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terça-feira, 27 de julho de 2010

Crítica – The Ghost Writer (2010)

Realizado por Roman Polanski
Com Ewan McGregor, Pierce Brosnan, Kim Cattrall

Longe de ser o melhor filme do realizador, The Gost Writer apresenta-se ainda assim como um bom thriller e uma interessante adaptação do romance de Robert Harris. O escritor-fantasma (Ewan McGregor) é contratado para acabar as memórias do Primeiro- ministro inglês, deixadas incompletas pelo seu antecessor, que morreu em circunstâncias estranhas. Para comprimir a sua tarefa, o escritor muda-se para uma ilha perto de Nova Iorque, onde o Primeiro-Ministro britânico tem uma casa muito sofisticada sobre a praia e completamente vigiada pela segurança. Nessa casa, fechada sobre si mesma apesar das paredes em vidro, encontram-se também as secretárias do Primeiro-ministro, Adam Lang (Pierce Brosnan), a inesquecível assistente e amante, Amélia Bly (Kim Cattrall,)e a esposa destroçada emocionalmente, Ruth (Olivia Williams).
O escritor, para além de escrever as memórias, empreende uma investigação por conta própria sobre a morte do seu antecessor e as informações secretas que o manuscrito continha mas que ninguém sabia decifrar. Fotos comprometedoras que vêm parar às suas mãos também o iluminam na sua pesquisa. Assente sobre tudo em diálogos reveladores de uma forte tensão psicológica, The Ghost Writer é uma denúncia à colaboração do governo inglês como os interesses americanos, podendo reconhecer-se em Lang alguns traços de Tony Blair bem como de George Bush. É ainda uma denúncia da luta no Iraque, dos lobbies políticos e ainda da degradação moral, da miséria emocional e dos danos colaterais de qualquer batalha.


Pessoalmente não considero o filme superior a outras obras de Polanski. Ainda que as interpretações de McGregor, Catrall, Olvia Williams e mesmo de Pierce Brosnan sejam bastante versáteis e marcantes, o filme acaba por cair nos estereótipos do género com perseguições, políticos enigmáticos, seguranças sanguinários, sexo e traições não trazendo nada de novo a este tipo de cinema. Esta recorrência de clichés diminui o interesse na intriga que de um intrincado jogo político se transforma numa narrativa à la Hollywood que desperta fundamentalmente no espectador a curiosidade de saber quem mata quem. Por outro lado, as figuras visadas já foram demasiado analisadas pela opinião pública para esta machadada alterar alguma coisa. Na própria rodagem do filme revemos cenas do nosso imaginário como Lang a morrer nos braços da esposa legítima ou que se torna cansativo e corta o efeito surpreso. Esse efeito é apenas conseguido nos minutos finais que dão algum valor acrescentado ao fio narrativo.


Classificação - 4 Estrelas Em 5

sábado, 17 de julho de 2010

Crítica - The Ghost Writer (2010)


Realizado por Roman Polanski
Com Ewan McGregor, Jon Bernthal, Kim Cattrall, Pierce Brosnan, Olivia Williams

O mais recente trabalho cinematográfico de Roman Polanski, “The Ghost Writer”, não é tão cativante ou tão interessante como o seu maior sucesso cinematográfico, “The Pianist” (2002), muito provavelmente, uma das melhores longas-metragens dos últimos anos, no entanto, “The Ghost Writer” não é um trabalho medíocre ou comum, muito pelo contrário, é um thriller intenso e extremamente incisivo. O filme é uma adaptação cinematográfica de “Ghost”, um romance literário da autoria de Robert Harris e é protagonizado por Ewan McGregor, um conhecido actor escocês que interpreta um talentoso Ghost Writer (Escritor Fantasma) que é contratado para escrever as memórias de um antigo primeiro-ministro britânico, Adam Lang (Pierce Brosnan), memórias essas que estavam a ser escritas por outro escritor fantasma que morreu subitamente sob misteriosas circunstâncias. O novo escritor é então “convidado” a visitar Adam Land na sua isolada residência com o intuito de concluir a sua autobiografia, no entanto, mal chega à residência, um escândalo rebenta sobre o suposto envolvimento do antigo ministro e da sua administração em crimes contra a humanidade, crimes esses que foram praticados com a conivência dos serviços secretos norte-americanos. À luz destes novos acontecimentos, este “fantasma” chega rapidamente à conclusão que este seu novo trabalho irá colocar a sua carreira e a sua vida em risco.


A história deste “The Ghost Writer” é muito cativante mas é muito extensa, assim sendo, somos casualmente confrontados com momentos narrativos mais enfadonhos e menos elucidativos, no entanto, esses momentos não são uma constante. O seu início é lento e não é muito atractivo mas é muito competente, no entanto, “The Ghost Writer” só começa a ser verdadeiramente interessante e emocionante quando o Ghost Writer se instala na enorme residência de Adam Lang, uma mansão isolada onde somos expostos a um clima sombrio muito tenso e visivelmente claustrofóbico, um clima onde os mistérios e os conluios, uns inventados outros verdadeiros, são abundantes e constantes. O trabalho literário deste Ghost Writer é então subitamente transformado, à luz destes misteriosos acontecimentos, numa enorme investigação aos comportamentos e às actividades de Adam Lang e dos seus assistentes e familiares, uma investigação acidentada e muito arriscada onde os sobressaltos e as reviravoltas são constantes. O Ghost Writer obedece a uma construção narrativa muito inteligente, no entanto, Adam Lang é a personagem principal mais interessante. As semelhanças entre Adam Lang e Tony Blair são imensas e até o escândalo internacional que é descrito nesta narrativa é muito semelhante àquele que afectou o antigo Primeiro-Ministro do Reino Unido, no entanto, a história verídica de Tony Blair teve um desfecho muito menos sinistro. A conclusão desta longa-metragem é a mais correcta atendendo às várias circunstâncias, no entanto, uma solução menos fatídica também seria credível. A conclusão também nos oferece vários momentos secundários muito interessantes, como por exemplo, as surpreendentes revelações sobre as verdadeiras intenções de Ruth Lang (Esposa de Adam Lang) e a simbólica e metafórica última cena.


O trabalho de Roman Polanski é muito bom, este cineasta continua criativamente impecável aos setenta e seis anos e nem os seus inúmeros problemas pessoais o conseguem destabilizar. Polanski conseguiu criar um clima excelente onde os sentimentos de incerteza e de insegurança são criados instantaneamente e onde o suspense está sempre presente. A mestria cinematográfica de Roman Polanski é habilmente misturada com as magníficas e relevantes sonoridades da autoria de Alexandre Desplat. O trabalho fotográfico de Paweł Edelman também é muito bom, as várias paisagens cinzentas e os cenários elitistas mas tensos oferecem a este “The Ghost Writer” uma dimensão extraordinária. O seu elenco também nos oferece uma performance muito boa. Ewan McGregor e Pierce Brosnan estão excelentes como o Ghost Writer e Adam Lang. O elenco secundário é liderado por duas conhecidas actrizes, Kim Cattrall Olivia Williams, uma interpreta uma rigorosa assistente/amante e a outra interpreta uma esposa distante e misteriosa. Em suma, “The Ghost Writer” é um thriller extasiante e muito acessível sobre embustes e escândalos, Roman Polanski volta a nos oferecer um excelente trabalho cinematográfico que não deverá desapontar os verdadeiros apreciadores de thrillers políticos/criminais.

Classificação – 4 Estrelas Em 5