Realizado por Marc Forster
Com Daniel Craig, Judi Dench, Olga Kurylenko
O agente secreto mais famoso do mundo está de regresso ao grande ecrã com “Quantum of Solace”, o 22º filme da saga 007 criada por Ian Fleming em 1953. Esta nova aventura de James Bond, não é baseada em nenhum livro de Fleming já que dá continuidade à história iniciada em “Casino Royale” onde Bond (Daniel Craig) foi traído por Vesper Lynd (Eva Green), uma das poucas mulheres que verdadeiramente amou. A traição de Vesper deixou profundas marcas num devastado Bond que se mostra decidido em embarcar numa perigosa investigação para descobrir a verdade por detrás da traição da sua amada. Essa investigação começa com um interrogatório levado a cabo por M (Judi Dench) a Mr. White (Jesper Christensen), que revela que a organização que chantageou Vesper é bem mais complexa e perigosa do que alguém poderia imaginar. Entretanto, alguns especialistas fazem uma ligação entre um traidor da MI6 e uma conta bancária no Haiti, onde um caso de identidade trocada apresenta Bond à bela mas perigosa Camille (Olga Kurylenko), uma mulher que tem a sua própria vingança para cumprir mas que assumirá um papel fundamental nas investigações do 007. Camille apresenta Bond a Dominic Greene (Mathieu Amalric), um impiedoso empresário que se assume como um poderoso membro da misteriosa organização e que se encontra envolvido numa conspiração mundial, que tem como finalidade “roubar” um dos mais importantes recursos naturais do mundo, algo que só será possível se conseguir celebrar um acordo com o exilado General Medrano (Joaquin Cosio). Usando os seus assessores dentro da misteriosa organização e manipulando os seus poderosos contactos dentro da CIA e do governo britânico, Greene promete ao General acabar com o actual regime político da Bolívia e entregar-lhe o poder, caso receba em troca um pedaço aparentemente insignificante de terra. Enredado num labirinto de traições, mentiras e mortes, Bond irá recorrer a todas as suas artimanhas e contactos para desvendar a tão ansiada verdade e acabar com o sinistro plano de Greene.
O argumento de “Quantum of Solace” apresenta, em termos gerais, uma qualidade aceitável para um filme 007, no entanto, este argumento está longe de ser prefeito já que apresenta alguns aspectos bastante negativos que claramente prejudicam a qualidade geral da obra. Um desses aspectos é a ausência de alguns elementos característicos da saga como os engenhosos mecanismo de espiões ou a mítica frase “My name is Bond, James Bond!”. A ausência destes e de outros pormenores pode parecer insignificante, mas a verdade é que foram estes clichés que ajudaram a construir a reputação e o legado dos filmes 007, a sua ausência é portanto lamentável e fortemente sentida pelos fãs e apreciadores da saga. Outro aspecto negativo do argumento, é o seu exacerbado conservadorismo presente em todas as cenas românticas do filme, sendo particularmente sentido no débil envolvimento físico entre James Bond e a sua Bond Girl. A mística sexual presente em obras anteriores foi substituída em “Quantum of Solace” por uma corrente conservadora que retira algum charme às Bond Girls e ao próprio James Bond. A estes dois aspectos negativos, junta-se um terceiro ainda mais grave que prejudica assumidamente o resultado final da obra, falo claro está da enorme dependência que “Quantum of Solace” tem da história de “Casino Royale”. É verdade que estamos perante uma continuação mas tal facto não serve para desculpar, a debilidade que o argumento apresenta em contextualizar ou explicar ao espectador as várias situações do filme que recorrem à obra anterior. Arrisco-me a dizer que uma pessoa que não tenha visto “Casino Royale”, não perceberá grande parte da história contada por “Quantum of Solace” já que este versa demasiadas vezes sobre a problemática em redor de Vesper. Estes são apenas alguns dos problemas narrativos mais crassos do argumento, é lógico que a estes junta-se a já velha problemática da superficialidade da história “James Bond”, um problema que a meu ver nunca será resolvido porque a profundidade narrativa não é o que realmente interessa neste tipo de obras.
O que realmente importa neste tipo de filmes é a acção e “Quantum of Solace” é bastante rico neste campo já que apresenta ao longo das suas duas horas de duração, várias cenas de ritmo frenético que envolvem tiroteios, perseguições, lutas corpo a corpo e várias explosões. Todas essas cenas foram brilhantemente elaboradas e coreografadas, o que lhes confere um toque bastante realista e dramático. Na sua estreia como realizador de um filme 007, Marc Forster apresenta um trabalho bastante competente a nível técnico que certamente não desiludirá os apreciadores do seu trabalho e os fãs da saga James Bond. Em termos técnicos, tenho também que destacar a grande qualidade de “Another Way to Die”, o principal tema musical do filme, composto e interpretado pela dupla Jack White e Alicia Keys que apresentam aqui um tema bastante assertivo e adequado ao filme.
O elenco é liderado pelo fantástico Daniel Craig que volta a brindar o público com uma magnífica interpretação de James Bond, após ter surpreendido a crítica em 2006 com a sua brilhante estreia no papel. Em “Quantum of Solace”, Craig confirmou o seu enorme talento e o seu à-vontade em interpretar a icónica personagem. O elenco secundário também apresenta na sua generalidade uma performance de qualidade, com especial destaque para Mathieu Amalric que interpreta um competente vilão e Judie Dench, que mantém o mesmo nível de performances passadas. O único destaque negativo nesta área vai para Olga Kurylenko que simplesmente não conseguiu vincar no papel de Bond Girl. Em termos comparativos podemos facilmente concluir que “Quantum of Solace” é claramente inferior a “Casino Royale” em praticamente todos os aspectos, no entanto, esta 22º obra cinematográfica do agente mais famoso do mundo consegue superar qualitativamente uma grande parte dos filmes que marcaram a saga no passado. Na minha opinião, “Quantum of Solace” é um bom filme de acção comercial que certamente agradará a todos os fãs do género.
Com Daniel Craig, Judi Dench, Olga Kurylenko
O agente secreto mais famoso do mundo está de regresso ao grande ecrã com “Quantum of Solace”, o 22º filme da saga 007 criada por Ian Fleming em 1953. Esta nova aventura de James Bond, não é baseada em nenhum livro de Fleming já que dá continuidade à história iniciada em “Casino Royale” onde Bond (Daniel Craig) foi traído por Vesper Lynd (Eva Green), uma das poucas mulheres que verdadeiramente amou. A traição de Vesper deixou profundas marcas num devastado Bond que se mostra decidido em embarcar numa perigosa investigação para descobrir a verdade por detrás da traição da sua amada. Essa investigação começa com um interrogatório levado a cabo por M (Judi Dench) a Mr. White (Jesper Christensen), que revela que a organização que chantageou Vesper é bem mais complexa e perigosa do que alguém poderia imaginar. Entretanto, alguns especialistas fazem uma ligação entre um traidor da MI6 e uma conta bancária no Haiti, onde um caso de identidade trocada apresenta Bond à bela mas perigosa Camille (Olga Kurylenko), uma mulher que tem a sua própria vingança para cumprir mas que assumirá um papel fundamental nas investigações do 007. Camille apresenta Bond a Dominic Greene (Mathieu Amalric), um impiedoso empresário que se assume como um poderoso membro da misteriosa organização e que se encontra envolvido numa conspiração mundial, que tem como finalidade “roubar” um dos mais importantes recursos naturais do mundo, algo que só será possível se conseguir celebrar um acordo com o exilado General Medrano (Joaquin Cosio). Usando os seus assessores dentro da misteriosa organização e manipulando os seus poderosos contactos dentro da CIA e do governo britânico, Greene promete ao General acabar com o actual regime político da Bolívia e entregar-lhe o poder, caso receba em troca um pedaço aparentemente insignificante de terra. Enredado num labirinto de traições, mentiras e mortes, Bond irá recorrer a todas as suas artimanhas e contactos para desvendar a tão ansiada verdade e acabar com o sinistro plano de Greene.
O argumento de “Quantum of Solace” apresenta, em termos gerais, uma qualidade aceitável para um filme 007, no entanto, este argumento está longe de ser prefeito já que apresenta alguns aspectos bastante negativos que claramente prejudicam a qualidade geral da obra. Um desses aspectos é a ausência de alguns elementos característicos da saga como os engenhosos mecanismo de espiões ou a mítica frase “My name is Bond, James Bond!”. A ausência destes e de outros pormenores pode parecer insignificante, mas a verdade é que foram estes clichés que ajudaram a construir a reputação e o legado dos filmes 007, a sua ausência é portanto lamentável e fortemente sentida pelos fãs e apreciadores da saga. Outro aspecto negativo do argumento, é o seu exacerbado conservadorismo presente em todas as cenas românticas do filme, sendo particularmente sentido no débil envolvimento físico entre James Bond e a sua Bond Girl. A mística sexual presente em obras anteriores foi substituída em “Quantum of Solace” por uma corrente conservadora que retira algum charme às Bond Girls e ao próprio James Bond. A estes dois aspectos negativos, junta-se um terceiro ainda mais grave que prejudica assumidamente o resultado final da obra, falo claro está da enorme dependência que “Quantum of Solace” tem da história de “Casino Royale”. É verdade que estamos perante uma continuação mas tal facto não serve para desculpar, a debilidade que o argumento apresenta em contextualizar ou explicar ao espectador as várias situações do filme que recorrem à obra anterior. Arrisco-me a dizer que uma pessoa que não tenha visto “Casino Royale”, não perceberá grande parte da história contada por “Quantum of Solace” já que este versa demasiadas vezes sobre a problemática em redor de Vesper. Estes são apenas alguns dos problemas narrativos mais crassos do argumento, é lógico que a estes junta-se a já velha problemática da superficialidade da história “James Bond”, um problema que a meu ver nunca será resolvido porque a profundidade narrativa não é o que realmente interessa neste tipo de obras.
O que realmente importa neste tipo de filmes é a acção e “Quantum of Solace” é bastante rico neste campo já que apresenta ao longo das suas duas horas de duração, várias cenas de ritmo frenético que envolvem tiroteios, perseguições, lutas corpo a corpo e várias explosões. Todas essas cenas foram brilhantemente elaboradas e coreografadas, o que lhes confere um toque bastante realista e dramático. Na sua estreia como realizador de um filme 007, Marc Forster apresenta um trabalho bastante competente a nível técnico que certamente não desiludirá os apreciadores do seu trabalho e os fãs da saga James Bond. Em termos técnicos, tenho também que destacar a grande qualidade de “Another Way to Die”, o principal tema musical do filme, composto e interpretado pela dupla Jack White e Alicia Keys que apresentam aqui um tema bastante assertivo e adequado ao filme.
O elenco é liderado pelo fantástico Daniel Craig que volta a brindar o público com uma magnífica interpretação de James Bond, após ter surpreendido a crítica em 2006 com a sua brilhante estreia no papel. Em “Quantum of Solace”, Craig confirmou o seu enorme talento e o seu à-vontade em interpretar a icónica personagem. O elenco secundário também apresenta na sua generalidade uma performance de qualidade, com especial destaque para Mathieu Amalric que interpreta um competente vilão e Judie Dench, que mantém o mesmo nível de performances passadas. O único destaque negativo nesta área vai para Olga Kurylenko que simplesmente não conseguiu vincar no papel de Bond Girl. Em termos comparativos podemos facilmente concluir que “Quantum of Solace” é claramente inferior a “Casino Royale” em praticamente todos os aspectos, no entanto, esta 22º obra cinematográfica do agente mais famoso do mundo consegue superar qualitativamente uma grande parte dos filmes que marcaram a saga no passado. Na minha opinião, “Quantum of Solace” é um bom filme de acção comercial que certamente agradará a todos os fãs do género.
Classificação - 3 Estrelas Em 5