Com Elizabteh Olsen, Sarah Paulson, John Hawkes
A carreira das Gémeas Olsen está cheia de sucessos comerciais como “It Takes Two” (1995) ou “Winning London” (2001), comédias que fizeram as delícias humorísticas de milhões de pessoas em todo o mundo, no entanto, Mary-Kate e Ashley Olsen nunca entraram num filme tão sério ou tão interessante como este “Martha Marcy May Marlene”, um soberbo thriller dramático que marca a estreia da sua irmã mais nova, Elizabeth Olsen, em Hollywood. O trabalho de Olsen é fantástico, mas também há que dar o devido mérito ao excelente trabalho do seu guionista e realizador (Sean Durkin), que criou uma história intensa e relativamente emotiva que se centra em Martha (Elizabeth Olsen), uma jovem que procura recuperar a sua vida normal após ter conseguido fugir de uma seita e do seu carismático líder, no entanto, tal tarefa não se avizinha fácil porque o medo crescente de ser encontrada e eventualmente assassinada, acaba por desencadear um sério estado de paranóia e pânico que a deixa à beira da insanidade.
A narrativa de “Martha Marcy May Marlene” relata-nos a história fictícia de Martha May (Nome na Sociedade) / Marcy May (Nome no Culto), uma adolescente muito difícil que sofreu vários abusos emocionais e intelectuais durante os dois anos que esteve ao “cuidado” de uma seita rural nas Montanhas de Catskill em Nova York, tendo agora muitas dificuldades em funcionar correctamente na sociedade “normal”, como tão bem demonstram os seus estranhos hábitos e condutas na casa da sua irmã mais velha (Sarah Paulson). Os vários flashbacks mostram-nos que ela começou por estranhar a dinâmica sociocultural do pequeno grupo que a acolheu/ recrutou, mas os encantos do seu carismático líder, Patrick (John Hawkes), acabaram por convence-la a aceitar os estranhos rituais machistas e sexuais do culto, no entanto, um evento traumático acabou por faze-la ver a verdadeira essência violenta e criminosa da sua nova “família”, levando-a por isso a abandona-la e a recorrer à única família que lhe resta, uma irmã mais velha que não sabe onde ela esteve durante os últimos dois anos e que estranha de imediato as suas bizarras atitudes. À medida que o filme se desenvolve, Martha/ Marcy vai ficando cada vez mais paranóica e passa mesmo a acreditar que o culto a vai encontrar e matar, tendo mesmo várias ilusões e crises emocionais que levam a sua irmã a tomar a difícil decisão de a internar num manicómio, no entanto, a conclusão do filme parece revelar-nos que ela até tinha razões para estar preocupada com a sua segurança, porque é nos dado a entender que vários membros do culto estavam a seguir todos os seus passos. Sean Durkin utiliza este fortíssimo drama fictício de Martha/ Marcy para nos alertar para os vários perigos dos cultos organizados (religiosos e/ ou sociais), que infelizmente continuam a proliferar em todo o mundo. O culto retratado neste filme é muito semelhante à maioria das seitas actuais, onde normalmente encontramos um líder carismático que utiliza o seu charme para convencer pessoas com dificuldades financeiras e/ou emocionais a aderirem à sua filosofia de vida, levando-os muitas vezes à miséria, loucura ou morte. A análise de Durkin a esta difícil e controversa temática é feita de uma forma soberba e cuidada, mas é a sua abordagem ao progressivo atrofiamento/ deterioramento psicológico de Martha/ Marcy que mais salta à vista, assumindo-se mesmo como o melhor e mais intenso elemento narrativo desta obra indie, que em nenhum momento é enfadonha ou confusa.
O trabalho narrativo de Durkin é fenomenal, mas o seu trabalho de realização também é brilhante. O seu hábil e talentoso controlo da câmara deu azo a várias cenas de luxo, que se destacam pela sua beleza mas também pela sua intensidade e incerteza. A sua atenção aos detalhes também é de louvar, bem como o cuidado que teve em não incutir demasiado melodrama à saga de Martha/Marcy. Este promissor cineasta norte-americano também fez sobressair o melhor de Elizabeth Olsen, uma actriz sem muita experiência que nos oferece uma performance fenomenal como a instável Martha/ Marcy. É verdade que ainda é cedo para avaliar o seu verdadeiro valor, mas acredito firmemente que Elizabeth Olsen tem tudo para se tornar numa das actrizes mais influentes e brilhantes da sua geração. O elenco secundário de “Martha Marcy May Marlene” também não nos desilude, sendo de destacar o bom trabalho de Sarah Paulson como a única verdadeira aliada de Martha/ Marcy. É difícil de encontrar um defeito relevante nesta fantástica obra, onde somos confrontados com dois novos talentos da sétima arte norte-americana - Sean Durkin e Elizabeth Olsen.
Classificação – 4 Estrelas Em 5
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