Realizado por Joseph Kosinski
Com Jeff Bridges, Garrett Hedlund, Olivia Wilde, Bruce Boxleitner, James Frain, Michael Sheen
Decorria o ano de 1982 quando “TRON” – um filme de ficção-científica ambiciosamente arrojado – estreou nas salas de cinema mundiais. Vista agora (28 anos mais tarde), essa obra saída dos sonhos de Steven Lisberger faz-nos torcer o nariz por causa dos seus efeitos visuais tremendamente datados e do seu aspecto visual algo rudimentar. Porém, na altura, “TRON” foi visto como algo que viria a revolucionar o cinema por completo. Algo que viria a modificar a forma como se encarava o próprio modus operandi da Sétima Arte e suas infinitas potencialidades. Produzida pelos estúdios Disney, “TRON” foi uma das primeiras obras a jogar com a inserção de personagens reais num contexto inteiramente virtual. De certa forma, poder-se-á dizer que “TRON” tentou fazer aquilo que “The Matrix” viria a fazer, mas numa altura em que os meios tecnológicos eram ainda elementares e de flexibilidade extremamente limitada. O que, só pela audácia de tal empreendimento, lhe reservou um merecido lugar de destaque na História das artes audiovisuais.
E eis que, quase três décadas mais tarde, surge a tão aguardada sequela. O próprio Jeff Bridges chegou a afirmar que a realização de uma sequela vinte e tal anos após o filme original deveria constituir um recorde. De facto, não há memória de algo semelhante. Normalmente, as sequelas surgem dois ou três anos após a estreia dos seus predecessores. “TRON” é uma obra já tão datada, que muitos dos que agora se predispõem a ver a sequela não fazem a mínima ideia dos eventos que ocorreram na obra original. Mas esta é uma saga muito especial. E os produtores responsáveis por ela terão percebido que, para resultar em pleno, uma eventual sequela teria de aguardar por uma altura em que os meios tecnológicos lhes permitissem sonhar sem quaisquer limitações (tanto a nível técnico como orçamental). Pois é justo dizer que essa altura chegou finalmente. E agora, “TRON: Legacy” aterra nas salas de cinema mundiais com a promessa de voltar a revolucionar a indústria cinematográfica.
Com Jeff Bridges, Garrett Hedlund, Olivia Wilde, Bruce Boxleitner, James Frain, Michael Sheen
Decorria o ano de 1982 quando “TRON” – um filme de ficção-científica ambiciosamente arrojado – estreou nas salas de cinema mundiais. Vista agora (28 anos mais tarde), essa obra saída dos sonhos de Steven Lisberger faz-nos torcer o nariz por causa dos seus efeitos visuais tremendamente datados e do seu aspecto visual algo rudimentar. Porém, na altura, “TRON” foi visto como algo que viria a revolucionar o cinema por completo. Algo que viria a modificar a forma como se encarava o próprio modus operandi da Sétima Arte e suas infinitas potencialidades. Produzida pelos estúdios Disney, “TRON” foi uma das primeiras obras a jogar com a inserção de personagens reais num contexto inteiramente virtual. De certa forma, poder-se-á dizer que “TRON” tentou fazer aquilo que “The Matrix” viria a fazer, mas numa altura em que os meios tecnológicos eram ainda elementares e de flexibilidade extremamente limitada. O que, só pela audácia de tal empreendimento, lhe reservou um merecido lugar de destaque na História das artes audiovisuais.
E eis que, quase três décadas mais tarde, surge a tão aguardada sequela. O próprio Jeff Bridges chegou a afirmar que a realização de uma sequela vinte e tal anos após o filme original deveria constituir um recorde. De facto, não há memória de algo semelhante. Normalmente, as sequelas surgem dois ou três anos após a estreia dos seus predecessores. “TRON” é uma obra já tão datada, que muitos dos que agora se predispõem a ver a sequela não fazem a mínima ideia dos eventos que ocorreram na obra original. Mas esta é uma saga muito especial. E os produtores responsáveis por ela terão percebido que, para resultar em pleno, uma eventual sequela teria de aguardar por uma altura em que os meios tecnológicos lhes permitissem sonhar sem quaisquer limitações (tanto a nível técnico como orçamental). Pois é justo dizer que essa altura chegou finalmente. E agora, “TRON: Legacy” aterra nas salas de cinema mundiais com a promessa de voltar a revolucionar a indústria cinematográfica.
Os que não tiverem visto a obra original, não têm nada a recear. Pois ao longo do filme e de forma perfeitamente integrada com a nova narrativa, os eventos de “TRON” são relatados e explicados ao pormenor, pondo o espectador mais desconhecedor a par das operações com relativa facilidade. Vários anos passaram desde que Kevin Flynn (Jeff Bridges) se viu transportado para o interior do seu próprio programa informático e não mais conseguiu sair. Traído por Clu (aqui interpretado por um Jeff Bridges virtual) – programa da sua autoria, formatado para dar origem ao sistema perfeito – Flynn é obrigado a viver exilado, tendo como única companheira e protectora uma misteriosa rapariga chamada Quorra (Olivia Wilde). Por mais que tente, Flynn não consegue regressar ao mundo real porque o portal que o transportou para o mundo digital se encontra encerrado. Esse portal poderia apenas ser reactivado se um outro humano (no mundo de TRON apelidados de “utilizadores”) efectuasse o mesmo percurso de Flynn. E é quando o atlético e irreverente filho de Flynn – Sam (Garrett Hedlund) – se vê igualmente engolido pelo sistema informático, que o mundo de TRON dá uma reviravolta. Pois apesar de somente desejar encontrar o seu pai e trazê-lo de volta ao mundo real, Sam depressa se vê envolvido num mundo de perigo constante. Um mundo onde a informação digital assume uma importância extrema e onde o mínimo passo em falso pode deixar Clu com via aberta para escravizar o ser humano…
Comecemos por analisar aquilo que, imediatamente, salta à vista neste “TRON: Legacy”: a sua componente visual. Tendo as conta as expectativas formadas em torno desta obra e tendo também em conta as suas próprias aspirações enquanto obra tecnicamente revolucionária, é um alívio constatar que estamos perante uma obra tecnicamente perfeita. A todos os níveis. Os cenários tão delirantes quanto sóbrios são absolutamente deslumbrantes. O guarda-roupa vanguardista quase que assume contornos de personagem principal. A electrizante banda-sonora composta pelos famosos Daft Punk tem o dom de encantar mesmo quem não é fã de música electrónica (como eu). O 3D, apesar de se encontrar muito longe do apresentado num “Avatar” ou num “Alice in Wonderland”, contribui para uma experiência cinematográfica ainda mais avassaladora. E as sequências de acção (afinal de contas, elementos de relevância extrema numa obra como esta) desenrolam-se com uma fluidez, uma dinâmica e uma naturalidade dignas de registo. Por tudo isto, “TRON: Legacy” afirma-se, de facto, como uma das aventuras mais brilhantes, criativas e originais dos últimos anos. Joseph Kosinski comprovou que realizadores estreantes também podem ser bem-sucedidos a liderar obras tão exigentes como esta, manuseando a câmara e brincando com os jogos de luz dos diversos cenários com admirável competência e frescura artística. E no que à performance dos actores diz respeito, o melhor que se pode dizer é que nenhum deles compromete, mantendo a chama bem acesa até ao fim, naquilo que constitui um bom regresso de Jeff Bridges ao papel de Kevin Flynn e um bom salto de Olivia Wilde para o grande ecrã. Sem esquecer, claro, a curta mas extraordinária interpretação de Michael Sheen na pele de Zuse – o excêntrico e intratável dono de uma espécie de delirante discoteca virtual.
Comecemos por analisar aquilo que, imediatamente, salta à vista neste “TRON: Legacy”: a sua componente visual. Tendo as conta as expectativas formadas em torno desta obra e tendo também em conta as suas próprias aspirações enquanto obra tecnicamente revolucionária, é um alívio constatar que estamos perante uma obra tecnicamente perfeita. A todos os níveis. Os cenários tão delirantes quanto sóbrios são absolutamente deslumbrantes. O guarda-roupa vanguardista quase que assume contornos de personagem principal. A electrizante banda-sonora composta pelos famosos Daft Punk tem o dom de encantar mesmo quem não é fã de música electrónica (como eu). O 3D, apesar de se encontrar muito longe do apresentado num “Avatar” ou num “Alice in Wonderland”, contribui para uma experiência cinematográfica ainda mais avassaladora. E as sequências de acção (afinal de contas, elementos de relevância extrema numa obra como esta) desenrolam-se com uma fluidez, uma dinâmica e uma naturalidade dignas de registo. Por tudo isto, “TRON: Legacy” afirma-se, de facto, como uma das aventuras mais brilhantes, criativas e originais dos últimos anos. Joseph Kosinski comprovou que realizadores estreantes também podem ser bem-sucedidos a liderar obras tão exigentes como esta, manuseando a câmara e brincando com os jogos de luz dos diversos cenários com admirável competência e frescura artística. E no que à performance dos actores diz respeito, o melhor que se pode dizer é que nenhum deles compromete, mantendo a chama bem acesa até ao fim, naquilo que constitui um bom regresso de Jeff Bridges ao papel de Kevin Flynn e um bom salto de Olivia Wilde para o grande ecrã. Sem esquecer, claro, a curta mas extraordinária interpretação de Michael Sheen na pele de Zuse – o excêntrico e intratável dono de uma espécie de delirante discoteca virtual.
Mas apesar de todas estas virtudes, nem tudo funciona da melhor maneira em “TRON: Legacy”. Naquilo que constitui, talvez, a única falha técnica da película, o rosto virtual de Jeff Bridges enquanto Clu deixa algo a desejar, não conseguindo abstrair o espectador do facto de estar a olhar para um boneco computorizado. Mas esse é também o menor dos seus pecados, pois fazer melhor do que isto era difícil. O que mais de negativo tenho a apontar a esta obra prende-se com a história demasiado vulgar e ligeiramente previsível. A narrativa (ou a story-line, como preferirem) desenvolve-se de forma competente e nunca aborrece o espectador. Mas a história em si, os factos que a obra relata, jamais conseguem ir para além da trivialidade, presenteando o espectador com algo que ele já viu inúmeras vezes e deixando-o com um sabor levemente amargo na boca. Principalmente a forma como o filme encerra, pende demasiado para o happy-ending excessivamente certinho e subtilmente desapontante. Neste campo, esperava algo de mais extraordinário. Mas enfim… também não se pode ter tudo, até porque obras perfeitas é coisa que não existe.
Em suma, “TRON: Legacy” afirma-se facilmente como uma obra de variados e assombrosos requintes, prometendo fazer boas receitas no box-office e deslumbrar espectadores um pouco por todo o mundo. Visualmente, estamos perante um filme que roça a perfeição e que nos deixa sempre com o apetite bem aberto para o que vem a seguir. E apesar de, na minha opinião, ter ficado um pouco longe de poder vir a revolucionar o cinema, também não deixa de ser verdade que cumpre os seus propósitos quase por inteiro, dando ao espectador aquilo que ele pedia e ficando com a via aberta para continuações que, ao que parece, estão já aí na calha.
Em suma, “TRON: Legacy” afirma-se facilmente como uma obra de variados e assombrosos requintes, prometendo fazer boas receitas no box-office e deslumbrar espectadores um pouco por todo o mundo. Visualmente, estamos perante um filme que roça a perfeição e que nos deixa sempre com o apetite bem aberto para o que vem a seguir. E apesar de, na minha opinião, ter ficado um pouco longe de poder vir a revolucionar o cinema, também não deixa de ser verdade que cumpre os seus propósitos quase por inteiro, dando ao espectador aquilo que ele pedia e ficando com a via aberta para continuações que, ao que parece, estão já aí na calha.
Classificação – 4 Estrelas Em 5