sábado, 19 de janeiro de 2008

Crítica - The Gangs of New York (2002)

Realizado por Martin Scorsese
Com Leonardo DiCaprio, Cameron Diaz, Daniel Day-Lewis, Jim Broadbent, Brendan Gleeson

"Gangs of New York" (Gangues de Nova York) é uma super-produção de 2001 de encher os olhos, as emoções e os restantes sentidos. Basicamente, tudo no filme é grandioso, desde a ambição do projecto até às magníficas recriações dos locais que reproduzem a Nova York do século 19. Neste filme, a visão de grande metrópole da “cidade que nunca dorme” é posta em segundo plano. A grandeza dos prédios e a luxúria dos bairros chiques dão lugar a uma Nova York lamacenta e selvagem, digamos apenas que a Nova York de Scorsese (que cuidadosamente pesquisou em registos históricos como era a cidade neste tempo) não dava um bom postal de turismo (se existissem no século 19). A cidade está violentamente dividida por gangs rivais que fazem os actuais “gangs” de Nova York parecerem uns cordeirinhos. A lei é corrupta e a ordem inexistente. O filme começa por nos apresentar um embate mortal entre os Nativistas e os Coelhos Mortos. Os primeiros, comandados por Bill Cutting (Daniel Day-Lewis), são racistas e pregam uma América para os americanos, repudiando a chegada dos imigrantes. O segundo grupo, sob o comando do Pastor Vallon (Liam Neeson), é formado por irlandeses e defende o desembarque de imigrantes como parte da formação da mão-de-obra que construirá o país. Os dois gangs envolvem-se em confrontos com hora, lugar e regras determinadas pelo controlo de uma região chamada Five Points. O embate é sanguinário. Durante a batalha, o pequeno Amsterdam vê o seu pai, Vallon, morrer às mãos de Cutting e no melhor estilo dos antigos filmes do velho oeste, jura vingança sobre a sua morte. Após 15 anos de ausência, Amsterdam regressa a Five Points com o objectivo de cumprir o prometido mas fica numa posição muito difícil quando conhece Jenny Everdeane (Cameron Diaz), uma carteirista enigmática cuja independência e inegável beleza o fascinam, o que complica inesperadamente o plano dele. O percurso de Amsterdam transforma-se numa luta plena de vingança e de sobrevivência que atinge uma impetuosa progressão durante a Guerra Civil, o acontecimento mais violento de instabilidade urbana que a nação americana alguma vez pensou assistir.
Não pensem que "Gangs of New York" é o típico filme que se centra na vingança pessoal porque é muito mais que isso, é um rico painel sobre as origens da civilização norte-americana, se é que a palavra "civilização" cabe na barbárie descrita pelo filme. Sem um poder central atenuante e com o próprio país dividido pela Guerra Civil, a cidade obedece apenas a uma única regra, a lei do mais forte. A corrupção política é a regra do jogo, os mais fracos vendem-se em troca de protecção aos violentamente poderosos e o abismo entre as classes sociais é gigantesco. É uma época onde o governo cobra uma pequena fortuna para que os jovens das classes mais abastadas não sejam convocados para a guerra. No argumento não há lugar para os típicos falsos ideais de glória, heroísmo e patriotismo que os norte-americanos adoram ressaltar sempre que contam a sua história nas telas do cinema. Graças a esta atitude, o filme foi fortemente criticado pelos jornais do interior e o resultado foi um fracasso nas bilheteiras norte-americanas, principalmente nos Estados Republicanos, isto também porque o filme dá-se ao luxo de criticar o Governo Bush e os Republicanos no rescaldo do resultado das eleições de 2000, através de uma cena polémica em que um político corrupto afirma perante todos os presentes que o que decide as eleições em Nova York não são os votos mas sim o dinheiro, recorde-se que Bush era o candidato com mais dinheiro e mais influencias politicas mas que supostamente perdeu as eleições de 2000, no entanto, está no poder actualmente. O argumento do filme baseia-se no homónimo livro de Herbert Ashbury, um escritor que Scorsese admitiu admirar desde a sua adolescência. O elenco do filme encontra-se perfeito, principalmente Daniel Day-Lewis que regressou com este filme aos palcos internacionais após uma longa pausa. Leonardo DiCaprio e Cameron Diaz também nos oferecem excelentes prestações cinematográficas.
Apesar de ter sido um fracasso nas bilheteiras, o filme arrecadou 10 nomeações para os Óscares, mostrando que apesar da controvérsia, esta produção tinha na verdade uma qualidade fora do normal, no entanto, acabou por não conquistar qualquer prémio, tendo perdido uma grande maioria das categorias para o fenómeno "Chicago". Não venceu nos Óscares mas venceu nos Globos de Ouro, tendo conquistado os prémios para Melhor Música e Melhor Realizador. "Gangs of New York" é sem dúvida um filme a não perder, pode ter sido injustamente tratado pela crítica mundial mas a verdade é que foi um dos primeiros grandes filmes do Novo Milénio.

Classificação - 5 Estrelas Em 5

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