Com Beatriz Batarda, Miguel Nunes, Israel Pimenta
A Secção Horizontes do Festival Internacional de Veneza 2011 acolheu a estreia mundial de “Cisne”, um drama da autoria de Teresa Villaverde, uma cineasta que já marcou presença neste icónico certame com “Três Irmãos” em 1994 e com “Água e Sal” em 2001. Este seu novo trabalho não tem o valor ou a intensidade do seu melhor filme até à data, “Os Mutantes” (1998), mas é, mesmo assim, uma obra decente que infelizmente acabou por ficar àquem das expectativas criadas por todos aqueles que esperavam encontrar em “Cisne” um clássico instantâneo. A sua história centra-se em Vera (Beatriz Batarda), uma cantora que volta a Lisboa para encerrar uma série de concertos. O seu namorado, Sam (Israel Pimenta), é o seu maior confidente mas a sua única companhia nas noites de insónia e nas horas que antecedem os concertos é o seu motorista, Pablo (Miguel Nunes), um homem solitário que ela própria escolheu através de um questionário. A sua vida sofre subitamente um profundo abalo emocional quando decide ajudar Alce (Sérgio Fernandes), um menino sem sorte que matou acidentalmente uma pessoa e que Vera quer proteger a todo o custo.
Os filmes de Teresa Villaverde não costumam ser fáceis de entender ou de assimilar e este “Cisne” também não o é mas, entre análises filosóficas e metafóricas, acaba por nos oferecer uma ou outra cena onde a sua essência feminina e maternal é nos transmitida de forma clara e concisa mas, mesmo assim, não deixa de ser uma obra extremamente subjectiva que certamente não levará as massas às salas de cinema. O enredo de “Cisne” é difícil de avaliar e de caracterizar mas o trabalho técnico de Villaverde não o é, já que é notório o seu talento atrás da câmara e a sua atenção aos pormenores físicos e emocionais. Villaverde também soube escolher uma interessantíssima colectânea de sonoridades de vários artistas internacionais como Chico Buarque, John Cage ou Caetano Veloso para abrilhantar a cativante banda sonora que se mescla muitíssimo bem com a história melodramática que é eficazmente assumida por um elenco de luxo que é dominado por Beatriz Batarda, uma actriz notável que dá vida a Vera, uma mulher forte e misteriosa que confronta os seus maiores receios e encarna a sua natureza materna para salvar uma criança de um futuro sombrio e mortal. Os seus colegas masculinos, Miguel Nunes e Israel Pimenta, também estão muito bem mas ficam claramente na sua sombra. “Cisne” é um filme difícil mas fiel ao estilo de Teresa Villaverde, uma valorosa cineasta que não cede às dificuldades e aos clichés comerciais mas cuja carreira ainda só conta com um verdadeiro clássico.
Classificação – 3,5 Estrelas Em 5
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