Realizado por Paul W.S. Anderson
Com Logan Lerman, Matthew Macfadyen, Milla Jovovich, Orlando Bloom, Christoph Waltz
Verdade seja dita, bastou-me ver o nome de Paul W.S. Anderson no posto da realização para começar desde logo a desconfiar da qualidade deste filme, ainda ele se encontrava em fase de produção. Não tenho por hábito crucificar obras sem primeiro lhes conferir uma merecida oportunidade e a prova disso mesmo é que nem assim desisti da ideia de ver esta nova versão do clássico de Alexandre Dumas no cinema. Entrei na sala com vontade de ser surpreendido e, mais do que tudo, com a esperança de que Anderson se redimisse dos pecados antigos. Pois convenhamos, a fábula dos famosos três mosqueteiros possui muito mais sumo narrativo do que qualquer Resident Evil ou Mortal Kombat (dois dos empreendimentos cinematográficos por que Anderson mais ficou conhecido), oferecendo ao realizador britânico a oportunidade única de fazer alguma coisa de jeito. Mas o problema é que Anderson será sempre Anderson, razão pela qual não deixei que as minhas esperanças se elevassem demasiado. Terminada a sessão, a verdade é que este “The Three Musketeers” não é tão parvo quanto cheguei a temer que fosse. Pelo menos não há ninjas a saltar de prédios com armas de fogo futuristas e mesmo os planos de slow motion não estão presentes de cinco em cinco minutos, deixando a aventura respirar com alguma naturalidade. No fim de contas, é justo dizer que estamos perante um filme que se vê com algum agrado, podendo afirmar-se como um guilty pleasure quase instantâneo. Todavia, o grande problema é que estamos também perante uma obra que se perde a meio caminho, cometendo um descarado suicídio a partir do momento em que opta por inserir algo de excêntrico (para não dizer absurdo) na narrativa clássica de Dumas.
Com Logan Lerman, Matthew Macfadyen, Milla Jovovich, Orlando Bloom, Christoph Waltz
Verdade seja dita, bastou-me ver o nome de Paul W.S. Anderson no posto da realização para começar desde logo a desconfiar da qualidade deste filme, ainda ele se encontrava em fase de produção. Não tenho por hábito crucificar obras sem primeiro lhes conferir uma merecida oportunidade e a prova disso mesmo é que nem assim desisti da ideia de ver esta nova versão do clássico de Alexandre Dumas no cinema. Entrei na sala com vontade de ser surpreendido e, mais do que tudo, com a esperança de que Anderson se redimisse dos pecados antigos. Pois convenhamos, a fábula dos famosos três mosqueteiros possui muito mais sumo narrativo do que qualquer Resident Evil ou Mortal Kombat (dois dos empreendimentos cinematográficos por que Anderson mais ficou conhecido), oferecendo ao realizador britânico a oportunidade única de fazer alguma coisa de jeito. Mas o problema é que Anderson será sempre Anderson, razão pela qual não deixei que as minhas esperanças se elevassem demasiado. Terminada a sessão, a verdade é que este “The Three Musketeers” não é tão parvo quanto cheguei a temer que fosse. Pelo menos não há ninjas a saltar de prédios com armas de fogo futuristas e mesmo os planos de slow motion não estão presentes de cinco em cinco minutos, deixando a aventura respirar com alguma naturalidade. No fim de contas, é justo dizer que estamos perante um filme que se vê com algum agrado, podendo afirmar-se como um guilty pleasure quase instantâneo. Todavia, o grande problema é que estamos também perante uma obra que se perde a meio caminho, cometendo um descarado suicídio a partir do momento em que opta por inserir algo de excêntrico (para não dizer absurdo) na narrativa clássica de Dumas.
Agindo como uma espécie de agentes secretos da França de Louis XIII (Freddie Fox), os lendários mosqueteiros Athos (Matthew Macfadyen), Aramis (Luke Evans) e Porthos (Ray Stevenson) viajam até Veneza com a bela e matreira Milady de Winter (Milla Jovovich) para resgatar pergaminhos secretos de Leonardo Da Vinci, que contêm as instruções para construir a arma de batalha mais poderosa do mundo: um potente e futurista dirigível aéreo. A missão corre-lhes da melhor forma, mas nem tudo acaba como seria suposto e desejável. Inesperadamente, Milady atraiçoa os companheiros de aventura, deixando-os à mercê do pérfido e inquietante Duque de Buckingham (Orlando Bloom), a quem entrega os documentos roubados. Três anos mais tarde, os três mosqueteiros foram dispensados da guarda real e vivem os dias a afagar as mágoas no álcool e nas mulheres. A vida outrora gloriosa não mais lhes sorri, relegando-os para uma existência apática e sem a chama de outros tempos. Pelo menos até à chegada do jovem e imprudente D’Artagnan (Logan Lerman), um puto cheio de talento para a esgrima e com uma queda enorme para arranjar sarilhos. Logo no primeiro dia de contacto, Athos, Aramis e Porthos vêem-se obrigados a lutar a lado de D’Artagnan contra as tropas de Rochefort (Mads Mikkelsen) leais a Richelieu (Christoph Waltz), o clérigo que praticamente rege o reino francês. Inimigos tornados aliados, os três mosqueteiros e o vivaço aspirante a soldado do Rei depressa descobrem uma conspiração para usurpar o trono de Louis XIII, conspiração encabeçada por Richelieu, pela Milady de Winter e pelo próprio Duque de Buckingham. E como tal, os quatro esgrimistas não hesitam em embarcar numa aventura que os levará a enfrentar os mais perigosos e mortais dos adversários.
Contrariando aquilo que se pudesse pensar, os primeiros 30 ou 40 minutos da película são de excelência. Recorrendo a truques de animação digital cheios de pinta, a sequências de acção cheias de garra e a uma introdução das personagens tão original quanto frenética, Paul W.S. Anderson consegue captar a atenção do espectador por inteiro, fazendo-o vibrar com os primeiros duelos e rir às gargalhadas com os primeiros contratempos. A coisa estava a começar bem e nós cá estávamos a ficar bastante admirados com a destreza de Anderson e de todo o elenco. Mas foi então que me lembrei de um dos piores defeitos do realizador britânico: geralmente ele até filma com muito estilo, mas acaba sempre por não ter pulso na narrativa, deixando-a afogar-se à medida que a película se desenrola. Ainda cheguei a pensar que “The Three Musketeers”, pela forma como estava a decorrer, pudesse revelar-se um ponto de viragem no modus operandi do realizador. Mas não. Infelizmente, não. Tal como em algumas das suas obras anteriores, a história acaba por se perder completamente em tanta explosão megalomaníaca, deixando as personagens entregues à bicharada e o espectador num estado de alma cada vez mais desencantado. Curiosamente, é a partir do momento em que o dirigível do Duque de Buckingham entra em acção que “The Three Musketeers” começa a desfazer-se em bocados. Como se o próprio bom senso da narrativa tirasse os pés do chão e voasse para bem longe na companhia do dirigível, a partir desse momento é sempre a cair no que à qualidade da película diz respeito, começando os actores a entrar em piloto automático e as suas personagens a perder o carisma previamente conquistado. Só para dar alguns exemplos, Logan Lerman que tão bem tinha iniciado a sua aventura transforma-se num D’Artagnan demasiado infantil e aborrecido, Christoph Waltz nunca chega a deslumbrar verdadeiramente, James Corden e o seu Planchet (que só parece existir para cumprir a função de comic relief) perdem a piada toda de forma escandalosa, e Gabriella Wilde (que interpreta Constance, a namoradinha de D’Artagnan) não revela um pingo de talento para a representação, afirmando-se como um claríssimo erro de casting.
A certa altura, parece que deixámos de ver “The Three Musketeers” e entrámos na sala de “Pirates of the Caribbean”. Os confrontos entre dirigíveis mais fazem lembrar as batalhas entre navios dos piratas mais famosos de Hollywood, encaixando-se de forma muito pobre e claramente forçada neste mundo clássico e pouco dado a modernices dos nobres mosqueteiros. Tal aposta neste tipo de aventura com toques de futurismo saiu completamente furada, portanto, pois é precisamente isso que acaba por destruir qualquer hipótese de sucesso de uma obra que até demonstra algum valor. Para além de tudo isto, a narrativa não apresenta uma estrutura de princípio, meio e fim bem definida, terminando a aventura quando julgamos que ela ainda vai a meio. Como não podia deixar de ser, lá nos deparamos com um final em aberto para uma inevitável sequela, mesmo que tal final não esteja propriamente de acordo com os princípios da credibilidade… Enfim, por entre tanto tiro ao lado salvam-se cenários absolutamente deslumbrantes, um guarda-roupa repleto de cor e de detalhes deliciosos, e uma banda-sonora que puxa pelo lado heróico das personagens de uma forma bastante aprazível. Como consequência disto, não me admiraria nada que este “The Three Musketeers” conquistasse nomeações para os Óscares de Direcção Artística e Guarda-Roupa. Só é, de facto, uma pena que outros aspectos da película não estejam igualmente à altura da ocasião. Ainda não foi desta que Paul W.S. Anderson me convenceu. Mas vá lá, pelo menos desta vez já esteve mais próximo de o fazer.
Classificação – 2,5 Estrelas Em 5
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