sábado, 12 de maio de 2012

Crítica - Haywire (2011)

Realizado por Steven Soderbergh
Com Gina Carano, Antonio Banderas, Channing Tatum, Ewan McGregor

A grande maioria das revistas e websites internacionais dedicados à sétima arte estranharam quando Steven Soderbergh contratou Sasha Grey, uma conhecida atriz de filmes pornográficos, para dar vida a uma acompanhante de luxo em “The Girlfriend Experience” (2009), mas a verdade é que esta sua aposta de alto-risco foi bem-sucedida, porque o filme foi muito bem recebido pela crítica mundial que, em suma, apreciou o seu realismo e o convincente trabalho de Sasha Grey. O sucesso desta obra levou Soderbergh a contratar uma conhecida lutadora de MMA (Mixed Martial Arts), Gina Carano, para protagonizar este “Haywire”, um bom thriller de ação com uma história interessante, um bom trabalho de realização e uma série de boas cenas de luta que beneficiam da experiência de Carano, que lhes conseguiu incutir um realismo extra que as torna muito mais apelativas para o grande público. Em “Haywire”, Carano dá vida a Mallory Kane, uma destemida e eficiente assassina profissional que, após libertar um jornalista chinês que foi feito refém por extremistas bascos, é enganada e vítima de uma tentativa de assassinato por alguém da própria agência privada para quem trabalha. Mallory terá agora que se livrar de um grupo de assassinos que seguem todos os seus passos e que vão por à prova as suas vastas capacidades de combate, mas também terá que descobrir quem é que a tramou e faze-los pagar por esse enorme erro.


A história de “Haywire” é desenvolvida com muito cuidado e habilidade, nunca entrando por isso por caminhos excessivamente confusos ou irrealistas que envolvem planos e explicações demasiado complexas e sem grande sentido prático. A grande conspiração que trama Mallory Kane é, assim sendo, muito fácil de explicar e assenta nos motivos mais básicos e lógicos do mundo, ou seja, a auto-preservação e a ganância. A naturalidade do seu enredo é refrescante e permite assim que os espetadores acompanhem, sem grande esforço e com o máximo de entretenimento possível, a violenta cruzada que Mallory trava contra todos aqueles que a traíram, cruzada essa que está cheia de breves cenas de ação que felizmente privilegiam os combates físicos em detrimento de tiroteios exagerados e perseguições cheias de efeitos especiais. A soberba Gina Carano mostra-nos todas as suas técnicas e habilidades de Mix Martial Arts nestas brutais e convincentes sequências de ação, onde quase todas as personagens do sexo masculino levam um enxerto de porrada da mortífera Mallory Kane, uma assassina/ ex-marine que não tem medo de sangrar e de receber alguns golpes violentos, algo que ajuda a credibilizar ainda mais estas cenas e a construção desta fantástica personagem feminina. As lutas em que se envolve são fantásticas de se ver, mas Carano também se sai muito bem nas cenas não violentas e prova a Hollywood que tem futuro nesta área. O restante elenco de "Haywire" também se saiu muito bem, muito embora Michael Douglas e Antonio Banderas não interpretem duas personagens muito ativas. Michael Fassbender e Channing Tatum também têm dois trabalhos relativamente curtos, mas envolvem-se em duas das melhores lutas físicas do filme com Gina Carano, cuja personagem tem também que lidar com um calculista rival e ex-chefe/amante que é interpretado com muito estilo por Ewan McGregor. Steven Soderbergh volta a ter em “Haywire” um trabalho de realização e edição muito astuto e criativo. Para além de ter conseguido captar com o máximo de realismo possível as várias cenas de ação do filme, também soube controlar o progressivo desvendar e desenrolar da história sem a estragar com planos incoerentes ou flashbacks desnecessários. À semelhança do que fez nos três filmes da “Oceans Saga”, Soderbergh tomou a sábia decisão de abafar os barulhos externos da grande maioria das sequências de ação com pequenos temas instrumentais que tornam estas cenas ainda mais divertidas e excitantes, distanciando-as assim dos grandes blockbusters norte-americanos que normalmente acompanham cenas semelhantes com sons de metal contorcido, fortes explosões ou gritos histéricos. É por todas estas razões que “Haywire” é um bom filme. Não é todos os dias que temos oportunidade de assistir a um bom filme de ação que, em vez de apostar em grandes efeitos visuais ou sonoros para reforçar a sua individualidade e espetacularidade, aposta em fortes e maravilhosamente coordenadas sequências de violência física que valorizam e rentabilizam a sua história e entretêm o público. 

Classificação – 4 Estrelas em 5

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