Realizado por Mikael Hafstrom
Com Anthony Hopkins, Colin O’Donoghue, Alice Braga, Ciarán Hinds, Toby Jones, Rutger Hauer
Sempre que estreia um filme de exorcismos, eu não consigo resistir. Tenho de ir vê-lo, custe o que custar. Talvez seja por ainda acalentar a esperança de assistir ao digno sucessor de “The Exorcist” nos cinemas. Talvez seja por desejar voltar a viver aquela sensação de absoluto terror, que só o mítico filme de William Friedkin nos proporciona. Talvez seja por querer acreditar que o género do terror não está a morrer a olhos vistos… Certo é que, ano após ano, lá estou eu na obscuridade da sala de cinema, ingenuamente à espera de ser surpreendido por um qualquer demónio girador de cabeças. Digo ingenuamente, porque as últimas décadas ensinaram-me a ver que a grande maioria destes filmes são puro lixo cinematográfico. Todos eles tentam copiar (por vezes, de forma descarada) o referido “The Exorcist” e todos eles acabam por fracassar redondamente. É já por isso que faço por entrar na sala de cinema com as expectativas bem baixas. Pois se as expectativas forem baixas à partida, a eventual desilusão não deve atingir níveis demasiado elevados. Porém, por muito baixas que as minhas expectativas sejam, filmes como este “The Rite” conseguem ser ainda mais desastrosos do que se esperava. E uma vez mais, lá saio eu da sala de cinema com a cabeça a deitar fumo…
Com Anthony Hopkins, Colin O’Donoghue, Alice Braga, Ciarán Hinds, Toby Jones, Rutger Hauer
Sempre que estreia um filme de exorcismos, eu não consigo resistir. Tenho de ir vê-lo, custe o que custar. Talvez seja por ainda acalentar a esperança de assistir ao digno sucessor de “The Exorcist” nos cinemas. Talvez seja por desejar voltar a viver aquela sensação de absoluto terror, que só o mítico filme de William Friedkin nos proporciona. Talvez seja por querer acreditar que o género do terror não está a morrer a olhos vistos… Certo é que, ano após ano, lá estou eu na obscuridade da sala de cinema, ingenuamente à espera de ser surpreendido por um qualquer demónio girador de cabeças. Digo ingenuamente, porque as últimas décadas ensinaram-me a ver que a grande maioria destes filmes são puro lixo cinematográfico. Todos eles tentam copiar (por vezes, de forma descarada) o referido “The Exorcist” e todos eles acabam por fracassar redondamente. É já por isso que faço por entrar na sala de cinema com as expectativas bem baixas. Pois se as expectativas forem baixas à partida, a eventual desilusão não deve atingir níveis demasiado elevados. Porém, por muito baixas que as minhas expectativas sejam, filmes como este “The Rite” conseguem ser ainda mais desastrosos do que se esperava. E uma vez mais, lá saio eu da sala de cinema com a cabeça a deitar fumo…
Assisti à antestreia nacional deste filme no mais recente Fantasporto. E em abono da verdade, devo dizer que foi dos filmes que mais indiferença gerou nos espectadores. Poucos foram aqueles que bateram palmas no final (um acto de tradição no Fantasporto), o que diz, desde logo, muito sobre a qualidade desta obra. A melhor forma de analisá-la passa por dizer que não traz absolutamente nada de novo a um género cinematográfico (infelizmente) moribundo. Saímos da sala com a sensação de que já assistimos umas milhentas vezes às peripécias relatadas e, pior do que tudo, os minutos passam e sentimo-nos como se o filme não tivesse ainda começado, tal é a aura sensaborona que paira sobre toda a película.
Mas comecemos pela narrativa. Michael Kovak (um Colin O’Donoghue acabadinho de sair da escola de actores) é um estudante de seminário que se debate com a sua própria fé. Preferindo analisar o mundo que o rodeia através de um olhar científico, Michael orgulha-se do seu ateísmo, tendo ingressado no seminário apenas por imposição do seu pai austero (Rutger Hauer). A sua intransigência faz-se notar de tal forma, que o padre Matthew (Toby Jones) decide enviá-lo para Roma, com o intuito de frequentar um novo curso de exorcismos a fazer lembrar a escola militar de “Starship Troopers”. É aí que o padre Xavier (Ciarán Hinds em piloto automático) lhe fala de Lucas Trevant (Anthony Hopkins longe do seu melhor registo, mas que, ainda assim, consegue ser o que de mais positivo este filme possui), um expert no que concerne o intricado ritual do exorcismo e o homem que passará, desde aquele dia, a monitorizar a sua aprendizagem em Roma. Acompanhando Lucas numa data de exorcismos, Michael começa por manter o seu vincado cepticismo em relação à existência do Diabo. Mas quando as manifestações do Demo se começam a tornar mais impressionantes, o jovem seminarista vê-se obrigado a reflectir sobre aquilo em que acredita realmente. Sob pena de ver a sua vida perigosamente ameaçada pelos actos de um impetuoso demónio das profundezas…
Apesar de gasta e terrivelmente previsível, a premissa de “The Rite” até deixava antever a possibilidade de estarmos perante uma obra minimamente interessante. Porém, conforme se pode perceber por aquilo que já foi dito, Mikael Hafstrom não foi capaz de dar a volta a um argumento demasiado colegial e tudo acabou por desaguar em mais duas horas de um cinema perfeitamente dispensável.
Ao contrário de muitas outras obras do género, “The Rite” não é puro lixo cinematográfico. Desse rótulo, lá acaba por se salvar. Mas a verdade é que também não anda muito longe dele. A performance de um Anthony Hopkins à espera de melhores papéis ainda nos consegue manter atentos ao que se passa no ecrã, encontrando-se no actor galês de 73 anos os melhores momentos da película. A fotografia de Ben Davis também se afirma como um dos poucos pontos positivos do filme, apresentando-nos alguns cenários com uma palete de sombras verdadeiramente arrepiante. Mas fora esses dois aspectos, pouco ou nada mais se consegue aproveitar, numa obra em que a previsibilidade e o academismo da narrativa chegam a irritar. Colin O’Donogue e Alice Braga nunca conseguem fazer com que as suas personagens toquem o espectador e se tornem verosímeis. Principalmente a personagem da actriz brasileira, é de um convencionalismo "hollywoodesco" verdadeiramente alarmante. Só precisamos de assistir a duas ou três cenas da sua Angeline para percebermos o papel que lhe está destinado no final. Se fosse propositado, isto ainda poderia ser aceitável. Mas como não o é, torna-se simplesmente embaraçoso para um filme que se queria polémico e irreverente.
Ainda não foi desta que um filme de exorcismos voltou a marcar pontos na História do cinema. “The Rite” parece ter sido feito por alguém que não acredita no potencial dramático de um filme desta natureza. Quer surpreender, mas acaba apenas por aborrecer. E não há mais a dizer sobre uma obra que dá a sensação de já ter sido analisada um sem número de vezes.
Ainda não foi desta que um filme de exorcismos voltou a marcar pontos na História do cinema. “The Rite” parece ter sido feito por alguém que não acredita no potencial dramático de um filme desta natureza. Quer surpreender, mas acaba apenas por aborrecer. E não há mais a dizer sobre uma obra que dá a sensação de já ter sido analisada um sem número de vezes.
Classificação – 2 Estrelas Em 5