quarta-feira, 28 de maio de 2008

Crítica - Amadeus (1984)

Realizado por Milos Forman
Com F. Murray Abraham, Tom Hulce, Elizabeth Berridge

“Amadeus” é uma impressionante adaptação cinematográfica da alegórica obra teatral de Peter Shaffer. O realizador checo Milos Forman foi o homem escolhido para dirigir esta imaginativa história sobre a vida de um dos maiores compositores musicais do mundo, Amadeus Mozart. A história é contada pelo conceituado compositor italiano Salieri (F. Murray Abraham) que, após uma tentativa de suicídio, é internado numa instituição psiquiátrica. Durante a sua recuperação, confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart (Tom Hulce) e relata como conheceu, conviveu e passou a odiar o talentoso pianista, que era um jovem irreverente mas que compunha como se a sua música tivesse sido abençoada por Deus.
A história retratada no filme não é exacta de um ponto de vista histórico, muitos dos factos apresentados no filme foram inventados por Shaffer de modo a dramatizar a história. Contudo, o retrato psicológico e físico de Mozart assemelha-se muito aquele que é defendido por maior parte dos historiadores. Também a cidade de Viena do século XVIII aparece retratada de acordo com as características históricas desse tempo. A trama da obra esta muitíssimo bem construída. Os factos inventados foram muito bem misturados com os factos verdadeiros, originando uma história bem encadeada, plausível e com uma envolvente narrativa profunda e interessante. O grande responsável por este magnífico resultado é Peter Shaffer, o responsável pelo guião e pela peça de teatro original, um homem criativo e perfeitamente consciente dos requisitos essenciais que uma boa história deve conter.
O filme assenta principalmente na relação admiração/ódio de Salieri e Mozart. Um duelo entre duas personalidades fortes e talentosas que dá origem a duelos bastante interessantes de sentimentos e ideias. Os dois actores responsáveis por dar vida a estas personagens principais oferecem um dos melhores duelos interpretativos de sempre na história do cinema. Tom Hulce deu vida ao ícone Mozart enquanto que F.Murray assumiu o papel do invejoso mas talentoso Salieri, ambos os actores actuaram a um nível excepcional e ambos foram nomeados para o Óscar de Melhor Actor Principal mas no final foi F. Murray que levou a estatueta para casa. O trabalho de Milos Forman como realizador é como o filme, maravilhoso e quase perfeito. “Amadeus” foi sem dúvida alguma o grande trabalho deste realizador checo que três anos antes tinha realizado o também aclamado “Ragtime”, um excelente filme sobre a recuperação económica americana mas que nunca atingiu a dimensão mediática que “Amadeus” alcançou. Forman, foi um autêntico líder de uma orquestra, comandando muito bem todas as áreas para que estas pudessem convergir num magnífico resultado final. A academia não ficou alheia ao seu interessante e completo trabalho e presenteou-o com o Óscar de Melhor Realizador pela sua majestosa obra.
Como não poderia deixar de ser, a banda sonora do filme aparece-nos repleta de clássicos do famoso compositor, uma selecção das mais bonitas e mais importantes melodias da música clássica que confere ao filme um nível musical soberbo e uma magia audiovisual única. A fotografia da autoria de Miroslav Ondricek é fabulosa, um pouco provocativa mas extremamente fiel ao estilo de vida luxuoso e clássico das classes altas do século XVIII. Em termos visuais o filme é um espectáculo puro e realista de uma época de grandes luxos mas também de grande miséria. A ambientação está deslumbrante e os cenários estão fiéis e muitíssimo bem idealizados, até o vestuário e a maquilhagem foram pensados até ao mais pequeno detalhe, respeitando meticulosamente as especificações da época.
“Amadeus” provou a sua excelência ao conquistar oito Óscares da Academia, incluindo o de Melhor Filme. É uma obra imprescindível para qualquer amante de cinema, “Amadeus” contem um argumento interessantíssimo e bem construído que mistura um retrato biográfico de um dos maiores génios da humanidade com uma profunda lição sobre a natureza humana. Este poderoso argumento é abrilhantado por um visual historicamente fiel e por uma banda sonora fenomenal, bem como uma realização de luxo, resultado de um trabalho intenso e profissional de um homem apaixonado pelo cinema. As duas brilhantes interpretações dos dois protagonistas são apenas a cereja em cima do bolo desta magnífica obra da 7ª arte que ainda hoje é tida como uma referência para dramas históricos.

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

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