domingo, 4 de janeiro de 2009

Crítica - Waltz With Bashir (2008)


Realizado por Ari Folman
Com Ron Ben-Yish, Ari Folmanai, Ronny Dayag, Ari Folman

As animações são geralmente obras divertidas que se dirigem a um público mais jovem, no entanto, também existem obras animadas estritamente dirigidas a um público mais velho. Essas obras são geralmente constituídas por um argumento forte e interessante que apenas será completamente compreendido por um público mais velho. Também no campo gráfico, esses filmes são substancialmente diferentes porque geralmente apostam num visual mais maduro e profissional em vez duns gráficos fantasiosos e praticamente infantis. “Waltz with Bashir” é uma dessas sérias e completas obras animadas, esta espécie de documentário biográfico de origem israelita foi uma das grandes surpresas de 2008 e até esteve nomeado para a prestigiada Palma de Ouro do Festival de Cannes. O argumento do filme tem como ponto central a guerra Israelo-Líbanesa de 1982 e as suas trágicas consequências para os soldados e civis nela envolvidos. Através da personagem israelita, Ari Folman, analisamos intrinsecamente a natureza do ser humano e os efeitos que a culpa e a violência têm na sanidade mental do Homem. Para além de nos levar numa enorme viagem intelectual pelo extenso conflito Israelo-Árabe, “Waltz with Bashir” também nos apresenta um complexo panorama sobre a mente humana e sobre os sentimentos e emoções que a podem alterar.
Apesar de ser realizado por um israelita, “Waltz with Bashir” apresenta-nos uma neutralidade impressionante, na forma como retrata o conflito entre Israel e o mundo Árabe. Ari Folman não atribui culpas e responsabilidades a nenhum dos lados, limitasse a retratar factos e consequências. Desta forma, “Waltz with Bashir” não ataca nem defende Israel mas retrata de forma neutra e verdadeira, a essência negativa deste eterno conflito. Os gráficos do filme não apresentam a mesma qualidade computorizada de obras animadas como “WALL-E”, no entanto, a animação utilizada adequa-se perfeitamente ao espírito da obra. Ao utilizar efeitos visuais simples e pouco complexos, Ari Folman conseguiu criar uma obra animada tecnicamente barata mas qualitativamente rica que se adequa na perfeição à sua portentosa história. Para além dos gráficos visuais, a banda sonora também se assume como um factor técnico de qualidade já que nos apresenta umas sonoridades bastante interessantes e belas. Este surpreendente “Waltz with Bashir”conquistou elogios de diversos especialistas em cinema, elogios que na minha opinião são mais que merecidos. Ari Folman criou uma magnífica obra que marcou 2008 e que certamente irá marcar Portugal.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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