domingo, 2 de dezembro de 2007

Crítica - Eastern Promises (2007)

Realizado por David Cronenberg
Com Viggo Mortensen, Naomi Watts, Armin Mueller-Stahl

"Eastern Promises" (Promessas Perigosas) é o novo trabalho de David Cronenberg, um complexo cineasta que nos apresenta um thriller psicologicamente perfeito que brinca com a mente do espectador da mesma maneira que as personagens do filme brincam ao jogo do rato e do gato entre elas. O argumento de Steven Knight e o trabalho criativo de Cronenberg estão muito próximos da perfeição, ambas conciliam-se na perfeição e o resultado final é um filme que consegue induzir a quem o vê, uma tensão e um suspence inacreditáveis. Em "Eastern Promises" acompanhamos a história de Anna (Naomi Watts), uma parteira de um hospital de Londres que fica bastante perturbada quando uma das suas pacientes morre durante o parto. A boa vontade de Anna leva-a a procurar os familiares do recém-nascido a partir do diário da sua mãe que está completamente escrito em russo. Ela pede ajuda a Semyon (Armin Mueller-Stahl), o dono de um dos mais famosos restaurantes da comunidade russa de Londres. O que ela desconhece é que Semyon é o chefe da temida facção da máfia russa, Vory V Zakone, em Londres e também desconhece que ele utiliza o seu restaurante como fachada para os negócios obscuros e ilegais da Vory como a prostituição ou o tráfico de drogas. Semyon descobre que o diário que Anna tem na sua posse contém bastante informação incriminatória das actividades da Vory, assim sendo, decide não arriscar e tenta a todo o custo obter o diário. A única esperança de salvação de Anna reside em Nikolai (Viggo Mortensen), o guarda-costas e motorista de Semyon e um dos membros mais perigosos da máfia russa que acaba por se apaixonar por Anna, ficando portanto dividido entre as suas duas grandes paixões: a Vory e Anna.


A sua história é maioritariamente apoiada na extraordinária interpretação de Viggo Mortensen como Nikolai, um actor que consegue aqui uma das suas melhores performances dos últimos tempos. A personagem que ele interpreta, Nikolai, foi criada como sendo o intermediário entre o bem (Anna) e o mal (Semyon) e há sempre um suspence no ar para saber para qual dos lados ele irá pender. A realização de Cronenberg é muito boa. Eu acho que ele conseguiu captar em filme a essência do argumento, ou seja, conseguiu contar uma história única sobre a violência e o crime organizado num microcosmos como uma comunidade russa numa metrópole inglesa. Cronenberg está actualmente a atravessar uma fase criativa em que utiliza o noir e o realismo como uma forma abstracta de contar uma história, assim sendo, somos confrontados em "Eastern Promises" com uma obra com vários contornos noir que se evidenciam nas cores da sua magnífica fotografia ou no seu maravilhoso final. "Eastern Promises" é inspirador e arrebatador, uma obra-prima que me apaixonou e exaltou devido à sua dureza e à sua agressividade. A sua crueldade e a sua violência não são disfarçadas em nenhum momento, como se pode comprovar pela abundância de sangue que é derramado durante as fantásticas sequências de luta onde sentimos cada ponta de contacto físico. A comparação com "The Godfather" é inevitável pois o tópico máfia, quando retratado com uma visão soberba como neste filme, só pode ser comparado com obras do mesmo calibre.

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

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