sábado, 13 de setembro de 2008

Crítica – The Constant Gardener (2005)

Realizado por Fernando Meirelles
Com Rachel Weisz, Ralph Fiennes, Hubert Koundé

Mais uma notável adaptação para o cinema de um grande romance de John LeCarré. The Constant Gerdener é a história de um diplomata britânico casado com uma activista dos Direitos Humanos. O envolvimento desta na denúncia de experiências de medicamentos realizadas por uma poderosa farmacêutica em África leva a que seja brutalmente assassinada. No entanto os assassinos preferiram fazer com que tudo parecesse um crime passional devido a uma rivalidade entre dois supostos amantes de Tessa Quayle (Rachel Weisz). Gradualmente o marido desfeito (Ralph Fiennes), que em vida se alheara do mundo dedicando-se à jardinagem, vai tomando consciência da trama que envolve o assassínio da sua mulher e decide acabar o que esta havia iniciado, caminhando assim para um final em tudo inesperado.
Realizado notavelmente por Fernando Meirelles, esta obra, filmada quase totalmente no Quénia, ganhou uma visão muito especial do Terceiro Mundo. Todo o filme é uma denúncia não só do poder dos lobbies financeiros mas também e sobretudo do imperialismo ainda exercido pelo Ocidente nos países mais carenciados de África. Meirelles sobe como ninguém passar para a tela a a dependência da população queniana, que fez a figuração do filme, da ajuda humanitária dos países ditos desenvolvidos e o modo como essa ajuda funciona como forma de manipulação ao serviço de outros interesses. A vida humana em África surge como qualquer coisa de muito pouco valor e os próprios africanos como seres conscientes e resignados a essa situação. Meirelles consegue ainda conciliar muito bem o universo africano - apresentado em aspectos até aqui ignorados como numa manifestação teatral, por exemplo – com o mundo dito civilizado onde a barbárie e a impunidade igualmente imperam ainda que veladamente. A fotografia do filme a cargo do também brasileiro César Charlone é de uma beleza tocante, bem como a banda sonora constituída em grande parte por músicas populares africanas.


A meu ver o filme peca apenas por uma débil construção do protagonista Justin Quayle (Ralph Fiennes), pois não me parece coerente que um homem que casa de forma quase aventureira com uma jovem que lhe faz frente, adopte ao chegar a África uma postura tão discreta e que não procure de forma alguma controlar ou pelo menos inteirar-se das actividades da mulher. Não me parece que um homem possa assumir comportamentos tão díspares, como a coragem que assume no final ao tentar continuar o caminho de Tessa. Talvez seja, no entanto, esta fragilidade do protagonista, aliada à história de amor que vive com a mulher que tornam o filme menos pesado e mais belo. Rachel Weisz ganhou com este filme o Óscar de Melhor Actriz Secundária, tendo a película sido nomeada para três outras estatuetas que não chegou a receber. The Constant Gardener está disponível em DVD numa edição Focus Features.

Classificação - 5 Estrelas Em 5

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