domingo, 23 de maio de 2010

Atrás das Câmaras: Próximos Projectos

Mike Leigh, que nos trouxe entre outros o optimista “Happy-Go-Lucky” e o dramático “Vera Drake”, apresentou o seu mais recente filme no Festival de Cannes, que se intitula “Another Year”. O realizador descreve-o como uma exploração do processo de envelhecimento e do facto de não existir gente sem problemas. Conta a história de um casal feliz e aparentemente descomplicado, interpretado por Jim Broadbent (com quem já trabalhara em “Topsy Turvy”) e Ruth Sheen, que está rodeado de amigos e familiares desesperados devido a desencontros amorosos. As relações destas personagens e a sua evolução são acompanhadas ao longo de um ano. Leigh acrescenta que é sobre a vida de pessoas normais, pois segundo o cineasta a vida normal de um é igual à do próximo. A suposição de que a vida dos outros é mais interessante do que a nossa advém apenas do nosso poder de fascinação ilimitada e de nos aborrecermos facilmente, quando o que importa é a maneira como a encaramos. A abordagem do envelhecimento para o realizador britânico enquadra-se no facto de, a dada altura, a vida se tornar em simultâneo clara e difícil, e na necessidade de nos reconciliarmos com ela, connosco mesmos e com as pessoas com quem lidamos.

Já com “You Will Meet a Tall Dark Stranger” em vias de estrear, Woody Allen prepara já a sua nova película, intitulada “Midnight in Paris”. O elenco é, como sempre, impressionante, com Adrien Brody, Marion Cotillard, Kathy Bates, Rachel McAdams, Owen Wilson, Michael Sheen and Carla Bruni-Sarkozy. Segundo o realizador, o filme trata sobre o grande amor de um jovem por Paris e a ilusão de que a vida dos outros é melhor do que a nossa.

Conhecido como realizador de filmes catástrofe (“The Day After Tomorrow”, “2012”) e após o anúncio de uma ou mesmo duas sequelas de “Independence Day”, Roland Emmerich envereda pelo clássico e prepara um filme sobre William Shakespeare e sobre a teoria de que as suas obras foram na realidade escritas por um desconhecido. Chamar-se-á “Anonymous” e o elenco inclui Rhys Ifans, David Thewlis e Vanessa Redgrave. Para já, consta que o cineasta fará à literatura de conspiração o que fez a monumentos famosos em 2012: pegar neles e esborrachá-los uns contra os outros. O próprio diz que se trata de um thriller histórico do género da série “Os Tudors”, porque envolve a sucessão da Rainha Isabel I, com um incesto pelo meio e o mistério de como as peças de um membro da realeza acabaram associadas ao nome de Shakespeare. Emmerich está ainda indigitado para levar ao cinema, em breve, um clássico da ficção científica de Isaac Asimov, “Foundation”.

Pedro Almodovar vai trabalhar novamente com Antonio Banderas no seu próximo filme intitulado “La Piel Que Habito”, descrito pelo realizador como um filme de terror sem sustos, isto é, aproxima-se do género de terror no sentido em que é um filme duro e com um protagonista cruel mas não respeita nenhuma das suas regras. A história é sobre a vingança de um cirurgião plástico ao homem que violou a sua filha. Do resto do elenco sabe-se apenas que Penélope Cruz não constará dele.

No seguimento do anúncio de Matthew Vaughn, o realizador de “Kick Ass”, como o subsituto de Bryan Singer na cadeira de realizador de “X-Men: First Class”, a argumentista de um dos filmes surpresa do ano vai também desempenhar funções na próxima leva da saga dos mutantes. Depois de uma primeira versão pelas mãos do criador da série “Gossip Girl” Josh Schwartz seguiu-se a parelha Jamie Moss/Bryan Singer como argumentista/realizador, deitada por terra por conflitos de agenda por parte de Singer. De momento, havia uma versão da autoria de Zack Stentz e Ashley Edward Miller (série "Fringe" e o aguardado "Thor"), sobre a qual não se sabe se Jane Goldman reformulará ou anulará. Para além de “Kick Ass”, Goldman tinha já trabalhado com Vaughn em “Stardust”.

Stephen Daldry vai adaptar o romance de Jonathan Safran Foer “Extremely Loud and Incredibly Close”. Este peculiar autor, com uma escrita única e profundamente melancólica e uma visão sobre o mundo pura mas trágica, tem já uma adaptação pelas mãos de Liev Schreiber, “Everything is Illuminated”, protagonizada por Elijah Wood que passou completamente despercebida em Portugal. Enquanto “Everything is Illuminated” contava a história de um jovem norte-americano em busca das suas raizes judias na Ucrânia, deparando-se com os horrores do Holocausto bem presentes nos fantasmas deambulantes em aldeias perdidas do Leste Europeu, “Extremely Loud” conta a história de um rapaz extremamente sensível e imaginativo de 9 anos em busca de resolver um mistério como forma de encarar um outro tipo de horror e de marca para toda a vida: o terrorismo e o 11 de Setembro. Com o seu reportório, (“The Hours”, “The Reader”) e a sensibilidade que transparece para com a melancolia da vida, Daldry parece o homem certo para o trabalho. O argumentista de serviço será Eric Roth (“Forrest Gump”, “Munich”, “The Curious Case of Benjamin Button”).

Noah Baumbach, argumentista e realizador de “The Squid and the Whale”, “Margot at the Wedding” e do mais recente “Greenberg”, já tem novo projecto: “The Emperor’s Children”, a ser protagonizado por Keira Knightley, Eric Bana e Richard Gere. O colaborador de Wes Anderson e escritor existencialista, para lá dos rumores de que poderá estar a reescrever o filme de ladrões “Tower Heist” de Brett Ratner, tomou as rédeas da produção encabeçada por Brian Grazer e originalmente indicada para a direcção de Ron Howard. A história gira em torno de três amigos a viver na Nova Iorque pré 11 de Setembro a chegar à casa dos 30: Marina, pretensa romancista, Danielle, uma pacata produtora de televisão e Julius, um crítico a trabalhar por conta própria. O catalisador da trama é a chegada do primo de Marina, um idealista com ambições de deixar a sua marca no mundo.

Para lá da versão de Pancho Villa com Johnny Depp, Emir Kusturica prepara um outro projecto chamado “Cool Water” e protagonizado por Tahar Rahim, o actor principal do aclamado “Um Profeta”. A história versa sobre dois irmãos palestianos que tentam passar o cadáver do pai de Jerusalém para Ramalá enquanto escapam da polícia israelita e da máfia russa. Esta temática encaixa bem no reportório de Kusturica (“Underground”, “Black Cat, White Cat”) que se concentra sempre no seio familiar e nas complicações que derivam de tradições políticas e culturais pronunciadas.

Michel Gondry, o visionário realizador de “The Science of Sleep” e “Eternal Sunshine of the Spotless Mind” tem numerosos projectos em vista. Depois dos despercebidos “Be Kind, Rewind” e “The Torn in the Heart”, “The Green Hornet”, a adaptação de uma banda desenhada, está em pós-produção e estreará em breve. Mais para a frente teremos “The We and the I”, um filme entre o documentário e a ficção que tratará de como um grupo muda à medida que vai perdendo elementos ou sendo deslocado. Poderá ser inteiramente filmado num autocarro de escola desde a partida no final das aulas até à deposição do último aluno e explorará como o relacionamento entre as pessoas se vai alterando e evoluíndo. Outro projecto será um filme de animação co-realizado pelo seu filho Paul, contando já no elenco com as vozes de Seth Rogen, Juliette Lewis e Steve Buscemi. A história é sobre três miúdos que descobrem como gerar energia a partir do cabelo e decidem cortar o cabelo a toda a gente no mundo inteiro. A partir daí os ricos passam a usar perucas e os pobres ficam simplesmente carecas e o que começou por ser uma boa intenção de melhorar o mundo acaba num regime ditatorial. Há ainda informação relativa a um projecto com Ellen Page sobre adolescentes que viajam no tempo por engano e uma máquina que mantém as pessoas jovens. O título poderá ser “The Return of the Ice Kids”. Por fim, fala-se ainda de uma curta-metragem com Bjork descrito como um musical científico.

Com o estrondoso sucesso comercial e crítico de “Precious”, Lee Daniels tem já projectos no seu futuro, sendo um dos próximos intitulado “Selma” e com Hugh Jackman como protagonista, em parte escrito pelo próprio Daniels. “Selma” é a cidade de Alabama, no sul dos EUA, onde a segregação racial foi mais sentida, culimando numa marcha que acabou em violência e que levou em última instância à assinatura da Declaração dos Direitos Civis. O filme centrar-se-á no Presidente da altura, Lyndon Johnson, e da sua evolução de branco conservador até defensor da igualdade e do seu combate ao Senado e ao poder instituído ao lado de Martin Luther King.

Após 15 anos, Kevin Costner e Kevin Reynolds (“Robin Hood: Prince of Thieves”, “Waterworld”) refarão parelha com “Learning Italian”, uma comédia de espionagem sobre um agente da CIA colocado numa cidade idílica na costa de Itália para controlar uma espia do KGB aí posicionada. Tendo em conta o ambiente, supõe-se que o filme seja de época, algures nos anos 50.

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