quinta-feira, 6 de março de 2008

Crítica - The Other Boleyn Girl (2008)

Realizado por Justin Chadwick
Com Natalie Portman, Scarlett Johansson, Eric Bana, David Morrisey

“The Other Boleyn Girl” é a adaptação ao cinema do romance histórico homónimo da autoria de Philippa Gregory. O filme marca a estreia do realizador Justin Chadwick no cinema já que até hoje só realizou séries de televisão e talvez por isso este filme se aproxima mais de um documentário/ tele-filme do que de uma longa-metragem do grande ecrã, contudo é uma obra interessante que desvenda uma das intrigas mais célebres da história da casa real inglesa, apesar de não oferecer ao publico uma visão completamente ampla e histórica do período em que a acção do filme decorre. Como já referi, o filme é uma adaptação do livro “The Other Boleyn Girl” de Philippa Gregory, uma catedrática inglesa especialista em literatura inglesa que após uma exaustiva pesquisa sobre a vida de Henrique VIII trouxe a publico a verdadeira história por detrás do seu segundo casamento. Nesta obra somos apresentados às irmãs Boleyn, filhas de uma família aristocrata muito pouco importante que se vêem pressionadas pelo pai e tio a integrarem a corte real inglesa e se aproximar o máximo possível do Rei Henrique VIII (Eric Bana) tentando conquistar assim o seu apoio, o que reforçaria o estatuto da família Boleyn na sociedade inglesa. Ana (Natalie Portman) e Maria (Scarlett Johansson), apesar de serem irmãs, são bastante diferentes uma da outra. Maria é mais insegura, tímida e envergonhada mas é a primeira das irmãs a aproximar-se do Rei, conseguindo-o seduzir com os seus encantos femininos, tornando-se sua amante e dando-lhe dois filhos ilegítimos, no entanto, Ana não lhe fica atrás, sendo muito mais directa e destemida que a sua irmã, conseguindo controlar a volátil corte inglesa, afastando a Rainha Catarina e a sua irmã Maria dos braços do Rei. Cada uma das irmãs tem um objectivo diferente, enquanto que Maria só pretende o amor do Rei, Ana quer o poder. Esta luta pelo coração do Rei estende-se pelo tempo e enquanto os dramas amorosos assolam a corte, a Inglaterra começa a viver os primeiros tempos de instabilidade e divisão.
Como o filme e o livro são baseados em factos verídicos, a história não tem como é obvio um final de conto de fadas, acabando o Rei por ficar com a intriguista Ana Boleyn, no entanto, se serve de consolo aos mais românticos, o Rei acaba por condena-la à morte uns anos mais tarde porque planeava casar-se com outra mulher. O argumento do filme parece-me fiel à realidade histórica dos acontecimentos. A adaptação do livro de Gregory para guião foi feita pelo inglês Peter Morgan, um perito em filmes do género já que também colaborou em trabalhos como “The Queen” ou “The Last King of Scotland”. Historicamente, a parte romântica do filme está fiel mas parece-me que outros aspectos históricos fundamentais foram um pouco descurados. A personalidade do Rei Henrique VIII e o que ele representou para a Inglaterra e os grandes problemas religiosos e políticos do Reino de Inglaterra foram praticamente esquecidos. Basicamente, a história inglesa serve como mero pano de fundo para a intriga amorosa com apenas algumas leves referencias dos problemas de Inglaterra, algo que na minha opinião é uma falha grave do filme. Apesar de não abordar pontos históricos fundamentais, a história do filme acaba por se tornar interessante ao retratar com pormenor as relações de bastidores da corte inglesa e demonstrar como era tão fácil criar conflitos internos que poderiam facilmente desmoronar famílias da alta aristocracia inglesa, incluíndo a própria família real. Outro ponto de interesse é o choque de valores e ideais das três personagens principais porque de um lado temos o Rei Henrique VIII, um mulherengo incurável que, como muitos outros monarcas da época, preocupa-se mais com a vida intriguista da corte do que com a vida financeira e social do seu reino, do outro lado da barricada temos duas irmãs com valores e objectivos completamente opostos mas com um fim preciso, conquistar o coração do Rei.
Natalie Portman é o grande destaque do elenco do filme, esta actriz oferece-nos uma interpretação muito boa da malévola e calculista Ana Boleyn. Scarlett Johanson aparece um pouco aquém das expectativas, realmente não é um papel que puxe devidamente por ela mas a inocente Maria Boleyn merecia uma melhor interpretação. Eric Bana está simplesmente perdido no filme, não tendo uma postura digna de um dos reis mais famosos de Inglaterra. A realização do filme é convencional mas eficaz, contudo Justin Chadwick precisa de se lembrar que não está a realizar um episódio de uma série de televisão porque as suas raízes vieram constantemente à superfície. O guarda-roupa e a direcção artística do filme estão em bom plano, representando na perfeição a Inglaterra do século XVI. Em suma, “The Other Boleyn Girl” é uma história sobre um triângulo amoroso, uma boa intriga romântica com imensas jogadas psicológicas de várias partes. A história de Inglaterra aparece em segundo plano e o amor é o grande foco de atenção deste drama razoável.

Classificação - 3 Estrelas Em 5

0 comentários :

Postar um comentário