Pois é, o número um da lista só poderia ser aquele filme que, em larga medida, criou no cinema o conceito de amor romântico, deixando-nos momentos tão intensos que influenciaram gerações e gerações de apaixonados. Para a história fica o sacrifício que Bogard e Ingrid Bergman fazem – afastando-se e deixando morrer a relação –, em prol de uma causa maior. Aos olhos da modernidade, Casablanca pode parecer um melodrama mais ou menos barato, mas a verdade é que deixou na nossa retina Paris como o refúgio do romance. No meio de tempos conturbados, Casablanca oferece-nos momentos românticos para sempre associados a sacrifício e separação.
2. City Lights(Charles Chaplin, 1931)
Charlie Chaplin pode parecer uma escolha menos óbvia quando falamos de momentos românticos. A verdade porém é que todo o sentimentalismo que caracteriza a personagem Charlot, o alegre vagabundo, que nunca desiste, transporta qualquer cinéfilo para um mundo muito real e, ao mesmo tempo, encantatório. No meio de toda aquela comédia de situação, surge sempre um momento tocante e tremendamente humano. City Lights é um dos melhores exemplos do trabalho de Chaplin. Realizado num dos períodos áureos da sua carreira, aquela película deixa eternizado o amor simples e cúmplice entre Charlot e a menina das flores, Virginia Cherril, por entre uma cidade desumana e rude. O momento que a CNN recupera tem então como protagonista o casal. A menina das flores, bela e tristemente cega, reconhece o vagabundo ao tocar-lhe na mão depois de lhe deixar uma moeda. O que se segue é uma sucessão de pequenos quadros repletos de sentimento e afeição, naquilo que a CNN caracteriza como um dos momentos mais tocantes da história do cinema.
3. Roman Holiday, Férias em Roma (Portugal), A Princesa e o Plebeu (Brasil)(William Wyler, 1953)
Outro filme marcante, com a bela Audrey Hepburn, no papel que a deu a conhecer às audiências Norte-Americana e que também lhe garantiu um Óscar para Melhor Actriz. Hepburn interpreta o papel de uma princesa que, entediada, resolve passear anónimamente por várias capitais europeias. Ora será em Roma que conhecerá a personagem de Gregory Peck, um fotógrafo aventureiro. Para a posteridade ficam vários momentos que viriam a ser determinantes pela sua dimensão de afectos, influenciando todo um género fílmico que viria a consolidar-se – a comédia romântica. O destaque da CNN vai para os momentos de brincadeira cúmplice na "Boca da Verdade". Os momentos da famosa fonte Trevi ajudam a elevar o filme à categoria de inesquecível.
4. From Here to Eternity Até à Eternidade (Portugal)(Fred Zinnemann, 1953)
Quem não se lembra da cena em que Burt Lancaster e Deborah Kerr trocam um longo beijo nas areias de uma praia enquanto são banhados pela água? Cena que tão copiada foi, mesmo parodiada em diversos filmes, deixando no cinema um conjunto de conceitos de romantismo ou paixão. Zinnemann criou indiscutivelmente uma das sequências mais icónicas da história do cinema, com um filme que colocou muitos graus acima qualquer representação da fase anterior à entrada dos EUA na II Guerra Mundial, momentos antes de Pearl Harbour. From here to Eternity retrata a história de um soldado Americano estacionado em Peral Harbour e a forma como encontra a escapatória perfeita dessa guerra, nos braços da belíssima Deborah Kerr. Para a história do cinema fica o tórrido beijo entre ambos, em plena areia da praia, com a água a rodear o abraço que os une.
5. Amélie(Jean-Pierre Jeunet, 2001)
Outro momento icónico, desta feita no cinema europeu. Pura felicidade marca o momento em que Amélie (Audrey Tautou) percorre Paris agarrada a Nino (Mathieu Kassovitz), na sua bicicleta. Fica na nossa retina o sorriso do casal apaixonado ao passar pelo Sacré Coeur. C'est l'amour à lá francesa…
6. Annie Hall(Woody Allen, 1977)
Bem, uma inclusão do senhor Woody Allen numa qualquer lista desta natureza pode muito bem ser considerado um ataque de loucura por parte de que escreve. A verdade, porém, é que Annie Hall, filme brilhante que é, funciona muito bem como hino ao amor e ao género que é a comédia romantic. Precisamente, porque o subverte. O momento em que Annie (Diane Keaton) se encontra pela primeira vez com Alvy (Allen) no campo de ténis é delicioso. A vitalidade e energia de Keaton contrastam em absoluto com a passividade e o ar de louco apresentado por Allen. Aquele la-di-da, la-di-da. La-la de Allen… ui.
7. La Dolce Vita(Federico Fellini, 1960)
Outro mestre da sétima arte. Fellini, no seu melhor. Na verdade, muito do simbolismo por trás da magnífica Fonte de Trevi em Roma é devido a Fellini. O quadro belíssimo composto por Fellini no seu La Dolce Vita ficou eternizado. O jornalista Marcello (Marcello Mastroianni) fica rendido ao encanto de Sylvia (Anita Eckberg), tendo a fonte do amor como pano de fundo. A fotografia é só por si um hino ao romantismo.
8. Before Sunrise(Richard Linklater, 1995)
Before Sunrise é, na minha modesta opinião, um daqueles filmes imprescindíveis, únicos e difíceis de repetir. De certa forma, revela-nos a essência das relações humanas – o diálogo. Before Sunrise retrata nada mais nada menos do que um simples passeio de duas pessoas, Celine (Julie Delpy) e Jesse (Ethan Hawke) que se conheceram naqueles mesmos instantes. Ambos se encontram numa viagem pela Europa, pouco sabem um do outro e terão precisamente uma viagem para se conhecerem. Sabem que o dia chegará ao fim e, com isso, a sua relação. Não têm tempo para confusões, nem para conversas trocadas. Decidem então seguir o melhor caminho, entram numa loja de música e numa cabine de som, como que ambicionando testar a sua compatibilidade. É nesse espaço confinado que surge uma das representações mais belas daquilo que são as relações humanas. Nervosamente, evitam olhar directamente um para o outro, recriando todo um jogo de sedução que ocorre diariamente. Estão bem cientes da presença física do outro… e sabem no que isso pode dar. Lindo.
9. Lost in Translation(Sofia Coppola, 2003)
O Filme de Sofia Coppola foi uma daquelas bombas de inicio de século e o seu final um dos momentos mais misteriosos. Bob (Bill Murray) é uma estrela de cinema que atravessa uma crise de meia-idade. Charlotte (Scarlett Johansson), uma jovem recém-casada insatisfeita com a escolha que fez. Ambos são duas almas perdidas que deambulam pelas ruas de uma Tóquio que podia muito bem ser uma qualquer cidade moderna. A cidade estranha acaba por junta-los e fomentar uma ligação estranha entre ambos, que em tudo revela a complexidade das relações humanas. O momento final, em que ambos se despedem, fica marcado pelo mistério. As palavras que Bob diz a Charlotte ficam apenas entre ambos, vendo-se recriado na tela um intimismo e cumplicidade que julgávamos ser impossível de recriar em cinema. É certo que o conteúdo desse diálogo foi já revelado vezes sem conta pelos fervorosos "caçadores" de erros em filmes… mas prefiro ficar-me pela magia daquele momento.
10. When Harry Met Sally(Rob Reiner, 1989)
Não tenho muito a dizer sobre este filme… sinceramente apenas o transcrevi para vos dar, caros leitores, o número dez da lista… fiquem com a citação em inglês, apresentada pela CNN: "Forget the orgasm scene in Katz's Deli. Forget the strolls in scenic Central Park. After ninety minutes of vacillating, Harry and Sally have one final bout of verbal sparring before they finally get it together for good. Now that's what we call New Year fireworks."
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