domingo, 8 de maio de 2011

Crítica - Unknown (2011)

Realizado por Jaume Collet-Serra
Com Liam Neeson, Diane Kruger, January Jones, Bruno Ganz, Aidan Quinn, Frank Langella

Jaume Collet-Serra é o mesmo realizador de “Orphan”, o filme de 2009 que facilmente se afirmou como um dos thrillers mais eficazes e interessantes dos últimos anos. Dois anos mais tarde, o jovem realizador catalão muda ligeiramente de registo para, conjuntamente com o carismático Liam Neeson, nos levar até ao centro de uma conspiração internacional que não olha a meios para atingir os seus fins. Detentor de um argumento competente, personagens minimamente verosímeis e sequências de acção de deixar os olhos em bico, “Unknown” é tudo aquilo que podíamos esperar: uma aventura cheia de adrenalina, suportada por uma trama bem desenvolvida e que tem como primordial objectivo entreter o espectador.


Quando chega a Berlim acompanhado pela sua mulher Elizabeth Harris (bela, mas pouco convincente January Jones), Martin Harris (Liam Neeson) pensa que vai poder dar a sua palestra de biotecnologia tranquilo e sossegado. Mal chega ao hotel onde deveria ficar hospedado, porém, um inesperado revés atormenta-lhe o dia: a mala que contém todos os seus documentos pessoais ficou inconscientemente para trás, perdida algures no aeroporto. De imediato, Martin entra num táxi conduzido por Gina (Diane Kruger) e dá indicações para regressar ao aeroporto. Mas esse destino jamais seria alcançado, porque Gina se despista e Martin entra em coma. Quatro dias volvidos, Martin acorda na cama de um hospital e apercebe-se de que a sua memória sofreu um golpe profundo. Poucas são as coisas de que se lembra e quando finalmente regressa ao hotel para reencontrar a esposa, depara-se com esta aflitiva situação: Elizabeth não parece já reconhecê-lo e, pior do que isso, outro homem parece ter tomado o seu lugar, afirmando ser o verdadeiro Martin Harris e acusando-o de ser um impostor. Naturalmente, Martin entra em conflito com as suas próprias convicções. Teria enlouquecido? Ou estariam a fazer-lhe a cama? E optando por esta segunda cadeia de pensamentos, ele recorre à ajuda de Gina e de um ex-agente da Stasi alemã (sempre hipnotizante Bruno Ganz) para descobrir o que raio se está a passar e recuperar a sua identidade perdida.
As semelhanças com “Taken” – esse formidável e electrizante filme de Pierre Morel – são mais que muitas, embora “Unknown” mantenha a sua própria identidade. Aqui, Liam Neeson volta a estar entregue a uma alucinante corrida contra o tempo, onde os mistérios se vão desvanecendo de forma competente e as diversas personagens vão ganhando consistência dramática com o decorrer dos acontecimentos. “Unknown” está alguns furos abaixo de “Taken”. Isso é inegável. Mas ainda assim, consegue bafejar-nos com algumas sequências de acção absolutamente fantásticas (com destaque para a cena da fuga ao volante de um automóvel, que deixa a tão aclamada cena homóloga de “Matrix Reloaded” a chuchar no dedo) e um twist final que, para variar, é credível e bem incorporado na narrativa.


Liam Neeson e Bruno Ganz são as estrelas que mais se destacam. O primeiro porque preserva o carisma e a segurança que lhe conhecemos, continuando a afirmar-se como um one-man show para todos os géneros cinematográficos. O segundo porque nos oferece a interpretação mais metódica e arrepiante de toda a película, continuando a provar que o talento demonstrado em “Der Untergang” não foi nenhum acidente de percurso. De todos os actores, January Jones é aquela que menos convence, parecendo, por vezes, meio perdida e não conseguindo injectar a força necessária à sua personagem.
Para terminar, resta dizer que o argumento de Oliver Butcher e Stephen Cornwell, por muito competente que seja, também não está isento de falhas, apresentando algumas arestas por limar e outros buracos por tapar. Algo que, no entanto, não transforma “Unknown” numa obra dispensável, talvez por culpa da realização segura de Collet-Serra e da compostura de um leque de actores acima da média. Pode dizer-se que dificilmente figurará das listas de clássicos incontornáveis da Sétima Arte, mas certamente cumprirá a sede de entretenimento do espectador mais tolerante.


Classificação – 3 Estrelas Em 5

0 comentários :

Postar um comentário