sábado, 3 de janeiro de 2009

Crítica – Moulin Rouge (2001)

Realizado por Baz Luhrmann
Com Nicole Kidman, Ewan McGregor, Richard Roxburgh
.
Baz Luhrmann é aquilo que eu considero um verdadeiro criador em cinema. Em "Moulin Rouge", tal como fizera em "Romeu + Juliet" (1996), o realizador consegue criar um universo de pura representação, i. e., um mundo onde o espectador sabe que nada é o que é, mas tudo lhe diz directamente respeito de alguma forma pois o mundo recriado há muito que faz parte do seu imaginário.
Nesta tragicomédia, quem tem como pano de fundo o famosíssimo cabaret parisiense Moulin Rouge na viragem do século passado, temos a inevitável história de amor contrariado entre a divinal cortesã Satine (Nicole Kidman) e um pobre escritor de teatro, Christian (Ewan McGregor). Amor contrariado pelo Duque (Richard Roxburgh) que quer, com o seu dinheiro, financiar os espectáculos do cabaret agora transformado em teatro, em troca de noites de prazer com a cortesã. Para agravar a situação é diagnosticada a Satine tuberculose em estado terminal. Ainda assim ela tentará a todo o custo preservar a vida do seu amado, mesmo com grande sacrifício pessoal. Não é, como vemos , no argumento que reside a originalidade da obra mas sim no extraordinário encadeamento musical, a partir de êxitos pop muito nossos conhecidos em versões, a maioria das vezes, originais, criando um verdadeiro fio narrativo simultaneamente actual e art nouveau. Este ambiente é reforçado por majestosos cenários, como, por exemplo, o elefante onde Satine habita, por um luxuoso guarda-roupa (ambos galardoados com Óscares da Academia), e ainda coreografias ousadas e muito bem articuladas com a banda sonora.


Embora essa não seja uma opinião unânime, parece-me que a interpretação vocal de Kidman não esteve à altura da de McGregor e do restante elenco, deixando-nos sempre conscientes de que estamos perante uma actriz e não uma cantora. Mas essa falha é compensada por uma excelente construção da cortesã, capaz de se representar a si própria, junto dos homens em geral mas frágil e vulnerável junto daquele que ama. As inúmeras personagens secundárias contribuem para criar o ambiente maravilhoso da vida boémia parisiense, convocando para a cena inúmeras referências do espectador. É este o caso do exótico Toulouse-Lautrec (John Leguizamo) ou do negro Le Chocolat (Deobia Oparei), fazendo do filme um espectáculo muito muito sensual no amplo sentido da palavra. Este filme está disponível em DVD numa edição Fox Home.

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

0 comentários :

Postar um comentário