Realizado por Jorge Queiroga
Com Diogo Morgado, Ana Padrão, Catarina Wallenstein, Soraia Chaves
Na tentativa de conseguir obter algum lucro com a mini-série “A Vida Privada de Salazar”, a SIC uniu-se à distribuidora Castelo Lopes para lançar esta espécie de biografia amorosa do ditador fascista português, nos cinemas nacionais. As audiências televisivas desta mini-série foram as melhores do canal mas não chegaram para superar as apostas de ficção nacional da TVI, a grande rival da estação de Carnaxide. A versão cinematográfica não apresenta grandes novidades em relação à versão televisiva, algumas cenas foram acrescentadas e outras apagadas mas a história central mantém-se idêntica.
Esta obra supostamente biográfica, relata com algum pormenor, as diversas facetas da vida amorosa de António Oliveira Salazar. Desde a sua juventude até aos seus últimos anos de vida, Salazar viveu rodeado de mulheres e paixões mas muitas delas mantiveram-se longe do curioso olhar popular que raramente ligava à vertente romântica do ditador. Esta produção nacional, revela finalmente a identidade das principais mulheres da vida de Salazar e as razões que levaram o ditador a manter-se solteiro. Entre alguns factos historicamente correctos e outros largamente exagerados, “A Vida Privada de Salazar” apresenta-nos um argumento que aposta num claro sensacionalismo romântico, típico das novelas populares. A história foca-se única e exclusivamente na vida romântica de Salazar, deixando de lado a sua vertente política e ditatorial que marcou durante décadas, o regime fascista do Estado Novo. Esta focalização específica acabou por distorcer a imagem do poderoso homem que governou com grande autoritarismo o nosso país já que lhe atribui algumas atitudes e características pessoais que são categoricamente inverosímeis e historicamente irrealistas. Quanto aos romances que são abordados pelo filme, posso confirmar a existência histórica do seu envolvimento com Christine Garnier e Julinha mas as restantes relações representadas, nunca foram confirmadas por fontes oficiais e credíveis. Em suma, a história contada por “A Vida Privada de Salazar”, deve ser encarada como uma obra de ficção e nunca como um biografia realista e credível porque muitos dos factos presentes na obra, não podem ser oficialmente confirmados pela história portuguesa.
Como geralmente acontece com a grande maioria das produções nacionais, especialmente as produzidas e apoiadas pelas estações de televisão privadas, o sexo e o romance fortuito marcam presença nesta obra aparentemente biográfica. Essa vertente carnal e superficial é exteriorizada através das actrizes femininas que dão vida às paixões de Salazar e que assumem uma prestação maioritariamente medíocre. Diogo Morgado é o único actor do elenco que apresenta uma performance minimamente interessante, mas verdade seja dita que a sua representação dos últimos anos de vida de Salazar, deixa muito a desejar.
O elevado número de salas de cinema onde está obra será exibida é perfeitamente injustificável porque a sua prévia exibição na televisão, deverá afastar a grande maioria dos espectadores nacionais. Esta decisão torna-se ainda mais incompreensível quando verificamos que o mais recente trabalho de Manoel de Oliveira, irá ser exibido num número claramente inferior de salas. Esta atitude visivelmente comercial, desrespeita directamente um dos maiores valores do cinema nacional e o próprio público português que se vê privado de uma obra original em detrimento de uma produção fraca e previamente exibida.
Com Diogo Morgado, Ana Padrão, Catarina Wallenstein, Soraia Chaves
Na tentativa de conseguir obter algum lucro com a mini-série “A Vida Privada de Salazar”, a SIC uniu-se à distribuidora Castelo Lopes para lançar esta espécie de biografia amorosa do ditador fascista português, nos cinemas nacionais. As audiências televisivas desta mini-série foram as melhores do canal mas não chegaram para superar as apostas de ficção nacional da TVI, a grande rival da estação de Carnaxide. A versão cinematográfica não apresenta grandes novidades em relação à versão televisiva, algumas cenas foram acrescentadas e outras apagadas mas a história central mantém-se idêntica.
Esta obra supostamente biográfica, relata com algum pormenor, as diversas facetas da vida amorosa de António Oliveira Salazar. Desde a sua juventude até aos seus últimos anos de vida, Salazar viveu rodeado de mulheres e paixões mas muitas delas mantiveram-se longe do curioso olhar popular que raramente ligava à vertente romântica do ditador. Esta produção nacional, revela finalmente a identidade das principais mulheres da vida de Salazar e as razões que levaram o ditador a manter-se solteiro. Entre alguns factos historicamente correctos e outros largamente exagerados, “A Vida Privada de Salazar” apresenta-nos um argumento que aposta num claro sensacionalismo romântico, típico das novelas populares. A história foca-se única e exclusivamente na vida romântica de Salazar, deixando de lado a sua vertente política e ditatorial que marcou durante décadas, o regime fascista do Estado Novo. Esta focalização específica acabou por distorcer a imagem do poderoso homem que governou com grande autoritarismo o nosso país já que lhe atribui algumas atitudes e características pessoais que são categoricamente inverosímeis e historicamente irrealistas. Quanto aos romances que são abordados pelo filme, posso confirmar a existência histórica do seu envolvimento com Christine Garnier e Julinha mas as restantes relações representadas, nunca foram confirmadas por fontes oficiais e credíveis. Em suma, a história contada por “A Vida Privada de Salazar”, deve ser encarada como uma obra de ficção e nunca como um biografia realista e credível porque muitos dos factos presentes na obra, não podem ser oficialmente confirmados pela história portuguesa.
Como geralmente acontece com a grande maioria das produções nacionais, especialmente as produzidas e apoiadas pelas estações de televisão privadas, o sexo e o romance fortuito marcam presença nesta obra aparentemente biográfica. Essa vertente carnal e superficial é exteriorizada através das actrizes femininas que dão vida às paixões de Salazar e que assumem uma prestação maioritariamente medíocre. Diogo Morgado é o único actor do elenco que apresenta uma performance minimamente interessante, mas verdade seja dita que a sua representação dos últimos anos de vida de Salazar, deixa muito a desejar.
O elevado número de salas de cinema onde está obra será exibida é perfeitamente injustificável porque a sua prévia exibição na televisão, deverá afastar a grande maioria dos espectadores nacionais. Esta decisão torna-se ainda mais incompreensível quando verificamos que o mais recente trabalho de Manoel de Oliveira, irá ser exibido num número claramente inferior de salas. Esta atitude visivelmente comercial, desrespeita directamente um dos maiores valores do cinema nacional e o próprio público português que se vê privado de uma obra original em detrimento de uma produção fraca e previamente exibida.
Classificação - 2 Estrelas Em 5