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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Crítica – Irréversible (2002)

Realizado por Gaspar Noé
Com Monica Bellucci, Vicent Cassel, Albert Dupontel

O tratamento artístico da violência nunca me deixa indiferente, contudo raras vezes me repugnou tanto como o modo como é feito neste filme. O polémico argentino Gaspar Noé considera que em arte não há pornografia, tudo é permitido, tudo é manobrável. Eu contraponho que assim pode ser mas que o resultado desse percurso não é muitas vezes mais do que delírios do seu autor e não arte como se pretende.
O filme em questão conta a história de uma violação, de um triângulo amoroso, e de uma vingança. Tudo se passa numa única noite em cenários dantescos do submundo gay parisiense, em espaços claustrofóbicos, onde, como pretensiosamente a sinopse do filme anuncia, se mistura sangue e sémen. O argumento é débil, as personagens são delineadas pela sua sexualidade e pelo uso que fazem dela sem grandes elaborações, o crime e a vingança são de uma violência extrema mas pouco verosímeis. O maior investimento na narrativa é a manipulação do tempo da acção que nos é apresentada do fim para o início em episódios ligados por uma lógica de causa-efeito. O facto de a consequência nos ser apresentada antes que o acontecimento que a provocou exige um esforço intelectual do espectador, jogando com as suas expectativas, mas não vai além da linearidade invertida o que a partir de determinado momento torna tudo bastante previsível. O filme reaproveita pontualmente a personagem do Talhante que Noé criara nas suas obras anteriores, a curta Carne e o filme Seul contre tous.


O filme foi nomeado para a Palma de Ouro que, a meu ver, justissimamente não ganhou. Pouco nesta obra vai para além do exercício, da experiência, sem um resultado palpável e consistente. Tudo está pegajosamente impregnado de uma sexualidade repulsiva e de uma visão muito negativa dos circuitos homossexuais. O filme está disponível em DVD numa edição StudioCanal.

Classificação - 2,5 Estrelas Em 5

Crítica – Irréversible (2002)

Realizado por Gaspar Noé
Com Monica Bellucci, Vicent Cassel, Albert Dupontel

O tratamento artístico da violência nunca me deixa indiferente, contudo raras vezes me repugnou tanto como o modo como é feito neste filme. O polémico argentino Gaspar Noé considera que em arte não há pornografia, tudo é permitido, tudo é manobrável. Eu contraponho que assim pode ser mas que o resultado desse percurso não é muitas vezes mais do que delírios do seu autor e não arte como se pretende.
O filme em questão conta a história de uma violação, de um triângulo amoroso, e de uma vingança. Tudo se passa numa única noite em cenários dantescos do submundo gay parisiense, em espaços claustrofóbicos, onde, como pretensiosamente a sinopse do filme anuncia, se mistura sangue e sémen. O argumento é débil, as personagens são delineadas pela sua sexualidade e pelo uso que fazem dela sem grandes elaborações, o crime e a vingança são de uma violência extrema mas pouco verosímeis. O maior investimento na narrativa é a manipulação do tempo da acção que nos é apresentada do fim para o início em episódios ligados por uma lógica de causa-efeito. O facto de a consequência nos ser apresentada antes que o acontecimento que a provocou exige um esforço intelectual do espectador, jogando com as suas expectativas, mas não vai além da linearidade invertida o que a partir de determinado momento torna tudo bastante previsível. O filme reaproveita pontualmente a personagem do Talhante que Noé criara nas suas obras anteriores, a curta Carne e o filme Seul contre tous.


O filme foi nomeado para a Palma de Ouro que, a meu ver, justissimamente não ganhou. Pouco nesta obra vai para além do exercício, da experiência, sem um resultado palpável e consistente. Tudo está pegajosamente impregnado de uma sexualidade repulsiva e de uma visão muito negativa dos circuitos homossexuais. O filme está disponível em DVD numa edição StudioCanal.

Classificação - 2,5 Estrelas Em 5

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Crítica - Irréversible (2002)

Realizado por Gaspar Noé
Com Vicent Cassel e Monica Belluci

Este filme tem pelo menos uma grande originalidade evidente, a história desenrola-se em sentido temporal inverso. O final de cada cena coincide com o inicio da cena anterior que no filme é apresentada posteriormente. O filme tem as cenas ordenadas de maneira inversa, começando pelo final cronológico onde dois homens discutem a natureza do tempo onde se refere que o tempo destrói tudo 'LE TEMPS DETRUIT TOUT '. Na mesma rua e naquele momento sai um homem gravemente ferido e um outro preso pela polícia de um bar gay chamado 'Rectum'. Assim o filme desenrola-se até as causas desse inicio e o porquê dessa primeira cena, por cenas de violência dentro do bar (nesta cena há um pequeno ruído quase imperceptível de frequência 28Hz feito para provocar uma atitude de mal estar e repulsa), depois temos a procura desse bar, perseguição, uma cena de violação, a festa até chegarmos ao inicio cronológico onde há um sonho premonitório.
Este filme é uma reflexão sobre a natureza do tempo, o destino e liberdade ou não de escolha. E é baseado num livro 'An Experiment with Time' de JW Dunne um livro do inicio do século XX em que o autor (um engenheiro aeronáutico) advoga de forma 'lógica' que o tempo não existe e não passa de uma ilusão criada pela nossa mente. E que somente nos sonhos ou num estado de iluminação espontânea podemos libertar-nos da prisão da mente criada pelo nosso ego e por consequência da ilusão do tempo. Já agora o filme acaba com a protagonista lendo esse mesmo livro. Uma curiosidade. Pus este filme no DVD sem saber muito bem do que se tratava para descansar a minha cabeça de uma tese que estou a fazer sobre natureza do observador e do tempo na teoria da relatividade!!! Depois do filme descobri o livro de Dunne que embora sem ser científico tem insights interessantes sobre este tema e a natureza da mente e da observação na física. E Dunne lança uma engenhosa 'prova' da existência de Imortalidade (independente do tempo) com base neste conceito e na existência de uma 'consciência' quando a mente está silenciosa como por exemplo nos sonhos mas ao mesmo tempo a natureza irreversível do tempo.

Classificação - 5 Estrelas Em 5

Crítica - Irréversible (2002)

Realizado por Gaspar Noé
Com Vicent Cassel e Monica Belluci

Este filme tem pelo menos uma grande originalidade evidente, a história desenrola-se em sentido temporal inverso. O final de cada cena coincide com o inicio da cena anterior que no filme é apresentada posteriormente. O filme tem as cenas ordenadas de maneira inversa, começando pelo final cronológico onde dois homens discutem a natureza do tempo onde se refere que o tempo destrói tudo 'LE TEMPS DETRUIT TOUT '. Na mesma rua e naquele momento sai um homem gravemente ferido e um outro preso pela polícia de um bar gay chamado 'Rectum'. Assim o filme desenrola-se até as causas desse inicio e o porquê dessa primeira cena, por cenas de violência dentro do bar (nesta cena há um pequeno ruído quase imperceptível de frequência 28Hz feito para provocar uma atitude de mal estar e repulsa), depois temos a procura desse bar, perseguição, uma cena de violação, a festa até chegarmos ao inicio cronológico onde há um sonho premonitório.
Este filme é uma reflexão sobre a natureza do tempo, o destino e liberdade ou não de escolha. E é baseado num livro 'An Experiment with Time' de JW Dunne um livro do inicio do século XX em que o autor (um engenheiro aeronáutico) advoga de forma 'lógica' que o tempo não existe e não passa de uma ilusão criada pela nossa mente. E que somente nos sonhos ou num estado de iluminação espontânea podemos libertar-nos da prisão da mente criada pelo nosso ego e por consequência da ilusão do tempo. Já agora o filme acaba com a protagonista lendo esse mesmo livro. Uma curiosidade. Pus este filme no DVD sem saber muito bem do que se tratava para descansar a minha cabeça de uma tese que estou a fazer sobre natureza do observador e do tempo na teoria da relatividade!!! Depois do filme descobri o livro de Dunne que embora sem ser científico tem insights interessantes sobre este tema e a natureza da mente e da observação na física. E Dunne lança uma engenhosa 'prova' da existência de Imortalidade (independente do tempo) com base neste conceito e na existência de uma 'consciência' quando a mente está silenciosa como por exemplo nos sonhos mas ao mesmo tempo a natureza irreversível do tempo.

Classificação - 5 Estrelas Em 5