sábado, 10 de dezembro de 2011

Crítica - Happy Feet Two (2011)

Realizado por George Miller
Com Elijah Wood, Robin Williams, Pink

O incrível “Happy Feet” (2007) venceu com todo o mérito o Óscar de Melhor Filme de Animação, mas muito sinceramente não acredito que esta sua continuação, “Happy Feet 2”, consiga repetir a façanha, já que estamos perante um filme adorável, mas sem nenhum brilho ou conteúdo, que só deverá criar algum entusiasmo e comoção nos mais novos, ou seja, num público inocente e pouco exigente. A sua história volta-nos a levar até à Terra dos Pinguins-Imperador na Antárctida, onde o filho de Mumble (Elijah Wood) e Glória (Pink), Erik (Ava Acres), sente-se cada vez mais deslocado do seu clã e da sua família porque não mostra ter nenhum talento para a dança. Mumble tenta animar a sua cria, mas Erik acaba por ficar ainda mais frustrado e decide fugir de casa com Boadicia (Meibh Campbell) e Atticus (Lil P-Nut), dois dos seus melhores amigos. Os três vão parar à Terra dos Pinguins-Adélie, onde dão de caras com os já conhecidos Ramon e Lovelace (Robin Williams), mas também com o carismático The Mighty Sven (Hank Azaria), um pinguim voador que arrebata a atenção e a admiração dos três jovens pinguins, nomeadamente de Erik que passa a acredita que o seu destino é tornar-se no primeiro pinguim-imperador voador, algo que deixa muito preocupado o seu pai, que subitamente também se vê confrontado com uma catástrofe que poderá levar à extinção da sua espécie.


Os elementos visuais e sonoros de “Happy Feet 2” têm um nível muito semelhante aos do seu antecessor, ou seja, somos novamente confrontados com belos e credíveis cenários, onde adoráveis e afáveis criaturinhas envolvem-se em elaborados e ritmados números musicais com sonoridades cativantes e danças relativamente básicas mas muito efusivas. É verdade que a sua vertente visual é fenomenal e que as suas sequências musicais são divertidas e emotivas, no entanto, estes dois enormes atributos não são, mesmo assim, suficientemente fortes para compensar a notória mediocridade do seu enredo que tem na história secundária de Will (Brad Pitt) e Bill (Mat Damon), dois camarões do antárctico que tentam contrariar a força da cadeia alimentar, o seu elemento narrativo mais interessante e hilariante. A ausência de criatividade é clara, mas o maior defeito narrativo de “Happy Feet 2” é indiscutivelmente a falta de desenvolvimento do drama existencial de Erik ou dos desafios familiares de Mumble, já que no centro desta trama não encontramos nenhuma demanda comovente ou melodramática como em “Happy Feet”, mas sim uma leviana e enfadonha missão de salvamento que se arrasta até ao clássico final feliz do filme. A história de “Happy Feet 2” é, desta forma, muito menos interessante e emocionante que a do seu aclamado antecessor, sendo tal facto demonstrado pela existência de apenas duas ou três cenas verdadeiramente sentimentais, sendo todas elas musicais.


A versão dobrada de “Happy Feet 2” conta no seu elenco vocal com várias estrelas nacionais de renome como Fernando Luís, Manuel Marques, Mia Bello ou Jorge Morato, mas é a estreante Aurea que mais nos chama a atenção como Glória. A talentosa cantora nacional não intervém muitas vezes, mas deixa-nos de boca aberta quando canta a versão nacional de “Bridge of Light” que é, a par de uma pequena e pomposa ópera, a melhor canção do filme. O elenco vocal da versão norte-americana também é formado por uma série de actores de luxo que nos oferecem um bom trabalho. Tal como Aurea, Pink está muito bem como Glória, mas devo confessar que Brad Pitt e Matt Damon roubam todas as atenções como os hilariantes Bill e Will. As duas versões têm os seus méritos, mas é sempre aconselhável visionar a versão original por causa das músicas e de certos momentos humorísticos, já que a tradução nunca é totalmente fiel. A essência familiar e existencial que transformou “Happy Feet” num sucesso internacional, não transitou a cem por cento para este “Happy Feet 2”, um filme visualmente soberbo mas extremamente leviano que continua a ser direccionado aos mais novos e às suas famílias, mas que já não tem nada que consiga criar o mínimo de entusiasmo nos mais velhos

Classificação – 2,5 Estrelas Em 5

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