terça-feira, 18 de maio de 2010

Crítica – Papillon (1973)

Realizado por Franklin J. Schaffner
Com Steve McQueen, Dustin Hoffman, Woodrow Parfrey

Baseado no livro autobiográfico de Henri Charrière, Papillon narra a história fabulosa, e mais impressionante ainda por ser verdadeira, de Henri “Papillon” Charrière (Steve McQueen), um homem injustamente condenado à prisão perpétua por assassínio. Papillon foi então enviado para a Guiana Francesa onde deveria cumprir a sua pena nas condições mais desumanas. Cedo se torna amigo de Louis Dega (Dustin Hoffman), numa relação que durará muitos anos e que por vezes lhe é extraordinariamente útil. Charrière distingue-se dos outros presos pela sua incapacidade de aceitar o destino que lhe reservaram, tentando fugir de todas as maneiras possíveis insensível ao agravamento da pena para foragidos. Chegou mesmo a chegar a uma comunidade de leprosos e a uma tribo índia mas foi traído por uma freira católica e voltou à prisão onde cumpriu cinco anos de solitária, seria muitos anos mais tarde, quando o julgavam já perdido e quebrado, que consegue a grandiosa fuga rumo à liberdade. Charrière sobreviveu mais anos que o inumano sistema penal da Guiana Francesa.


Longo, lento e pesado como o romance de que parte, este filme faz literalmente o espectador sofrer os martírios daquele exílio com o protagonista. O ritmo narrativo é apenas alterado, durante as cerca de duas horas e meia de duração, pelos momentos de euforia provocados pela iminência da liberdade, voltando à soturnidade do isolamento, do sofrimento e do desespero dos homens ali encarcerados. Esta tendência descritiva da realização é um dos aspectos mais interessantes da obra. Sentimos de facto o calor húmido e pesado, a escuridão da solitária, o odor fétido dos corpos moribundos, bem como a energia daquele homem incapaz de aceitar as limitações que a vida lhe impõe, conseguindo o inimaginável. Notáveis são também as interpretações de Steve McQueen e de Dustin Hoffman, num dos melhores períodos da sua carreira. A caracterização dos dois prisioneiros acompanhando as transformações físicas e mentais que aquela prisão lhes infringe é também digna de nota e um bom aliado da construção das personagens. Como disse alguém a vida supera sempre a ficção e a história de Papillon é disso mesmo a prova. O filme foi nomeado para o Óscar de Melhor Música Original de Jerry Goldsmith, também Steve McQueen foi nomeado para o Globo de Ouro pela sua interpretação.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

0 comentários :

Postar um comentário