O filme “Das Weisse Band” (The White Ribbon) do cineasta austriaco Michael Haneke foi o grande vencedor da sexagésima segunda edição do Festival de Cinema de Cannes ao conquistar a Palma de Ouro. O júri do certame justificou esta escolha com inúmeros argumentos de qualidade, nomeadamente a destreza filosófica e ética de Haneke. Segundo Isabelle Huppert, uma das principais figuras do juri, "Haneke conseguiu fazer um filme muito filosófico. O seu estilo é inconfundível e a sua direcção é totalmente ética. Mantém uma distância perfeita ao objecto que está filmando e não entrega mensagens, apenas mostra as coisas de modo muito subtil”. A actriz também explicou que este prémio serve para distinguir e recompensar “um filme extraordinário”.
Esta vitória de “Das Weisse Band” não surpreendeu ninguém porque era apontado como um dos grandes favoritos ao grande prémio do Festival de Cannes. Este estatuto ficou ainda mais reforçado quando conquistou o Prémio da Crítica da Federação Internacional de Críticos de Cinema (FIPRESCI) neste último sábado. A produção conta a história duma pequena vila no norte da Alemanha que vê a sua rotina alterada quando uma série de crimes que envolvem os seus habitantes começam a aterrorizar e chocar a pequena e isolada localidade. Filmado em preto e branco e ambientado às vésperas da Primeira Guerra Mundial na mesa região onde surgiria mais tarde o nacional-socialismo, o longa retrata as devastadoras consequências dos rígidos padrões morais e a sua projecção sobre as novas gerações.
O último dia do Festival de Cannes de 2009 também pertenceu a Portugal com “Arena” de João Salaviza a conquistar o prémio de Melhor Curta-Metragem para esta história de um homem que vive em prisão domiciliária. Após ter arrebatado o prémio homónimo do IndieLisboa 2009, João Salaviza voltou a ver esta sua valorosa obra reconhecia com um grande prémio de renome internacional. A francesa Charlotte Gainsbourg de "Antichrist" e o austríaco Christoph Waltz de "Inglorious Basterds", levaram para casa os prémios de Melhor Actriz e Melhor Ator do Festival. O prémio de Melhor Actriz foi o único que premiou “Antichrist”do polémico cineasta dinamarquês Lars Von Trier que chocou o Festival de Cannes com várias cenas perturbadoras de sexo e mutilação. Esta obra também foi distinguida com o primeiro "Anti-Prémio" do Júri Ecuménico, que distinguem os filmes que exaltem os valores do humanismo.
O filipino Brillante Mendoza, conquistou o Prémio de Melhor Realizador por "Kinatay", uma obra que também gerou uma grande controvérsia, graças as suas cenas chocantes que mostram por exemplo, um grupo de gangsters a violar e esquartejar uma prostituta . “Kinatay” convenceu o juri do certame que o considerou como um dos filmes mais poderosos da selecção oficial do festival. Nuri Bilge Ceylan, membro do júri de Cannes, comentou que Mendoza apostou "Num estilo bem original, que nunca vi na minha história pessoal". O cineasta James Gray, outro membro do juri, também disse que “Kinatay não é um filme para se levar a namorada”.
Palma de Ouro
“Das Weisse Band” de Michael Haneke
Grande Prémio do Júri
“Un Prophète” de Jacques Audiard
Melhor Actor
Christoph Waltz, "Inglorious basterds"
Melhor Actriz
Charlotte Gainsbourg, "Antichrist"
Melhor Director
“Kinatay” de Brillante Mendoza
Melhor Argumento
“Chun Feng Chen Zui de ye Wan” de Lou Ye
Prémio do Júri
“Bak-jwi” de Park Chan-wook e “Fish Tank” de Andrea Arnold
Prémio Excepcional
Alain Resnais
Câmara de Ouro (Melhor Primeiro Filme)
"Samson and Delilah" de Warwick Thornton
Melhor Curta-Metragem
"Arena" de João Salaviza
Competição "Un Certain Regard"
“Kynodontas” de Yorgos Lanthimos
Prémio do Júri - "Un Certain Regard"
“Politist, Adjectiv” de Corneliu Porumboiu
Menção Honrosa
Kasi Az Gorbehaye Irani Khabar Nadareh” de Bahman Ghobadi e “Le Père des Mes Enfants” de Mia Hansen-Love
Prémio da Quinzena de Realizadores - Melhor Filme
“Amreeka" de Cherien Dabis.
Prémio do Júri Ecuménico
“Looking for Eric” de Ken Loach
Menção Honrosa
“Das Weisse Band” de Michael Haneke