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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Crítica - Blindness (2008)

Realizado por Fernando Meirelles
Com: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Gael García Bernal e Danny Glover

“Blindness” parte de um dos maiores receios do Homem – a cegueira – e analisa a forma como a sociedade reagiria a um fenómeno global dessa doença. Muito daquilo que somos e do que conseguimos fazer depende da visão, sendo porventura este o sentido mais importante ou mais fundamental para a existência do Homem conforme o conhecemos. “Blindness” é uma adaptação do romance de José Saramago intitulado “Ensaio sobre a Cegueira” e o filme consegue, de facto, realizar um ensaio sobre as eventuais consequências de uma epidemia desta doença. Consequências na vida individual de cada um de nós e consequências no funcionamento da sociedade a que pertencemos.
O filme é uma reflexão séria acerca de uma epidemia de cegueira que se abate sobre um grupo de pessoas e que, a pouco e pouco, se começa a espalhar por uma cidade inteira. Desesperado e acima de tudo assustado, o governo decide encarcerar essas pessoas num bloco prisional como forma de prevenir a propagação da doença. Porém, os seus esforços são inúteis e rapidamente a cegueira toma conta de toda a cidade, espalhando o pânico nas ruas e deixando a população à mercê de uma situação para a qual não estavam preparados. “Blindness” é uma obra que pretende avaliar a fragilidade da sociedade em que vivemos, mostrando que para cessar o seu funcionamento basta apenas que o Homem perca um dos seus sentidos – a visão. É com a cegueira que a verdadeira natureza do Homem desperta, derrubando a sociedade que mascara os nossos instintos naturais. O pânico leva o Homem a mostrar a sua verdadeira face, despertando a sua maldade, o seu egoísmo e a sua indecência. O lado animal da espécie humana derruba as correntes do socialismo e o Homem é avaliado pelo que é realmente: um animal e não um ser superior qualquer.


Esta obra está agora sob intensa polémica (especialmente nos Estados Unidos da América) por considerarem que retrata os cegos como monstros, sendo um insulto para as pessoas que sofrem desta doença. Quem interpretou o filme dessa maneira não pode estar mais longe da mensagem que Saramago e Meirelles tentam transmitir. A mensagem é subtil e “Blindness” reflecte sobretudo sobre duas questões. A primeira prende-se com a forma como os governos resolveriam uma eventual epidemia desta natureza: através da alienação dos “doentes” e sem fazer um verdadeiro esforço para resolver a situação. A segunda questão prende-se com o negrume da espécie humana, que perante uma situação destas rapidamente perde o controlo e se começa a atacar a ela própria. Temos então duas críticas – uma aos governos e outra à mediocridade do Homem. A cegueira acaba por ser apenas um símbolo do quão frágil são os valores humanos e os pilares da sociedade. Fernando Meirelles apresenta-nos uma realização brilhante e ousada, captando todas estas questões na perfeição. Julianne Moore está também (mais uma vez) espantosa e acaba por ser a única a manter os valores morais e humanos intactos.
“Blindness” é um filme extremamente interessante e muito bem filmado. Perturbador mas comovente, tem ainda tempo para criticar as relações humanas da actualidade na pele da personagem de Danny Glover – um velho que necessitou deste fenómeno de cegueira para sentir uma verdadeira relação de intimidade com alguém; ou seja, para que alguém o aceitasse verdadeiramente por aquilo que ele é. Pois aquilo que nos define é a nossa personalidade ou a nossa alma interior e não o corpo que usamos como máscara.

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

Crítica - Blindness (2008)

Realizado por Fernando Meirelles
Com: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Gael García Bernal e Danny Glover

“Blindness” parte de um dos maiores receios do Homem – a cegueira – e analisa a forma como a sociedade reagiria a um fenómeno global dessa doença. Muito daquilo que somos e do que conseguimos fazer depende da visão, sendo porventura este o sentido mais importante ou mais fundamental para a existência do Homem conforme o conhecemos. “Blindness” é uma adaptação do romance de José Saramago intitulado “Ensaio sobre a Cegueira” e o filme consegue, de facto, realizar um ensaio sobre as eventuais consequências de uma epidemia desta doença. Consequências na vida individual de cada um de nós e consequências no funcionamento da sociedade a que pertencemos.
O filme é uma reflexão séria acerca de uma epidemia de cegueira que se abate sobre um grupo de pessoas e que, a pouco e pouco, se começa a espalhar por uma cidade inteira. Desesperado e acima de tudo assustado, o governo decide encarcerar essas pessoas num bloco prisional como forma de prevenir a propagação da doença. Porém, os seus esforços são inúteis e rapidamente a cegueira toma conta de toda a cidade, espalhando o pânico nas ruas e deixando a população à mercê de uma situação para a qual não estavam preparados. “Blindness” é uma obra que pretende avaliar a fragilidade da sociedade em que vivemos, mostrando que para cessar o seu funcionamento basta apenas que o Homem perca um dos seus sentidos – a visão. É com a cegueira que a verdadeira natureza do Homem desperta, derrubando a sociedade que mascara os nossos instintos naturais. O pânico leva o Homem a mostrar a sua verdadeira face, despertando a sua maldade, o seu egoísmo e a sua indecência. O lado animal da espécie humana derruba as correntes do socialismo e o Homem é avaliado pelo que é realmente: um animal e não um ser superior qualquer.


Esta obra está agora sob intensa polémica (especialmente nos Estados Unidos da América) por considerarem que retrata os cegos como monstros, sendo um insulto para as pessoas que sofrem desta doença. Quem interpretou o filme dessa maneira não pode estar mais longe da mensagem que Saramago e Meirelles tentam transmitir. A mensagem é subtil e “Blindness” reflecte sobretudo sobre duas questões. A primeira prende-se com a forma como os governos resolveriam uma eventual epidemia desta natureza: através da alienação dos “doentes” e sem fazer um verdadeiro esforço para resolver a situação. A segunda questão prende-se com o negrume da espécie humana, que perante uma situação destas rapidamente perde o controlo e se começa a atacar a ela própria. Temos então duas críticas – uma aos governos e outra à mediocridade do Homem. A cegueira acaba por ser apenas um símbolo do quão frágil são os valores humanos e os pilares da sociedade. Fernando Meirelles apresenta-nos uma realização brilhante e ousada, captando todas estas questões na perfeição. Julianne Moore está também (mais uma vez) espantosa e acaba por ser a única a manter os valores morais e humanos intactos.
“Blindness” é um filme extremamente interessante e muito bem filmado. Perturbador mas comovente, tem ainda tempo para criticar as relações humanas da actualidade na pele da personagem de Danny Glover – um velho que necessitou deste fenómeno de cegueira para sentir uma verdadeira relação de intimidade com alguém; ou seja, para que alguém o aceitasse verdadeiramente por aquilo que ele é. Pois aquilo que nos define é a nossa personalidade ou a nossa alma interior e não o corpo que usamos como máscara.

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

sábado, 4 de outubro de 2008

Blindness - Poster & Teaser


Foram disponibilizados na internet, os cinco minutos iniciais de “Blindness”, um filme baseado na obra literária de Josè Saramago “Ensaio Para A Cegueira” e realizado pelo brasileiro Fernando Meirelles. O filme conta com interpretações de Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Danny Glover e de Gael García Bernal e passa-se numa cidade não referenciada onde toda a gente fica subitamente cega à excepção da mulher de um médico, este estranho fenómeno provoca a derrocada da ordem social na cidade. Aqui ficam os cinco minutos iniciais do filme que estreia em Portugal a 13 de Novembro.

Blindness - Poster & Teaser


Foram disponibilizados na internet, os cinco minutos iniciais de “Blindness”, um filme baseado na obra literária de Josè Saramago “Ensaio Para A Cegueira” e realizado pelo brasileiro Fernando Meirelles. O filme conta com interpretações de Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Danny Glover e de Gael García Bernal e passa-se numa cidade não referenciada onde toda a gente fica subitamente cega à excepção da mulher de um médico, este estranho fenómeno provoca a derrocada da ordem social na cidade. Aqui ficam os cinco minutos iniciais do filme que estreia em Portugal a 13 de Novembro.