Realizado por Todd Haynes
Com Christian Bale, Cate Blanchett, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Heath Ledger, Julianne Moore
Não é a primeira vez que o realizador Todd Haynes nos apresenta um filme inovador e interessante baseado na vida de um cantor. Em 1998 com “Velvet Goldmine” Haynes criou uma história muito interessante tendo como ponto central a história de vida de David Bowie, em 2007 voltou a se inspirar na música, mais precisamente na vida e obra de Bob Dylan para realizar “I’m Not There”, uma obra única que consegue ultrapassar a qualidade do seu trabalho de 1998. Tal como em “Velvet Goldmine”, o argumento acaba por ser o ponto de maior destaque do filme, estando muitíssimo bem escrito e coordenado pelos seus autores Oren Moverman e Todd Haynes. Com a história do filme somos levados ao complexo e por vezes pouco preceptivo mundo de Bob Dylan que é interpretado por seis actores diferentes (Christian Bale, Cate Blanchett, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Heath Ledger e Ben Wishaw), cada um representa uma personalidade do cantor num determinado tempo. No fundo, nenhum deles interpreta o verdadeiro Bob Dylan já que as suas personagens apenas representam fragmentos da personalidade e da vida de Dylan, apenas juntando todas as histórias é que obtemos o verdadeiro ícone que é Bob Dylan.
Cada uma das personagens tem uma história que representa um momento da vida do cantor à medida que as histórias se sucedem vamos acompanhando a metamorfose/ evolução do cantor na vida e na carreira. Nenhuma história é igual e cada uma oferece-nos uma moralidade diferente. Todo o enredo da história pode parecer confuso à primeira vista, a verdade é que a história do filme está tão complexamente escrita que se torna difícil resumi-la em algumas palavras. É claro que toda esta interligação argumentativa poderia prejudicar o resultado final da obra mas Todd Haynes soube controlar muito bem o desenlace das histórias, ligando na perfeição todos os pontos, evitando assim uma confusão entre factos e argumentos o que certamente prejudicaria o filme. Se por um lado os fãs de Dylan vão-se sentir maravilhados com a obra, também é certo que aqueles que não tenham bem presentes a vida e o trabalho musical do cantor vão se sentir um pouco perdidos e confusos com todo o desenvolvimento da história e talvez este seja o ponto mais negativo do filme. Para os não apreciadores de Dylan que não consigam apanhar na totalidade a magnificência do argumento podem sempre se maravilhar com a qualidade das seis histórias individuais que se vão sucedendo como se de curtas metragens se tratasse. Não é necessário conhecer a vida do cantor para se reconhecer um bom trabalho e cada uma dessas pequenas narrativas oferece ao espectador uma história bastante interessante carregada de significado. Juntas fornecem uma espectacular história sobre Bob Dylan, em separado fornecem uma história particular sobre um determinado sujeito.
Embora o argumento seja a “estrela” do filme, existem outros aspectos que também devem ser levados em conta pela positiva. A estética é um bom exemplo disso. Todos os cenários estão simplesmente deslumbrantes, cada história tem direito a um ambiente de acordo com a sua particular especificidade, algo que acaba por dar mais beleza e profundidade ao próprio filme. A banda sonora tinha a obrigação de ser excelente e realmente acaba por cumprir essa expectativa ou não estivéssemos nós perante um filme que tem a música como pano de fundo e que retrata no grande ecrã um dos maiores génios musicais dos nossos tempos. Se gostam de Bob Dylan e das suas magníficas letras ou se apenas gostam de folk, irão muito provavelmente considerar esta banda sonora a melhor de sempre O elenco é simplesmente fora do normal, existindo um actor para praticamente todos os gostos. Os principais são os que interpretam as personagens ligadas a Bob Dylan. Por um lado temos o falecido Heath Ledger que teve aqui um papel muito bom e que certamente trará aos espectadores mais sensíveis uma lágrima no canto do olho por esta ter sido uma das suas últimas aparições no cinema. Christian Bale acaba por ser dos seis aquele que tem a interpretação menos bem conseguida, roçando por vezes o ridículo com uma imitação demasiado exagerada. O jovem Marcus Carl Franklin surpreendeu com uma representação muito boa e o veterano Richard Gere não desiludiu, alcançando o bom nível de outros tempos. Ben Wishaw cumpriu. No entanto, o melhor do elenco é sem dúvida Cate Blanchett que volta a mostrar o seu enorme momento de forma e que me confirmou a injustiça da Academia em não lhe ter dado o Óscar de Melhor Actriz Secundária. O seu papel era provavelmente o mais complexo dos seis mas soube dar-lhe a volta, algo que mostra o seu tremendo profissionalismo. O elenco secundário que apoia os seis “magnifico” acaba também ele por ser composto por excelentes profissionais como Julianne Moore que acabam por fazer um bom trabalho na generalidade. Bob Dylan é uma lenda musical, a sua capacidade em escrever canções maravilhosas é impressionante e quer se goste ou não de folk ninguém fica indiferente à qualidade e sentimento das suas músicas. “I’m Not There” é um excelente retrato da personalidade do cantor e uma obra que combina na perfeição a música com o cinema.
Com Christian Bale, Cate Blanchett, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Heath Ledger, Julianne Moore
Não é a primeira vez que o realizador Todd Haynes nos apresenta um filme inovador e interessante baseado na vida de um cantor. Em 1998 com “Velvet Goldmine” Haynes criou uma história muito interessante tendo como ponto central a história de vida de David Bowie, em 2007 voltou a se inspirar na música, mais precisamente na vida e obra de Bob Dylan para realizar “I’m Not There”, uma obra única que consegue ultrapassar a qualidade do seu trabalho de 1998. Tal como em “Velvet Goldmine”, o argumento acaba por ser o ponto de maior destaque do filme, estando muitíssimo bem escrito e coordenado pelos seus autores Oren Moverman e Todd Haynes. Com a história do filme somos levados ao complexo e por vezes pouco preceptivo mundo de Bob Dylan que é interpretado por seis actores diferentes (Christian Bale, Cate Blanchett, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Heath Ledger e Ben Wishaw), cada um representa uma personalidade do cantor num determinado tempo. No fundo, nenhum deles interpreta o verdadeiro Bob Dylan já que as suas personagens apenas representam fragmentos da personalidade e da vida de Dylan, apenas juntando todas as histórias é que obtemos o verdadeiro ícone que é Bob Dylan.
Cada uma das personagens tem uma história que representa um momento da vida do cantor à medida que as histórias se sucedem vamos acompanhando a metamorfose/ evolução do cantor na vida e na carreira. Nenhuma história é igual e cada uma oferece-nos uma moralidade diferente. Todo o enredo da história pode parecer confuso à primeira vista, a verdade é que a história do filme está tão complexamente escrita que se torna difícil resumi-la em algumas palavras. É claro que toda esta interligação argumentativa poderia prejudicar o resultado final da obra mas Todd Haynes soube controlar muito bem o desenlace das histórias, ligando na perfeição todos os pontos, evitando assim uma confusão entre factos e argumentos o que certamente prejudicaria o filme. Se por um lado os fãs de Dylan vão-se sentir maravilhados com a obra, também é certo que aqueles que não tenham bem presentes a vida e o trabalho musical do cantor vão se sentir um pouco perdidos e confusos com todo o desenvolvimento da história e talvez este seja o ponto mais negativo do filme. Para os não apreciadores de Dylan que não consigam apanhar na totalidade a magnificência do argumento podem sempre se maravilhar com a qualidade das seis histórias individuais que se vão sucedendo como se de curtas metragens se tratasse. Não é necessário conhecer a vida do cantor para se reconhecer um bom trabalho e cada uma dessas pequenas narrativas oferece ao espectador uma história bastante interessante carregada de significado. Juntas fornecem uma espectacular história sobre Bob Dylan, em separado fornecem uma história particular sobre um determinado sujeito.
Embora o argumento seja a “estrela” do filme, existem outros aspectos que também devem ser levados em conta pela positiva. A estética é um bom exemplo disso. Todos os cenários estão simplesmente deslumbrantes, cada história tem direito a um ambiente de acordo com a sua particular especificidade, algo que acaba por dar mais beleza e profundidade ao próprio filme. A banda sonora tinha a obrigação de ser excelente e realmente acaba por cumprir essa expectativa ou não estivéssemos nós perante um filme que tem a música como pano de fundo e que retrata no grande ecrã um dos maiores génios musicais dos nossos tempos. Se gostam de Bob Dylan e das suas magníficas letras ou se apenas gostam de folk, irão muito provavelmente considerar esta banda sonora a melhor de sempre O elenco é simplesmente fora do normal, existindo um actor para praticamente todos os gostos. Os principais são os que interpretam as personagens ligadas a Bob Dylan. Por um lado temos o falecido Heath Ledger que teve aqui um papel muito bom e que certamente trará aos espectadores mais sensíveis uma lágrima no canto do olho por esta ter sido uma das suas últimas aparições no cinema. Christian Bale acaba por ser dos seis aquele que tem a interpretação menos bem conseguida, roçando por vezes o ridículo com uma imitação demasiado exagerada. O jovem Marcus Carl Franklin surpreendeu com uma representação muito boa e o veterano Richard Gere não desiludiu, alcançando o bom nível de outros tempos. Ben Wishaw cumpriu. No entanto, o melhor do elenco é sem dúvida Cate Blanchett que volta a mostrar o seu enorme momento de forma e que me confirmou a injustiça da Academia em não lhe ter dado o Óscar de Melhor Actriz Secundária. O seu papel era provavelmente o mais complexo dos seis mas soube dar-lhe a volta, algo que mostra o seu tremendo profissionalismo. O elenco secundário que apoia os seis “magnifico” acaba também ele por ser composto por excelentes profissionais como Julianne Moore que acabam por fazer um bom trabalho na generalidade. Bob Dylan é uma lenda musical, a sua capacidade em escrever canções maravilhosas é impressionante e quer se goste ou não de folk ninguém fica indiferente à qualidade e sentimento das suas músicas. “I’m Not There” é um excelente retrato da personalidade do cantor e uma obra que combina na perfeição a música com o cinema.
Classificação - 4,5 Estrelas Em 5
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