Realizado por João Canijo
Vozes de Hanna Schygulla, Rudiger Vogler e Christian Patey
O novo trabalho cinematográfico de João Canijo, “Fantasia Lusitana”, é um documentário que acompanha as consequências sociológicas de uma fantasia nacional, fantasia essa que consistiu numa neutralidade politica que foi assumida pelo nosso país durante a 2ª Guerra Mundial. O documentário é composto por inúmeras imagens de arquivo e alguns testemunhos individuais de alguns refugiados que utilizaram o nosso país como uma passagem para o continente americano. “Fantasia Lusitana” não é um trabalho documental muito explícito, ou seja, não consegue oferecer ao espectador uma mensagem histórica concreta porque o seu conteúdo está sujeito à nossa interpretação individual e à concepção histórica que temos desse confuso período da nossa história. O cineasta português tenta analisar o comportamento dos portugueses durante esse período histórico mas não chegou à conclusão histórica mais evidente, ou seja, nunca diz expressamente que os portugueses não contestaram a neutralidade portuguesa porque simplesmente não se queriam envolver num confronto sangrento e violento que estava a ser travado pelas maiores potências mundiais. A neutralidade militar não implica, no entanto, uma neutralidade emocional e é neste aspecto que a politica portuguesa não passou de uma fantasia generalizada porque é impossível um país assumir uma posição neutral quando o confronto está a ser travado à sua porta e quando milhares de refugiados invadem as suas fronteiras à procura de segurança, assim sendo, podemos facilmente concluir que os portugueses seguiram a politica portuguesa porque não se queriam envolver militarmente no conflito armado mas também porque tinham a esperança de conseguir afastar do seu país e das suas vidas as violentas consequências psicológicas dessa guerra. O contraste que é feito entre a devastação europeia e a relativa pacificidade portuguesa é muito interessante e demonstra na perfeição como é que a neutralidade serviu para justificar a nossa inacção a um nível moral e ideológico porque é sempre melhor viver numa fantasia pacifica que numa realidade violenta.
A selecção de imagens e de testemunhos é muito interessante e a sua apresentação ao espectador é efectuada com uma grande simplicidade. Os testemunhos efectuados pelos estrangeiros que “invadiram” o nosso país são extremamente elucidativos sobre a mentalidade portuguesa daquela época, mentalidade essa que infelizmente ainda se mantém muito presente entre o nosso povo, no entanto, acho que é seguro afirmar que muito dificilmente se verificaria hoje a inacção social que se verificou naquela época até porque os tempos actuais são mais abertos à globalização e à colectivização, ou seja, cada vez mais vivemos num mundo onde o individualismo não tem lugar. “Fantasia Lusitana” não é um documentário de grande qualidade mas merece ser visionado por todos aqueles que se interessem por um temática tão badalada como é a 2ª Guerra Mundial e as consequências que esta teve nos vários povos europeus.
Vozes de Hanna Schygulla, Rudiger Vogler e Christian Patey
O novo trabalho cinematográfico de João Canijo, “Fantasia Lusitana”, é um documentário que acompanha as consequências sociológicas de uma fantasia nacional, fantasia essa que consistiu numa neutralidade politica que foi assumida pelo nosso país durante a 2ª Guerra Mundial. O documentário é composto por inúmeras imagens de arquivo e alguns testemunhos individuais de alguns refugiados que utilizaram o nosso país como uma passagem para o continente americano. “Fantasia Lusitana” não é um trabalho documental muito explícito, ou seja, não consegue oferecer ao espectador uma mensagem histórica concreta porque o seu conteúdo está sujeito à nossa interpretação individual e à concepção histórica que temos desse confuso período da nossa história. O cineasta português tenta analisar o comportamento dos portugueses durante esse período histórico mas não chegou à conclusão histórica mais evidente, ou seja, nunca diz expressamente que os portugueses não contestaram a neutralidade portuguesa porque simplesmente não se queriam envolver num confronto sangrento e violento que estava a ser travado pelas maiores potências mundiais. A neutralidade militar não implica, no entanto, uma neutralidade emocional e é neste aspecto que a politica portuguesa não passou de uma fantasia generalizada porque é impossível um país assumir uma posição neutral quando o confronto está a ser travado à sua porta e quando milhares de refugiados invadem as suas fronteiras à procura de segurança, assim sendo, podemos facilmente concluir que os portugueses seguiram a politica portuguesa porque não se queriam envolver militarmente no conflito armado mas também porque tinham a esperança de conseguir afastar do seu país e das suas vidas as violentas consequências psicológicas dessa guerra. O contraste que é feito entre a devastação europeia e a relativa pacificidade portuguesa é muito interessante e demonstra na perfeição como é que a neutralidade serviu para justificar a nossa inacção a um nível moral e ideológico porque é sempre melhor viver numa fantasia pacifica que numa realidade violenta.
A selecção de imagens e de testemunhos é muito interessante e a sua apresentação ao espectador é efectuada com uma grande simplicidade. Os testemunhos efectuados pelos estrangeiros que “invadiram” o nosso país são extremamente elucidativos sobre a mentalidade portuguesa daquela época, mentalidade essa que infelizmente ainda se mantém muito presente entre o nosso povo, no entanto, acho que é seguro afirmar que muito dificilmente se verificaria hoje a inacção social que se verificou naquela época até porque os tempos actuais são mais abertos à globalização e à colectivização, ou seja, cada vez mais vivemos num mundo onde o individualismo não tem lugar. “Fantasia Lusitana” não é um documentário de grande qualidade mas merece ser visionado por todos aqueles que se interessem por um temática tão badalada como é a 2ª Guerra Mundial e as consequências que esta teve nos vários povos europeus.
Classificação – 3 Estrelas Em 5