele que lhe ensinou como combater da forma mais eficaz o crime em Gotham, temos portanto uma batalha repleta de emoções e sentimentalismos que só a tornam mais forte e interessante. Existem outros dois vilões secundários, o mafioso Carmine Falcone (Tom Wilkinson) e o Espantalho (Cillian Murphy) que completam bem o role de maldade do filme. Em suma, “Batman Begins” é um bom filme de acção/aventura que devolve a Batman a glória perdida no passado. Um bom início de uma saga que a manter este nível será sem dúvida inesquecível, venha daí “The Dark Knight”.
Classificação -4 Estrelas Em 5
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